Depois do refeitório, me jogo em cima da cama, porque sinceramente não aguentava mais estar aqui. E hoje é só o 2° dia. Será possível eu viver tão entediada assim nesse colégio? Por que nada de legal acontece?
Cristal invade o quarto, batendo a porta na parede, e arregala os olhos sorrindo.
— Ai, Cristal, quê que foi? -— Digo, me sentando na cama. Ela dá pulinhos de alegria, e eu dou risada.
— As oficinas já foram abertas, você vai entrar em alguma?
Oficinas eram grupos de atividades que a escola oferecia aos alunos, todo ano eu participava. Às vezes eu era líder de torcida, mas isso era quando eu tinha anorexia e bulimia, depois eu parti pra o grupo de exatas, e agora no terceiro ano, eu não faço a mínima ideia do que fazer.
— Ah — Aliviei os ombros - eu não sei se quero entrar... — Admiti.
— VOCÊ NÃO SABE? — Ela grita, espantada — A gente esperou os três anos da nossa vida pra que esse ano a gente pudesse entrar e sermos as maiorais.
— Cris, para de sonhar com isso, beleza? Eu vou pensar em alguma coisa.
— Que mané pensar o que, Rine! Eu já pensei em uma oficina pra gente entrar!! — Eu ergo uma sobrancelha e ela volta a falar — A oficina do Thomaz Maison.
Eu reviro os olhos.
— Cê tá de brincadeira né? Só pode! Eu nunca na minha vida, vou entrar na mesma oficina que o do Thomaz, muito menos quando ele é fundador.
— Ah, é, esqueci que você o odeia... Mas eu queria tanto — Ela implora de mãos juntas.
— Vai então, ué - balanço os ombros, como se não ligasse. — Faz o que quiser.
— Não, né Rine! É que essa é a única oficina que oferece 10 pontos! 10! Eu nem acredito nisso. Se a gente entrar, Rine, a gente já tem média 10!
Cristal era super detalhista com nota, mas ela entrara nas mesmas oficinas que eu. Ela era bolsista, e sempre que podia ganhar uma nota aqui ou ali, ela ia em frente.
— Eu posso pensar pelo menos? — Eu questiono, e ela me abraça feliz.
— PODE! CLARO QUE PODE!
As oficinas eram organizadas na área onde ficava a piscina, e a diretora Benson nos dava uma lista para se inscrever.
Lá estava Thomaz segurando seu cartaz, aqueles olhos azuis semicerrados, e sobrancelha erguida como se fosse obvio que muitos o escolheriam.
Mas só haviam 7 vagas (e uma era do Thomaz). Para milhares de pessoas no colégio.
Cristal põe nosso nome, e eu vejo a troca de olhares entre ela e o Jake Boris, o ex jogador de futebol da escola.
— Ei pessoal! — Thomaz chama, como se quisesse nos avisar algo, e todos olham — Vamos ter um pequeno teste para vocês, já que só temos 6 vagas abertas, e 15 pessoas do terceiro ano se inscreveram.
Eu reviro os olhos, mas infelizmente ele não percebe.
— Vai ser no meu dormitório e do Kayo. A gente diz o que vocês vão fazer, às 20hrs. Ah, e, vão o mais sexy que puderem — Ele morde o canto da boca. — É essencial!
Eu me viro pra Cristal, e franzo a testa.
— Você vai fazer eu passar por essa vergonha alheia? Sério?
— Você é linda, e tem um corpo maravilhoso, deixa de besteira! A gente vai passar, você vai ver.
Ela sorriu, mas eu já estava cansada de sorrir também.
Vejo Thomaz vindo em minha direção, e olhando pra mim, eu desvio o olhar, e ele abraça a Sophie Janete, pulando na piscina. Que pouca vergonha!