O despertar de Seth

Capítulo 3 - Nerfertari

Não acredito que todas as garotas que moram aqui e que adorariam ser escravas desses deuses, logo eu fui escolhida, porque ser sacerdotisa, nada mais é do que ser escrava por 5 anos, fazendo tudo o que eles querem, e eu não nasci pra isso, não vai dar certo.

Depois de ser escolhida involuntariamente hoje, ainda recebi a visita pessoal do deus Rá, isso mesmo o deus da criação veio pessoalmente me pegar para começar os ensinamentos para o sacerdócio, confesso que ele não é tão desagradável como achei que ele fosse.

Não gosto dos deuses, não querendo ser ingrata, só acho particularmente que eles não fazem nada por nós, só nos criaram e deixam que nós nos destrua mos dia após dia, enquanto ficam se divertindo, ultimamente estamos passando por um período longo de seca, culpa de Seth, o deus mais inútil de todos, que baseia a sua existência em ter inveja do irmão, o deus Osíris. Deveria nos trazer prosperidade, e não caos com a desunião e as brigas pelo lugar do outro.

Pra piorar, Rá me disse hoje que o deus escolhido para mim é justamente Seth, o que mais desprezo, serão 5 anos difíceis.

Rá me deixou na entrada de Duat, um lugar deserto, com um castelo enorme, não sei pra que tanto, nem conhecia todos os cômodos aposto. Passei pelo grande portão, fui recebida por uma mulher, loira,

alta e me parecia ter mais que 30 anos, me mandou que a seguisse, que me mostraria meus aposentos, e logo mais a noite seria apresentada ao meu senhor.

O quarto era gigante, tudo da melhor qualidade, todo branco e dourado, um exagero sem tamanho, quer dizer tamanho era o que não faltava, quase do tamanho da minha casa. Cortinas enormes com estampas floral e azul, minha cama cercada de 4 pilastras lindas de mármore bege, decoração em azul, branco e muito dourado, ia esquecendo de um enorme lustre de cristal, banheiro, sofás, mesas de centro e tudo mais que coubesse, não posso negar era tudo muito bonito, tanto que me perguntei se tudo aquilo era mesmo pra mim. Será que todas as escolhidas eram tratadas assim? Joguei minha mochila no chão e resolvi sair do quarto para conhecer um pouco, já que Seth não estava no local.

O local era enorme a medida que eu andava, mas deslumbrada eu ficava, mas o que me fez parar foi uma grande biblioteca, era enorme, tinha uma meia luz, estantes verticais enormes e uma escada móvel, era perfeita, tinha achado meu local ali, olhei para o grande corredor e não tinha ninguém, então encostei a porta e entrei de vez, passei pelas estantes e fiquei deslumbrada com todos aqueles livros.

— Que incrível isso, vou ler todos. Quem será o dono de tamanho tesouro?

Eu me perguntava falando alto, era um local onde gostaria de ficar, me deslumbrei por ter tanta cultura em uma só saja.

Subi na escada vertical para ver mais títulos que estavam lá em cima, na última prateleira vi um pergaminha que me atiçou a curiosidade, era um pergaminho sobre alquimia, eu subi mais um pouco e o peguei, era tão emocionante ter contato com esse tipo de papiro, nós nunca pudemos ver, nem ler eles, eram apenas para os nobres, estava me preparando para descer quando ouvi uma voz.

—O que faz aí? perguntou.

Tamanho foi meu susto que me desequilibrei e caí da escada, mas fui amparada por um homem bem grande e alto. Ele me pegou facilmente, tinha seus 2 metros e meio acho, só podia ser um deus, antes de falar qualquer coisa, ele me repreendeu de uma forma muito rude.

— Porque está em meus aposentos e mexendo em minha biblioteca? Não permito que seres inferiores entrem aqui. - disse.

— Primeiro me coloque no chão, e depois se apresente como um ser educado deve fazer. - rebati.

— Você é uma plebeia muito insolente. - disse mas não me colocou no chão.

— E você deve ser um deus sem educaçao. - disse. Nesse momento fomos interrompidos pela mulher loira de antes.

— Meu senhor, me desculpe o descuido, essa mocinha é sua nova sacerdotisa, eu a deixei só por uns minutos e ela fugiu. - falou.

— Eu não fugi, até porque não fui presa, só saí para explorar o local. - disse.

— Se o senhor não se importar de colocar ela no chão eu a levarei de volta e darei o devido castigo que ela merece. - disse.

Ele olhou para mim mais uma vez, e dessa vez eu fiquei vermelha, ele era Seth e eu já tinha começado com o pé esquerdo.

— Certifique de que ela não me perturbe mais, só quando eu a chamar. - disse me pondo no chão e virando as costas.

Seth era alto como todos os deuses, mas ele era diferente dos demais, Seth era de um tom de pele diferente, por ser filho de Rá tinha ouro correndo em suas veias, enquanto os demais corria prata.Moreno e usava tranças em seu cabelo, isso quando estava na forma humana.

A mulher me puxou para fora e fechou a porta atrás de nós, e foi ali que começou meu tormento. ela me levou para o quarto junto com um soldado e lá me deu três bofetadas, e disse que se voltasse a sair do quarto sem ter permissão apanharia mais. Eu fiquei com tanto ódio, mas já não estava na minha casa para retrucar, então me calei, fiquei 5 dias a pão e água pela minha desobediência.

Eu já não aguentava mais ficar ali, estava triste e sozinha, passava o dia deitada, nada para ler, nada para fazer, a porta se abriu abruptamente e Seth entrou. Parecia sério e imponente, como de costume.

— Você é minha sacerdotisa não e? - perguntou.

— Foi o que me disseram. - respondi.

— Eu só não entendo porque mesmo rejeitando a sua vinda você veio. - disse parado em minha frente.

— Eu também não sei porque fui escolhida, eu odeio esse lugar, eu odeio os deuses…- disse e me arrependi imediatamente. — Me desculpe, não queria lhe faltar com o devido respeito.

— Uma sacerdotisa que nos odeia? Isso eu nunca tinha visto. Você me parece bem abatida, prepare se, você jantará comigo, gostaria de saber mais sobre o seu papel aqui, porque tenho certeza que tem um, e me contara hoje a noite, e também me servirá. - disse e saiu.

Ele não me deu tempo de aceitar ou não, levantei da cama com dificuldade e fui tomar um banho, os banhos eram sempre muito bons, uma enorme banheira, eu preferia tomar banho sozinha, esse lance de ser banhada nao era pra mim, estão tomava banho e me vestia sozinha, era uma serva aqui, então porque ter outras servas?

Vesti um vestido que eu mesma tinha trazido, os outros eram muito exagerados, porém lindos, mas não eram pra mim. Pontualmente às 9 da noite a loira veio me buscar para o jantar, ela riu da minha escolha de roupa, mas não me mandou trocar, tenho certeza que ela gostou de me ver assim, porque todos riram.

Ela me levou até uma porta enorme, abriu e me empurrou para dentro me fazendo perder o equilíbrio e quase cair, mas mais uma vez fui segurada por ele.

— A sua raça tem problemas com equilíbrio? Porque nunca vi uma mulher que caísse tanto como você. - disse me pondo de pé.

— Isso é culpa sua e de seus servos. Aquela insuportável me deixou 5 dias sem comida só por causa da biblioteca, e ainda me empurrou na porta, então cai aqui. -disse e mais uma vez me arrependi.

— Você não mede as palavras, não é? - perguntou.

— Eu peço desculpas, mas desde que cheguei aqui sou maltratada, achei que deuses tinha um mínimo de respeito pelos humanos mas já vi que não, eu passo fome, apanhei e ainda riem de como me visto, eu só quero ir embora. - disse me sentando onde ele me mostrou.

— Você não é como as outras, tem algo diferente, tem ideias próprias. Coma, mandei fazer para celebrar sua chegada, mesmo não querendo você aqui. - disse e eu fiquei confusa, se ele não me queria lá porque eu tinha sido escolhido pra ele?

— Não consigo entender, se você não me queria por Ra veio me deixar aqui pessoalmente? - me fiz essa pergunta também.

— Meu pai veio aqui pessoalmente te deixar? - perguntou.

— Sim, ele foi até minha casa e me trouxe até aqui, eu não entendi, mas ele é Rá, não poderia discutir, só aceitei. - disse e continuei comendo.

Eu sei que estava feio, mas estava morrendo de fome, só parei de pegar o que alcançava quando levantei o olhar e vi Seth olhando para mim. Fiquei com muita vergonha e sei que fiquei vermelha, esse era um problema quando ficava nesse tipo de situação, eu ficava sempre vermelha, não sei a quem puxei, pois minha família não era tão claro como eu.

— Me desculpe, eu estava com muita fome, mas garanto que fui educada e posso ser uma boa sacerdotisa. - tentei me explicar.

— Porque diz isso, você não quer estar aqui, se não for uma boa sacerdotisa pode sair. - disse me encarando. Ele era o mais desleixado dos deuses, mas não deixava de ser o mais lindo deles também, eu sei era um péssimo pensamento, mas não era pensamento era verdade.

— Não, eu posso ser uma ótima sacerdotisa, tenho certeza que gostará de mim. - disse rapidamente. Eu não queria ser, mas sabia o que acontecia com quem não era aceita, eles matariam toda a minha família. Eu faria tudo por eles, eram amorosos e me fizeram quem eu sou.

— Você é uma criação muito curiosa, não quer me servir, não gosta de mim, mas mesmo assim quer ficar, porque? - perguntou e me encarou. Seu olhar esquentava todo o meu corpo, acho que isso era por ele ser um Deus, tinha domínio sobre o corpo humano. — Meu pai te mandou?

— Ate onde sei não, fui escolhida por aqueles idiotas amantes dos deuses. - falei e me arrependi mais uma vez. — Desculpe não quis dizer isso.

— Rsrsrs, sei que quis sim, eu sinto você, mas ainda nao sei porque está aqui. - disse.

— Ser a merda de uma escrava, não é isso que uma sacerdotisa é? Seria r**m pedir desculpas mais uma vez? - perguntei vendo o que tinha falado.

— Tudo bem, vá aos seus aposentos e se vista para mim, como sacerdotisa passara a noite comigo, e sabe que não poderá se recusar, ou será devolvida.

Ele levantou e simplesmente entrou em uma porta de seus aposentos, eu não conseguia me mover, o que ele ia querer? Será que iria perder minha virgindade assim? Todos esses anos tentando e agora ele tomaria pra ele, e se recusasse, desconta em minha família? Pela primeira vez em toda a minha existência eu pedi, talvez sem prestar a devida atenção, mas pedi " me ajuda deusa Ísis, eu não sei o que fazer, será que devo ir pra cama com ele? Mesmo não o amando, só preciso de uma manifestação para sim. Só preciso de um sinal". Não sei se ela ouviria, até porquê nunca tinha pedido nada a ele, mas estava assustada com essa situação.