📓 Narrado por Lara
O sorriso dele morreu no canto da boca, como se minhas palavras tivessem batido num ponto que ele não deixava ninguém tocar.
Por um segundo, o olhar de Beto ficou mais velho. Mais pesado.
Ele respirou fundo, coçou a nuca e respondeu sem desviar os olhos:
— Eu falo com respeito porque ele é tudo que eu tenho.
A voz saiu baixa, mas firme, do tipo que não precisa de volume pra pesar.
— O Lobo? — perguntei, surpresa. — Tudo que tem?
Ele riu de leve, mas sem graça. — É. O resto, o morro já levou.
Aquela frase bateu diferente. Não tinha drama, não tinha pena, só verdade.
E do nada, aquele garoto debochado com sorriso fácil começou a parecer menos “moleque de recado” e mais alguém que já tinha visto o inferno de perto.
— Eu era só um pivete sem teto, sem ninguém, — el
