NARAÇÃO DO LOBO
Saí do serpentário com o sangue fervendo.
O som das botas batendo no chão ecoava pelo beco como tambor de guerra.
A chuva fina começava a cair, mas o calor dentro de mim era outro antigo, do tipo que só vem quando o passado volta pra cobrar.
Dina me viu saindo veio atrás, o cigarro ainda aceso entre os dedos.
— Que p***a foi essa, chefe? — perguntou, andando rápido pra me alcançar. — Cê tá branco. Quem te ligou?
— Ninguém. — respondi curto, mas o tom me entregou.
Ela parou no meio da escada, cruzou os braços. — Mentira. — disse firme. — Foi ele, não foi?
Virei o rosto, o olhar pesado. — Quem, p***a?
— O Cascavel. — ela devolveu, sem tremer. — Eu vi tua cara. Só tem um nome que deixa o senhor desse jeito.
Parei. O fuzil ainda pendurado no ombro, a corrente fria b
