capítulo 112

1466 Words

📓 Narrado por Roberto Monteiro Albuquerque O carro seguia subindo, o motor reclamando da ladeira, e o cheiro do morro começava a entrar pelas frestas mistura de fritura, suor, maconha e vida. Lá fora, o mundo que muita gente finge não ver. — Estranho — murmurei, baixo, olhando pela janela. — Tô subindo um morro não pra prender, mas pra negociar com o traficante mais procurado do estado. Dina soltou uma risada seca, sem humor. — Estranho é ver polícia só aparecer quando tem sangue, delegado. Fiquei quieto um instante. As casas passavam devagar, varal colorido, criança correndo descalça. Um moleque chutava bola com o pé sujo de poeira. Duas mulheres conversavam na porta, rindo alto. Aquilo ali era a parte que ninguém mostrava no jornal. — Vocês olham pra cá e só veem droga e fuzil

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