Narrado por Roberto Monteiro Albuquerque Meu nome é Roberto Monteiro Albuquerque. Pra alguns eu sou só o delegado. Pra outros, sou desgraça. Mas, acima de qualquer farda e arma, eu sou pai. Pai de uma menina que nunca pediu pra nascer, mas que eu prometi proteger com o que me restou de coragem. Tenho 46 anos. Ombros largos, costas arqueadas pelo peso de anos de plantão, e olhos marcados de tanto encarar cena de crime. A barba já veio cheia de fios brancos, o cabelo insiste em mostrar as falhas, e a farda parece pesar mais a cada vez que eu visto. Mas eu nunca baixei a cabeça. Nem pra criminoso, nem pra político, nem pra chefe que tenta mandar em mim dentro da corporação. Minha história não tem glamour. Nasci no subúrbio, filho de pedreiro e costureira. Aprendi cedo que a vida não dava

