📓 Narrado por Lobo Desci o corredor devagar, o som das botas ecoando no concreto. A cada passo, os gritos dela vinham mais altos. Rasgados. Vivos. O tipo de som que atravessa parede, fere o ouvido… e mexe com o que há de mais bruto dentro da gente. “Me solta, p***a! Eu não tenho medo de vocês!” O grito atravessou seco. A garota tinha pulmão. E coragem demais pro próprio bem. Sorri torto, o cigarro pendurado no canto da boca. — É… valente mesmo. — murmurei pra mim. — Vamos ver até onde vai. O último portão rangeu quando empurrei. O som fez o ar inteiro mudar aquele tipo de silêncio tenso que até o vento respeita. A luz amarelada tremia, e o cheiro de mofo misturado com medo encheu o peito. O eco da corrente batendo no meu peito foi o único som quando abri a porta. Devagar.

