📓 Narrado por Lobo
A boca do morro tava viva, mesmo com a chuva fina lavando o chão.
O cheiro de churrasco velho e pólvora ainda rondava o ar, misturado com o riso de quem não sabia que o mundo podia acabar naquela mesma noite.
Desci devagar, tragando o cigarro, o pensamento longe entre o beijo da peste e o nome do delegado ecoando na cabeça.
Mas o som da voz do Beto me puxou de volta.
— Fui lá levar comida pra sua princesa, chefe. — ele disse, rindo, encostado na parede. — Tá vivinha, viu? Nem tentou me morder.
Parei de frente pra ele.
O moleque tinha aquele jeito leve de quem nasceu pra rir do perigo.
Sorri de canto, sem raiva, só cansado.
— Princesa, é? — falei, baixo, meio rindo. — Engraçadinho você, né, Beto?
Beto deu um sorrisinho travesso, aquele tipo de quem não mede o pe
