Narrado por Lobo A foto ficou colada na minha mão um tempo, papel safado grudando na pele quente. Cara de novinha querendo ser dona de mundo. Olhar de quem não baixa a vista pra ninguém. Guardei atrás do relógio na cômoda informação boa eu deixo perto da veia, não em gaveta. — Já que me acordou, arrombado… soltei baixo, só na lâmina — …bora cuidar dos meus filhos. Beto piscou, sem entender. — Filho, Lobo? — Os que não traem, p***a. Desci o corredor, empurrei a porta do serpentário no ombro. O ferro gemeu, aquele ar úmido e pesado bateu na cara: cheiro de terra, desinfetante barato, pele de bicho. A luz vermelha acendeu e fez sombra nas vidraça. As cobras começaram a se mexer como se tivesse hora marcada. Pitanga foi a primeira a dar as cara. Listrada de ferrugem, língua fina corta

