Narrado por Camila
Mas tudo mudou no dia em que ela começou a falar.
As primeiras palavrinhas da Lara. Entre tropeços e sílabas emboladas, saiu aquele “mamãe”… e pela primeira vez eu senti um nó na garganta. Eu, que sempre fugi de laço, que nunca me vi como mãe, de repente me peguei derretendo. Era como se cada vez que ela me chamava, uma rachadura se abrisse no muro que eu tinha erguido dentro de mim.
Eu poderia ter seguido esse caminho, poderia ter me agarrado nesse sentimento novo. Mas o destino sempre encontra um jeito de cuspir ferro na boca de quem tenta morder esperança.
Anos passou e me Lembro da noite exata. Televisão ligada, eu distraída no sofá, enquanto a Lara brincava no tapete. E a manchete estourou: “Polícia invade casa no Morro da Serpente. Suspeitos reagem e são mortos
