Soltei uma risada curta. Não era alta nem debochada. Só aquele tipo de riso que escapa sozinho, no meio de uma conversa séria, sem pedir licença. Kay afastou o rosto apenas o suficiente para me encarar, a sobrancelha arqueada e a ponta do dedo ainda desenhando círculos na lateral da minha barriga. — Que foi? — perguntou, a voz baixa, mas firme. — Nada. — Balancei a cabeça devagar, tentando disfarçar. Ele não recuou. Endireitou um pouco o corpo, ainda colado em mim. — Fala. — Suspirei, passando a mão no rosto antes de encarar os olhos escuros dele. — É que... isso aqui não faz o menor sentido. — Como assim? — O cenho dele se fechou, curioso. — Eu. Você. Isso. — A mão indicou o espaço entre nós, como se pudesse resumir tudo num gesto. — Por que não faz? — Porque eu sou mais velha, K

