O despertador tocou às seis e meia, como sempre. Mas eu já estava acordada antes, deitada de lado, observando o sol entrando fraco pelas frestas da janela, com a mão na barriga, tentando entender se o que eu tinha ouvido na noite anterior tinha sido sonho ou realidade. Aurora se mexia devagar, como se também estivesse tentando acordar junto comigo, ainda em silêncio, ainda sem pressa. Me levantei sem fazer barulho. Kauan continuava dormindo do outro lado da cama, virado de costas, os ombros largos subindo e descendo no ritmo pesado da respiração. A calma dele contrastava com a minha inquietude. Vesti a blusa da ONG, uma calça de tecido leve, prendi o cabelo num coque frouxo e passei apenas um protetor solar no rosto. Coloquei a mochila no ombro e saí devagar, como quem não queria perturba

