Capítulo 9

971 Words
Juliano Quando ouço a explicação da Talita, sinto um ódio percorrer meu sangue. É sim insatisfatório saber que existem homens assim e ninguém se sente confortável. Mas, o que eu senti estava muito além disso. O que está acontecendo comigo? Eu não tenho vínculo afetivo algum com aquela garota e ela está causando um turbilhão dentro de mim. Tanto físico quando emocional. Não pode ser. Eu sempre saí com todos os tipos de mulheres, até a delegada do 28 DP, que é maravilhosa e eu nunca tinha sentido isso antes. Muito pelo contrário, me desdobrava para me livrar delas depois. Tive uma única experiência com uma aluna que foi traumática. Saí com essa aluna e ela se apaixonou. Depois que fomos para a cama algumas vezes, fui sincero (como sempre fiz) e disse que não passaria disso. Para não criar esperanças. Essa maluca me ameaçou se jogar da 10 andar do motel. Gritou, chorou, se bateu. Comecei a entrar em desespero e cedi em um primeiro momento. Falei o que ela queria ouvir. Vendo a situação tive que conversar com sua psicóloga e seus pais. Ela tinha borderline e não sabia, por conta disso suas emoções ficavam afloradas muito rápido. Com o passar do tempo nós viramos amigos e ela entendeu tudo. Hoje está namorando e feliz. Às vezes me manda mensagens cordialmente, mas não passa disso. Isso foi o suficiente para me traumatizar. Imagina essa garota inventa que eu usei de força para obter algo com ela? Mesmo sabendo que tudo foi consentido. Foi loucura, mas foi consentido. Ficávamos 4/5 horas em cima da cama, sem cansar. Mas, para mim, era só isso. Essa Talita deve ser um caso desses. Eu não vou sossegar enquanto não conseguir o que eu quero com ela. Vou fazer ela gritar meu nome até cansar. Mas, preciso deixar muito claro que é só isso. Ela não é como as outras garotas, ela não demonstra tanto interesse por mim, ela me encara sem medo e fala com convicção. Não estou acostumado com isso. Deve ser tipo, vou quebrar essa marra rapidinho. Só de pensar nessa mulher eu já perco o controle do meu corpo. Me sinto um adolescente. Passo meu número para ela, foi dada a largada. Claro que passei por questões de segurança, mas se ela quiser usar para outra coisa, também estarei disponível. Chego em casa depois desse dia intenso, tomo um banho e deito na cama de cueca. Começo a mexer no meu celular, até que aparece em sugestões de amizade a foto dessa bandida. Entro mais que depressa no perfil dela e vejo suas fotos. Uau- Digo. Ela tem 5 mil seguidores e um perfil todo organizado. Vejo que viaja sempre com amigos e tem alguns vídeos treinando. Os comentários são absurdos, se essa mulher fosse minha ia excluir essa merda de **. Que p***a é essa? “Gostosa” “A mais linda e gostosa da Universidade” Pera aí, o que é isso? – Penso alto. Vejo um comentário de coração daquele paspalho i*****l que dá aula de tributário. Ah não. Eu até posso perder, mas pra um tributarista NUNCA. Preciso espairecer, tomo uma dose de whisky e recebo a ligação do Caio. Um grande amigo da época de faculdade. Ele é Juiz Federal. Muito inteligente, mas é da Farra. Quando ele me liga já sei que vem loucura pela frente. “Fala meretíssimo- digo em tom de zueira” “E ai meu criminalista favorito, soltou muito bandido hoje?- ele diz gargalhando.” “Sempre- respondo sorridente- o que devo a honra de sua ligação?” “Já sabe, né? Se estou te ligando é para fazermos o que mais gostamos, curtir. Hoje vai rolar a inauguração de um Pub, minha estagiária que comentou. Você acredita que o dono é o Carlos?” Fico chocado, pois o Carlos fez faculdade conosco, mas foi morar na Irlanda, eu nem sabia que ele tinha retornado. “Não imaginava, confesso. Pensei que ele ainda estava fora”- digo “Pior que não, liguei para ele e ele disse que retornou a pouco e perdeu nosso contato. Disse que mandou mensagem no f******k, fui conferir e ele mandou mesmo. O cara parou em 2013, quem manda mensagem no f******k hoje em dia? Deve ter mensagem lá pra você mesmo. Na mensagem ele nos convida para a inauguração do seu Pub. Coisa chique e claro, somos vip. Bora?” “Ah, quer saber? Vamos. Não tenho nada para fazer hoje mesmo.” – Digo “Você vai de carro?”- pergunta “Claro, te busco daqui 30 minutos. Se o bafômetro me pegar, algum juiz alivia.” “hahaha, você não muda. Estou aguardando. Falou” diz “Falou” Começo a me arrumar. Coloco uma calça jeans escura, um Jordan cinza com preto e uma camiseta branca, um tanto quanto justa. -Acho que ganhei massa muscular mesmo- Falo sozinho. Passo meu melhor perfume, desodorante, escovo os dentes e passo um creme no rosto. Ser vaidoso não é ser viado. Passo na casa de Caio e o seguimos em direção ao Pub. Quando chego na porta do Pub fico chocado com as coincidências do destino. Vejo uma morena com o cabelo longo, vestidinho curto rosa e tênis abraçando um cara e penso “não pode ser ela”. Quando ela vira para entregar o RG, para entrar, vejo que é ela mesmo. Talita. O que essa menina está fazendo aqui? Ela acende um cigarro e pensamentos arrepiam minha pele. Ela consegue ser sensual até fumando um bolado de câncer. Eu fumo quando bebo, mas já cheguei a fumar 2/3 maços por dia. Consegui me livrar desse vício, na verdade consegui diminuir. Ela entra na balada e eu falo para o Caio: “Vamos logo que essa noite promete”.
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