CHEGANDO NA FACULDADE
Saio de casa e verifico se peguei todo meu material- que é um caderno e um estojinho, as coisas na faculdade são muito diferentes da escola- aceno para o ônibus, rumo ao metrô.
São 18h e eu chego ao campus. Peguei um costume terrível de fumar cigarro durante a faculdade, estou tentando parar, mas ansiedade ataca e eu preciso descontar em algo.
Compro um energético superfaturado e acendo um cigarro de menta- tão prejudicial quanto, porém me sinto menos fedida.
Em seguida recebo mensagem da minha amiga Maria, colega de classe dizendo:
- Tata, estou chegando me encontra em frente a barraca de milho- a respondo e me dirijo ao milho.
A abraço e encontramos o resto do pessoal. O Rodrigo, Paulo, Isabela e Mauricio. Claro que temos mais colegas, mas esses são os mais próximos.
Todo semestre ocorre a junção das salas, por conta das pessoas que já desistiram e vagaram um lugar. Faculdade de Direito começa com 10 mil alunos e termina com 200. Triste, porém real.
Chego na sala de aula e sento-me em uma carteira relativamente perto da lousa. Conferimos a grade e vemos que teremos aula de Processo Penal e Direito Penal Aplicado, neste semestre. Tudo o que eu mais queria.
Meu sonho conseguir um estágio nessa área.
Estou distraída quando me deparo um DEUS GREGO entrando pela porta, ele passa os olhos pela sala, ignorando-nos completamente. Que homem é esse? Ele segura uma pasta e usa um terno impecável, o mesmo se agarra aos seus notáveis músculos. Ele deve ter uns 1.98 de altura, muito alto.
Viajo em meus pensamentos quando o vejo na minha frente com uma cara de espantado.
- Senhorita, será que pode responder minha pergunta?- eu o encaro e digo
- Mil perdões, eu estava perdida em meus pensamentos- meus amigos dão um leve sorrisinho de canto de boca.- poderia repetir a pergunta?
- A questionei sobre qual área gostaria de seguir após o término do curso. Assim como questionei os demais colegas, porém a senhorita não ouviu.
- Ah, sim! Eu pretendo seguir a área criminal- falo com ar de sorriso. Ele me responde - Então deveria prestar mais atenção, porque se continuar assim vai ser trabalhista, isso se passar na OAB. - fico boquiaberta com a resposta e sem reação.
Ele continua a perguntar aos demais colegas sem qualquer sinal de arrependimento pelo o que acabará de me falar.
_ QUE CARA ESCROTO- falo alto tomando um gole de cerveja, no barzinho em frente a faculdade com meus colegas.
- Você também procurou, né- responde Ricardo. Podendo pegar no meu pé, lá está Ricardo. Ele é o mais velho da turma. Deve ter uns 37 anos e se acha o paizão de todos- e de fato é.
- Não era pra tanto, né cara. Ele não precisava ser tão grosseiro e me educado.- respondo fazendo biquinho.
- Verdade, amiga.- Responde Mari, que acrescenta- Mas eu bem o vi olhando para cada palmo do seu corpo. Acho que essa cisma dele não é à toa.- refuta.
- TA QUERENDO E NÃO SABE PEDIR, TATA!!!- grita Paulo.
Dou risada e os vejo também rindo.
Tomo outro gole da minha cerveja e me despeço dos meus amigos, afinal, tenho uma entrevista de emprego amanhã 13h e não quero estar de ressaca.
Caminho até o metrô e sinto uma sensação estranha de estar sendo observada. Ignoro e continuo andando.
Chego em casa, tomo uma ducha e vou dormir. Mas aquelas palavras e aqueles olhos cor de mel não saem da minha cabeça.
Sento na cama e falo em voz alta
- NÃO TALITA, VOCÊ NÃO VAI SE APAIXONAR NESSA SITUAÇÃO-
Deito novamente e durmo, afinal amanhã começa tudo de novo…
“VOCÊ VAI SER MINHA E DE MAIS NINGUÉM, NEM QUE EU TENHA QUE TE AMARRAR PRA ISSO”
Barulho de trovões
Acordo assustada e vejo que são 3 da manhã e está chovendo muito. Tive um pesadelo. Um pesadelo com aquele homem. Vejo que estou suando muito e vermelha que nem um pimentão.
-Não é possível uma coisa dessas- penso alto.
Eu podia sentir o hálito de trident de menta com perfume importado. O mesmo que senti enquanto ele me falava aquelas coisas. - Eu devo estar ficando louca- puxo as cobertas e volto a dormir.