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805 Words
Eu sou um fardo para os meus pais, pelo menos é como me sinto, um fardo. Nasci no berço da máfia italiana e era pressuposto que eu fosse bom com armas, luta e morte. Bem, está errado. Em todos os aspectos. Desde pequeno, minha grande paixão sempre foi computadores e acabei dominando as redes muito rápido. Eu gostava de ser bom com computadores, mas me via preocupado com o meu futuro pois o que ele reservava era muito mais complicado que um simples computador. Eu fui iniciado tarde e era um fracasso enorme com armas, eu não sabia segurar muito bem e a minha mira era péssima. Mesmo tendo sempre o apoio dos meus pais para tudo e eles dizendo que me amavam, eu me sentia m*l pois sabia que tudo que eu fizesse, bom ou r**m, os afetaria de alguma forma. Não preciso nem dizer que virei motivo de piada para os outros iniciados, enquanto todos já sabiam atirar, eu ainda tremia ao segurar uma arma. Em uma dessas aulas, eu tremi tanto que acabei por deixar a arma cair no chão e o riso foi total pela parte dos meus colegas. – Você por acaso não comeu hoje? Porque não consegue segurar a arma? Ou será que está com medo? – O soldado responsável por nos treinar perguntou enquanto batia na minha cabeça a cada pergunta. Eu estava tremendo, estava com medo, mas não permitiria que ele soubesse. Como não sabia o que responder, preferi ficar em silêncio. – Está com medo não é? Você é fraco demais para isso, admita. – O soldado tira suas próprias conclusões e os outros garotos murmuram sem parar. Eu abaixo a minha cabeça e fico em silêncio, eu posso aguentar tudo isso. Vendo que não vou responder, o soldado me bate no pescoço fazendo com que eu caia de joelhos. – Quando eu falar com você, você me responde. Não me importo com quem você é, não passa de um fraco. – Ele fala isso ao pé do meu ouvido e as lágrimas ameaçam cair, mas eu seguro a todo custo. – É assim que age? Não sabia que era permitido bater nos iniciados. – Uma voz fala calmamente e eu levanto os meus olhos para ver quem é, assim que todos reconhecem o dono da voz, a multidão se abre imediatamente. Bernard caminha até o instrutor e para a sua frente. – Estou esperando você me responder. – Bom, ele não sabe segurar a arma e eu estava dando uma lição nele. – Essa é a sua desculpa? Bom, é uma desculpa de merda. Quem disse que pode bater nas pessoas só porque elas não sabem fazer determinada coisa? – Senhor, ele nasceu na máfia, precisa aprender a fazer essas coisas. Estou mostrando para ele como o mundo é, ele deveria me agradecer. – Só porque ele não sabe atirar não quer dizer que não seja bom com outra coisa, e baixe o seu tom para mim. Não devemos medir as pessoas pelo que elas sabem fazer ou não, é errado. – Mas senhor… – Esta aula acabou, se eu pegar você fazendo isso com mais alguém, tenha certeza que o meu pai vai saber disso então por favor, poupe-me. Todo mundo, circulando. – O instrutor é mais alto que ele, mas ele impõe todo o respeito e não n**a ser filho do capo. O instrutor sai e todos começam a se dispersar, faço menção de sair dos meus joelhos e uma mão estendida aparece em meu campo de visão. – Você está bem? Tenho certeza que ele vai pensar duas vezes antes de fazer isso de novo. – Eu aceito a sua mão e logo estou de pé ao seu lado. – Você é daqui? Eu nunca te vi. – Eu não saio muito, a não ser que seja muito necessário. Porque me defendeu? – Estou muito curioso para saber. – Odeio injustiças e você estava sofrendo uma, eu não tinha como não intervir. Meu irmão me ensinou a ser justo, ele diz que devemos ser exemplos para os outros. – É um ótimo pensamento. – Bom, obrigada. Acho que já vou indo. – Digo me afastando. – Ei? – Eu já estou a alguma distância quando ele me chama então me viro. – Só porque não é bom agora em alguma coisa, não significa que tem de ser r**m para sempre. Treine todos os dias e verá o resultado vir, você não é obrigado a ser bom com armas, pode ser bom com outras coisas. Você não precisa saber atirar, mas isso leva você a sofrer esse tipo de tratamento de hoje. Suponho que não queira continuar sendo tratado assim.– É tudo que ele me diz antes de ir embora. Esse é o começo de uma grande amizade, imprevisível, mas grande.
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