Capítulo 2

2714 Words
Athena Demétrius —  Que babaca arrogante. Sai esbravejando e pisando duro através do corredor até o elevador. Graças a Deus, o caminho não foi muito grande então rapidamente as portas se fecharam assim que apertei o botão do painel para descer até o térreo. Estou sentindo tanta raiva daquele homem que fui obrigada a sair da sala, pois ele me irritou de uma forma tão grande que não chegou nem aos pés do que Martinez fez comigo hoje. —  Prepotente. Murmurei, ainda sentindo a raiva de Hugo atravessar pelo meu corpo. Soltei um suspiro e logo me acalmei assim que as portas do elevador se abriram e saí rumo ao nosso carro. Minha cabeça está cheia. Uma bagunça desde cedo. Tudo está acontecendo muito rápido e errado, as coisas estão saindo do controle, e talvez eu não consiga contornar tudo. Eu sabia das responsabilidades que iriam cair sobre mim, sabia que a partir do momento em que meu pai me nomeasse a diretora executiva da empresa, eu seria a principal acionista, ou seja, eu teria que lidar com todos os problemas e desafios que surgissem e o meu primeiro problema foi lidar com o filho da minha madrasta Julio Martinez. Ele era um típico babaca, playboy que não aceita quando perde. Ele pensava que por ser homem, teria mais vantagem para comandar a nossa corporação, mas acabou caindo muito feio, quando através de votações dos diretores eu fui escolhida para o cargo de Ceo da empresa AD Cosméticos e para meu azar, Martinez não larga do meu pé. Mas quando ele me agrediu hoje, aquilo foi o cúmulo, e se não fosse por aquele homem ter me defendido, não sei o que poderia ter acontecido comigo. Eu estava saindo da padaria, resolvi ir andando pois a casa da minha melhor amiga é próxima da padaria e coincidentemente próximo da Lennox também e acabei sendo surpreendida pelo Martinez completamente fora de si logo cedo. Que inferno. Por que essas coisas acontecem comigo? Fechei os olhos e lembrei de quando aquele homem tocou a minha bochecha dolorida, depois do tapa que levei. Sei que ele me defendeu porque ouviu a agressão, e sei também que aquele único gesto deixou minha mente balançada por ele, mas depois dessa reunião, que descobri que aquele homem era ninguém menos que o poderoso e implacável Hugo Lennox, acabei destruindo qualquer tipo de sentimento bom por ele. Até mesmo o de gratidão por ter me salvado de mais agressões físicas. Hugo Lennox era um homem lindo, com seus quase 2 metros de altura, corpo formado por músculos, pele bronzeada, repleto de tatuagens e uma beleza selvagem e quente como o inferno, o que muitos dizem é que seu grande problema é a personalidade,  ele é um perfeito i****a, frio, arrogante e muito grosseiro. Sei disso tudo porque vi em revistas, apesar de odiar fofocas sobre celebridades, seria muito difícil não querer saber um pouco sobre o Lennox mais poderoso do mundo. A verdade é que ele é uma bela espécime masculino, um enorme colírio para os olhos de qualquer pessoa. Um artigo de luxo que é para poucos, já que ele é visto sempre sozinho, e não consigo acreditar que ele seja gay, nada contra mas, ele é másculo demais para isso. Chega a ser um exagero de tanta testosterona. Suspirando entre meus pensamentos, vejo Helen correndo até o carro com seus braços cheios de objetos, nossas bolsas, documentos e até um notebook.  De onde ela tirou isso? —  Você perdeu o juízo, Athena. Encontro o olhar de Helen me fulminando através de seus óculos de grau, ela está brava, realmente brava.              — Por que diabos fez aquilo?  Ela jogou nossas coisas no banco do carro e continuou.               — Aquele homem é nossa salvação. Por Deus, Athena. Me joguei no banco, e relaxei o corpo, a verdade é que estou exausta,  ninguém sabe o que Martinez fez comigo nos últimos dias e isso está pesando diariamente no meu psicológico.       — Helen, por favor… Não me faça voltar e falar com ele. Ao menos…. Não agora. Implorei com os olhos, me sinto cansada e muito pressionada. Gostaria de conversar com meu pai sobre o que está acontecendo, mas ele não iria me ouvir, ele diz que preciso aprender a lidar sozinha com os problemas empresariais, mas ele nem sabe que meu único problema não é na empresa. Soltando o ar pesadamente,  Helen fecha os olhos castanhos e responde.          — Tudo bem, Athena. Mas não deixe seu pai saber o que você fez. Ele vai ficar furioso. Eu concordei e engoli em seco pois sei que meu pai iria causar uma grande comoção pelo m*l comportamento que tive, principalmente com um homem tão poderoso como Hugo Lennox.  Porra… Hugo Lennox.  Aquele homem que me defendeu de manhã é aquele mesmo homem frio e imponente que me tratou m*l naquela merda de reunião.  Não posso acreditar. Como não consegui lembrar daquele rosto tão lindo quando o vi pela primeira vez?  A verdade tem que ser dita, Hugo Lennox é muito mais lindo pessoalmente. Acredito que todas as pessoas tenham um fardo para carregar, o meu é suportar tudo calada. Estou na casa do meu pai e da Raquel a menos de 1 hora, e meu pai perguntou quando seria a grande reunião com a Lennox e eu não sou a pessoa certa para mentir, não mesmo.   —  Então, a reunião foi hoje. Falei convicta, com meu tom de voz de costume e meu pai olhou para mim, com seus olhos brilhantes e perguntou. —  Como foi? Conte-me detalhes.  Eu dei de ombros sabendo que esse seria o momento em que ele surtaria mas respirando fundo, eu respondi.   —  Foi tudo normal. O Sr. Lennox é um homem perspicaz e muito arrogante como você já sabe. Ele revirou os olhos e confirmou em um gesto e murmurou entediado.  —  Sim, mas quero detalhes da reunião, Athena. Ele de repente mudou a expressão, como se tivesse entendido tudo e me olha de um jeito acusador, me fazendo sentir um frio na espinha, já sabendo que ele iria me repreender em seguida. Meu pai é muito previsível.  —  Você entregou os termos assinados, não foi minha filha? Você não o insultou ou encheu o saco dele com toda essa conversa de “ A empresa está na minha geração a muito tempo”, não é?  Ele fez um gesto em desespero quando eu abaixei a cabeça e ele murmurou.  —  Diz que não fez isso, por favor. Eu cruzei os dedos e direcionei minha atenção para minhas unhas, pois não tinha o que dizer, eu realmente fiz uma grande besteira, mas aquele homem me humilhou, depois de ter ganhado a minha confiança por ter me protegido daquela forma horas antes. —  Você realmente deve estar ficando louca.  —   Ele falou passando as mãos pelos cabelos de modo que deixasse evidente sua inquietação.   —  Nós estamos perdendo tudo, Athena, a empresa será vendida de um jeito ou de outro.  Naquele momento meu coração apertou e eu murmurei num fio de voz. —  A situação está tão r**m assim, pai? O que houve para chegar a esse ponto? Ele esbraveja e me olha com raiva nos olhos e diz. —  Você não entende nada desses lances empresariais, com certeza iria fazer muita merda. Então vou convocar uma reunião extraordinária para votação para um novo Ceo.  Nesse momento eu me levantei abruptamente e o encarei com sangue nos olhos e disse. —  Você não vai fazer isso, eu sou a diretora executiva, você não pode mais se envolver nesses problemas e muito menos entre meu relacionamento com os acionistas. Então não se atreva, já não basta eu ter tido um dia dos infernos e ainda chegar aqui e ouvir tudo isso. Me direcionei até a saída do escritório e antes de abrir a porta para ir embora, eu virei de costas para meu pai e disse.  —  Vocês fizeram a merda na empresa, e a entregaram com a bomba prestes a explodir, e não me deram outra alternativa se não resolver. Pode apostar, vou resolver essa merda, mas não é para acobertar ou ajudar alguém. Respirei fundo, na tentativa de manter a calma e continuei, dessa vez com um tom de voz mais baixo que o normal.  —  Não sei o que houve, mas pode apostar, vou descobrir.  Deixei meu pai para trás, em seus olhos um olhar enigmático, me deixando pensar que estava fazendo coisas erradas esse tempo todo na empresa, mas independente do que seja, eu vou resolver essa merda toda, eu vou pedir ajuda ao Hugo, eu vou acabar com tudo o que está tentando acabar comigo, ou eu não me chamo Athena Demétrius.   Logo que cheguei a saída do prédio onde meu pai mora, olhei para o céu em busca de uma luz, estava me sentindo sufocada com tantas coisas. Precisava de um tempo para pensar melhor no que eu iria fazer para resolver o meu impasse com Hugo. Inferno. Vou ter que falar com o Hugo. Comecei a sentir meu coração palpitar de um jeito que eu conhecia bem, minhas mãos começaram a tremer e na tentativa de retomar o controle, respirei fundo. Tenho fortes crises de ansiedade, depois que Júlio passou a me incomodar, e por não conseguir conversar com ninguém, passei a sofrer com essa doença, no entanto, tenho essas crises quando meu dia fica no auge do estresse, e hoje foi um deles. Mas após respirar fundo e ter retomado o controle, eu comecei a andar a passos lentos pela calçada, vendo o mar de pedestres andando pelas ruas de Nova York. Tudo tão movimentado e apressado, pessoas rindo e conversando, outras com fones de ouvido, cada uma em seu mundo particular, e me pergunto, será que todas passam por problemas diários sem sofrer as consequências no fim do dia? Pois eu não. Já passava das 19 horas quando decidi ir até um restaurante comer a minha primeira refeição decente do dia, era um restaurante requintado, elegante e muito bem requisitado mas é o meu preferido. Logo que cheguei, o maitre me direcionou até uma mesa de fundo, onde fica na varanda do local, o ambiente está iluminado no ponto certo, deixando a beleza da vista cercada por flores, arbustos e um gramado bem cuidado, tudo mais aflorado, e até sensual.  Tudo aqui me traz conforto, então gosto de vir sozinha para pensar nas coisas que normalmente me tiram a paz. O garçom de repente chega com o cardápio e me deixa sozinha novamente, mas sem perder tempo, já sei o que vou pedir, o meu prato predileto, risoto de frutos do mar já ansiosa para desfrutar da minha refeição. De repente, sinto uma inquietação me dominar, os pelos do meu pescoço se eriçam e então ouço uma voz profunda murmurar. —  Que prazer encontrá-la aqui, Senhorita Demétrius. Nesse instante, meu estômago revirou, e um bolo se formou na minha garganta e um nervosismo atravessou meu corpo. Mas que palhaçada é essa? Virei devagar para olhar a pessoa que fez meu corpo reagir dessa forma e o encontrei com um sorriso de lado extremamente sexy, que me atiçou de um jeito que ninguém nunca fez. Deus, por que isso acontece comigo? —  Senhor, Lennox. Boa noite. Olhei para ele como se ele não significasse nada e depois olhei para sua acompanhante que estava com um vestido preto e um belo batom vermelho.  —  Senhorita.  A comprimentei e ela esboçou um sorriso falso e agarrou o braço de Hugo como se fosse um pedaço de carne. Bom, eu não a culpo… Inferno. —  Vejo que estará acompanhada em breve. Não queremos atrapalhar, não é Melanie? Ele murmura sem tirar os olhos de mim, um sorrisinho de canto brinca em seus lábios, ele sabe que está tendo algum efeito sobre mim, o que rapidamente me deixa sem ar, e engolindo em seco eu murmuro. —  Certo, bom jantar para vocês. Falei de modo que tentasse desfocar do fato de que eu estaria aqui sozinha durante o jantar todo e acho que funcionou, pois ele acenou depois de deixar aparecer sua normal carranca e se dirigiu até uma mesa próxima a minha, o que me fez fechar os olhos nervosamente, arrependida por ter deixado ele pensar que mais alguém viria comigo. Pois serei taxada como mentirosa. Que ótimo. Um tempo depois, meu pedido chegou, a comida estava perfeita. O vinho para acompanhar então, nem se fala, mas o que me chamou a atenção foi o fato de ver a Melanie andando para a saída sozinha, parecia estar muito brava, afundando seus saltos pelo caminho. Algo dentro de mim, pareceu estar aliviado mas não entendi o que significava, talvez por que a garota me tratou com falsidade sem nem me conhecer. Dando de ombros, não me aprofundei no julgamento e decidi encerrar minha noite e quando resolvi erguer o dedo para chamar o garçom e pedir a conta, sinto um toque brusco abaixar meu dedo e se aproximando de mim, num sussurro falou. —  Finalmente sozinhos. Naquele instante, meu estômago pareceu revirar,  me fez ficar apavorada com a ideia de vomitar o meu jantar todo aqui. O que ele faz aqui? Minha mente se perguntava com o sinal de alerta ativado e respirando fundo eu baixei os olhos para minha mão e deixei ele se acomodar a minha frente. Nesse momento eu não precisava mais de acompanhante, no entanto, chegou um de péssima índole, que estava tirando minha paz a um tempo. — É falta de educação não comprimentar as pessoas. Julio murmurou enquanto se jogava na cadeira à minha frente, com um sorriso falso nos lábios.  —  Minha mãe me ensinou que não devemos falar com estranhos.  Rebati e ele olhou fundo em meus olhos e disse.  —  Não somos estranhos, querida. Você bem sabe. Revirei os olhos ao ouvir isso. Ah, que arrependimento. A quase 4 anos, eu e Julio acabamos transando uma única vez, e ele vem usando isso para me intimidar, achando que sinto t***o nele, como se iria me destruir para sempre se alguém soubesse que transamos uma vez a muito tempo atrás. Coitado, eu estava bêbada, querendo t*****r com alguém, e ele estava disponível, também havia bebido e então rolou.  A questão é que ele acabou confessando seus sentimentos para mim, no dia seguinte, na sua cama e eu apenas ri, estava com uma tremenda ressaca e apenas me vesti e sai do seu apartamento, prometendo que nunca mais cometeria aquela loucura e desde então ele vem me perturbando.  —  Você ainda não se esqueceu disso, Julio? Já faz muito tempo. Nem significa nada para mim. Nesse momento, vi em seus olhos um brilho perigoso e então ele agarra a mesa com tamanha força e rapidez, meus talheres tilintam com seu movimento brusco, meus olhos se arregalaram de imediato e isso causa mais uma vez a ativação do meu alerta de perigo e então ele diz em um rosnado. —  Você sabe que fui humilhado por você, além disso, quero a direção da empresa, eu sou homem, sou muito melhor que você para administrar. Ergui o dedo para o garçom e ele rapidamente veio. —  Pode fechar a conta, por favor. Ele acenou e saiu andando enquanto eu direcionei minha atenção para o Julio e murmurei, numa tentativa de demonstrar que estava calma, quando na verdade me sentia m*l, sentia uma crise de ansiedade muito próxima. —  Já disse a você, não foi minha intenção humilhar você, mas aquilo já faz muito tempo, Julio. Por Deus. Ele trincou o maxilar quando me afastei da mesa e abri a carteira, quando o garçom chegou, nesse instante meu estômago estava revirando e uma onda de pânico foi tomando meu corpo, e quando finalmente o garçom saiu, eu me levantei, tentando me afastar rapidamente e então Júlio agarrou meu braço em um gesto brusco e apertou seus dedos em volta, e acredito que tenha deixado as  marcas dos seus 5 dedos, quando ele murmura. —  Onde você vai? Ainda não terminamos… Nesse momento, meu corpo começou a tremer, minhas pernas amoleceram e sinto espasmos fortes me dominarem, minhas mãos ficaram trêmulas e o ar não estava passando pela garganta e um medo me dominou. —  Acho bom você afastar suas mãos dela. Agora.
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