Marrynna A noite havia se instalado densa, repleta de promessas abafadas pelo calor e pelo aroma agridoce da cachaça que pairava no ar. Na Caxanga da Raimundinha - "veja" se isso é nome de pessoa ou de lugar - a música já ecoava pelas paredes de madeira e vidro, guiada por uma sanfona animada e um zabumba que fazia o chão vibrar sob os pés desgastados do monte de gente simples, um bando de pobres, que por ali se encontrava. Era uma segunda-feira atípica, daquelas em que os trabalhadores da região esqueciam que no dia seguinte a rotina os aguardava, mergulhando no forró até o g**o cantar. E assim, desafiando toda a lógica do lugar, entrei pela porta. O som dos saltos finos das minhas sandálias de grife ecoava seco contra o chão de cimento, atraindo olhares e sussurros. Os brincos dourad

