Capitulo 1

3416 Words
Nicholas Estou fodido. Completamente fodido. Nesse momento, pensando em como a minha vida mudou de uma forma tão significativa nos últimos três meses, deixo uma lágrima traiçoeira cair dos meus olhos. Admirando a bela paisagem de Nova Iorque através das enormes janelas que vão do chão até o teto, me perco em pensamentos sobre como eu vim parar aqui. Parece que foi ontem que meu avô partiu desse mundo, me deixando entregue aos leões. Como posso ser o homem que ele queria que eu fosse sem ele aqui pra me instruir? Sinto como se um órgão vital tivesse sido arrancado de mim. A falta dele, a percepção de que nunca mais verei seus olhos sorridentes ou sua risada amorosa é suficiente para me fazer cair em depressão. Ele era o melhor homem que eu já conheci. O que ele pensaria sobre a gravidez da Ada? Será se ele me aconselharia a ir em frente e assumir minha dose de responsabilidade? Ou ele me diria pra ser prudente e confirmar tudo antes de tomar uma decisão séria? Que ela está grávida eu não tenho dúvidas, mas será se é meu? É verdade que o teste de DNA feito no feto diz que ele tem os meus genes, mas não é tão difícil modificar um resultado hoje em dia, ou é? Ela pode muito bem ter trepado com qualquer um por aí e ter aproveitado a nossa f**a pra jogar tudo pra mim. Não vou mentir e dizer que não tenho vontade de mandá-la para a p**a que pariu com essa história de gravidez. Mas e se for mesmo meu? Não vou cometer o erro que cometi da última vez e negar um filho meu, entregando tudo nas mãos do destino e perdê-lo logo em seguida. E olhando por esse lado, não há decisão a ser tomada. Eu não tenho saída. Não vou permitir que ela leve essa criança para longe de mim, como ameaçou caso eu não assumisse tudo da maneira correta. E como se isso não fosse o bastante, ainda tem ela. Meu anjo particular. Tão diferente da Ada e tão igual ao mesmo tempo. A última mulher no mundo que eu achei que faria o que fez. Ainda não consigo acreditar direito no que eu vi. Já faz meses e aquela imagem ainda parece ter sido um pesadelo ou alucinação de um bêbado. E merda, ainda sinto o cheiro do corpo dela no meu. É como se nem todas as mulheres do mundo fossem capazes de tirar de mim a lembrança do seu cheiro, do seu sabor e dos seus sons. E olha que eu já tive dezenas nos últimos tempos, sempre querendo tirá-la do meu sistema. E nunca conseguindo. Frustrado, esfrego o rosto com as mãos e solto um longo suspiro porque além de todos os meus problemas, ainda tenho as coisas da empresa para resolver e entre elas, a contratação de um assistente. Já passa das quatro da tarde e estou irritado além da conta por causa das entrevistas que fiz hoje. Seis no total. Quatro mulheres e dois homens que me fizeram perder tempo como ninguém ultimamente. Onde meu querido pai encontrou essas pessoas? Quando eu perguntei isso, logo após nosso almoço, ele respondeu cheio de sarcasmo que foi em faculdades de segunda como Harvard e Yale. Mas qual é? Que cara recém-formado em Yale não fala pelo menos três línguas? Como ele espera que um assistente resolva as coisas pra mim se não vai conseguir se comunicar e entender o que o meu principal sócio diz em alemão? E que mulher recém-saída de Harvard pretende conseguir um emprego com uma chupada? Ainda lembro-me da cara de satisfação da ruivinha gostosa pra c*****o, admito, que me chupou com tanta volúpia que eu tive que segurar na mesa com força pra não cair porque sinceramente minhas pernas ficaram bambas. Mas quando ela se levantou e sorriu, achando que tinha conseguido a vaga, eu apenas sugeri que ela procurasse outro tipo de pós-graduação, pois eu não precisava de uma p**a trabalhando pra mim. Isso me rendeu um tapa e uma série de xingamentos por parte dela. Olho no relógio. Quatro e dezessete. A próxima entrevista vai começar daqui a pouco. A menos é claro, que o próximo candidato ou candidata queira poupar o meu tempo se atrasando. Se passar um segundo que seja das quatro e vinte, vou expulsar quem quer que seja o infeliz que entrar por essa porta. A porta que agora tem o nome Nicholas Hoffman, CEO, escrito. Antes era ainda o nome do meu pai. O meu nome estava apenas na plaquinha dourada com letras pretas em cima da mesa que eu ocupava. Olho no relógio mais uma vez e agora só falta um minuto pra eu ter um pouco de paz após meu primeiro dia como presidente definitivo. Estou quase andando para a porta pra ir embora quando ela se abre após uma batida, revelando uma garota que parece ter saído do colégio primário agora. No minuto em que ficamos cara a cara, ela mantém os olhos castanhos em meu rosto por bastante tempo, antes de abaixar os olhos parecendo envergonhada. Estudo seu rosto com cuidado, sentindo uma movimentação dentro da minha calça por algum motivo que não consigo discernir. Então percebo. Essa garota se parece com ela. Ellen. — Quem é você? — pergunto um pouco ríspido demais. — Ahm... eu... — ela limpa a garganta com um pigarro então levanta os olhos para o meu rosto — Eu tenho uma entrevista marcada com o senhor Nicholas Hoffman para a vaga de assistente. — Eu sou Nicholas Hoffman. — digo, abrindo um botão do meu terno e voltando a fechá-lo. — A garota da recepção me mandou entrar. Desculpe, eu não sabia que... — Siga-me. — dou passagem a ela. Afasto-me devagar, tomando cuidado para não olhar para as suas curvas enquanto ela me segue escritório adentro. É incrivelmente parecida com a Ellen. A mesma altura. A forma de andar. O corpo. Os olhos. O cabelo. Exceto a cor dos cabelos. Os olhos das duas são verdes, em tons diferentes, mas os cabelos da Ellen são negros como a noite enquanto os dessa são castanhos, mais claros que os meus. — Sente-se. — aponto para uma das cadeiras à frente da minha mesa. Dou a volta e me sento na minha. Encaro a garota por algum tempo. Ela se mantém calada, mas com uma postura firme. Não tem muito mais que vinte anos, tenho certeza. Ergo as sobrancelhas com um ar arrogante, mandando-a começar. Ela põe seu currículo na minha mesa e começa a se apresentar formalmente. Pego o papel e confiro todas as suas informações enquanto ela tagarela sobre sua experiência. Seu nome é Amber Hitchcock, 21 anos, formada em Administração na Universidade Estadual da Carolina do Norte. Uma série de recomendações e títulos ganhos durante a graduação, assim como uma carta escrita por Gérard Leroux, um dos principais professores de pós-graduação em administração da Columbia. Seu currículo não é mais interessante do que os outros que vi hoje, mas algo na sua maneira de falar e em sua confiança, me faz pensar que ela é a melhor pessoa que eu vi nesse dia imprestável. Mas antes, um teste. Levanto-me, muito satisfeito ao ver que ela interrompe sua falação um pouco enquanto eu me aproximo, e fico na sua frente só que dessa vez de pé. Esfrego o queixo com as costas das mãos e sorrio um pouco quando ela enfim termina sua longa apresentação. — Você tem algum outro tipo de qualificação? — pergunto de maneira sugestiva — Em quê mais você é boa? Ela abre a boca, fechando logo depois por duas vezes. Franze a testa de forma tão sutil que eu não perceberia se não estivesse olhando fixamente para o seu rosto. — Todas as minhas qualificações estão no meu currículo e as que não estão, eu falei pessoalmente. — Claro. Mas algumas qualidades não são vistas em um pedaço de papel. Ou mesmo são ditas em entrevista formal. — lhe dou meu melhor sorriso sedutor — Algumas precisam de certa demonstração prática antes de uma contratação. Sinto um prazer crescer dentro de mim ao ver que ela arregala os olhos, se dando conta do que eu estou falando. Quando fiz esse jogo com a ruiva, ela imediatamente se jogou de joelhos no chão e abriu minha calça. Amber apenas me olha surpresa e se levanta, colocando sua pequena bolsa no ombro antes de me encarar com um semblante sério. — Bom, senhor Hoffman, minhas qualificações práticas podem ser vistas facilmente quando eu estou trabalhando. — ergo a sobrancelha, mostrando surpresa — Imagino que não na sua empresa após essa entrevista. Acho que não sou o tipo de assistente que o senhor está procurando. Ela se vira pronta para ir embora e eu deixo que ela chegue até a porta para poder pará-la, sorrindo por encontrar exatamente quem eu queria para o cargo. — Você começa amanhã, senhorita Hitchcock. — ela se vira pra mim com uma expressão confusa, enquanto eu visto minha máscara de profissional sério — Vejo você às oito em ponto.  Pouco antes de deixar o escritório às cinco em ponto depois de a senhorita Hitchcock sair, meu pai entra sem bater e se encosta na porta com os braços cruzados, bloqueando minha passagem. Termino de guardar alguns papéis de reuniões que eu não participei enquanto estava rodando o mundo, mas que tive que dar uma olhada porque são importantes, e me preparo pra sair. Ele não sai do caminho e quando vou perguntar o que ele quer, ele resolve falar. Fecho os olhos na mesma hora soltando um suspiro bem longo e frustrado, porque quando Julian Hoffman começa a falar, ele não para nunca. — Me diga que está tudo de pé para o seu discurso na inauguração de hoje. — Está, pai. — tiro o terno e ponho e o coloco sobre o meu ombro — Eu não mudei de ideia. — Acho bom. Você sabe o que está em jogo aqui, filho. Você ter voltado no fim de semana foi ótimo para acalmar os ânimos da diretoria e dos acionistas, mas se começar a circular o boato de que o presidente da HHE não arca com suas responsabilidades, nossa imagem vai para o buraco outra vez. Ele não precisa me lembrar disso. Eu sei o que tenho que fazer. Não posso agir como um filho da p**a com a filha de um sócio. E não posso deixar que as pessoas pensem que eu sou um moleque imaturo que mistura trabalho e vida pessoal. Mas ainda assim... — Francamente não sei por que você se importa. Já conseguiu a fusão das empresas e nem está mais aqui. Está muito mais preocupado com a sua candidatura a prefeito do quê com a empresa do vovô. — Sua empresa, Nicholas. Seu avô se foi. Você tem a maioria das ações agora. — O jeito que você fala parece que... — Parece o quê? — ele dá um passo na minha direção — Que eu não sinto falta do meu pai todos os dias desde que ele morreu? — Eu não disse isso. — E nem precisou. Acha mesmo que eu não penso nele todos os dias? Sei que nós tínhamos nossas diferenças, mas eu o amava. Ele era meu pai, p***a. Você não é o único que sente falta dele. Não falo nada. Não tenho motivos para achar que meu pai não sofre pela morte do pai dele. Ele com certeza deve ter a consciência menos pesada do que a minha. Se eu não tivesse ido à Miami naquela noite, eu poderia ter ido almoçar com ele e quando o infarto ocorresse, eu estaria por perto para ouvir suas últimas palavras. Não sou pretencioso o bastante para achar que impediria um ataque cardíaco, mas pelo menos ele não estaria sozinho nos seus últimos momentos. Mas ao invés disso, tudo o que eu tive foi uma conversa rápida por telefone. E eu sequer fui ao seu funeral, porque não tive forças de ver o homem mais forte do mundo pra mim, inerte e gelado, esperando pra ser enterrado embaixo dos meus pés. — Eu sei, papai. — digo com a cabeça baixa — Desculpe. Quando levanto os olhos, ele está me olhando de maneira estranha e com a insinuação de um sorriso no rosto. Eu o encaro sem saber o motivo desse olhar e mesmo desse sorriso quando me lembro que é porque o chamei de papai. Há quantos anos eu não o chamo assim? Acho que pelo menos uns quatro anos. Ou cinco, sei lá. Rapidamente desvio os olhos do rosto dele, e limpo a garganta com um pigarro. Em segundos, eu visto minha máscara séria e faço um movimento para sair, mas ele se põe à minha frente novamente e me puxa para um abraço, me deixando de queixo caído e sem saber como reagir com os braços ao lado do corpo. Ele me aperta e dá alguns tapinhas nas minhas costas, mas quando eu me permito levantar os braços para abraçá-lo de volta, ele se afasta olhando para o outro lado. Saio do escritório com o estômago embrulhado por causa do meu pai ao meu lado e por causa da noite que virá. Ansiedade me invade por conta do discurso e do anúncio que farei. E a situação fica tão desconfortável na lenta descida pelos vinte e cinco andares do prédio que eu preciso me encostar na parede do elevador para não passar m*l. Nos despedimos no estacionamento e eu entro no meu carro. No meu novo apartamento na quinta avenida, algumas quadras mais longe do meu antigo, eu tomo um banho longo e gelado. Estamos no final de maio e o clima na cidade está seco. Não se parece com o verão de Miami, mas é suficiente para me deixar todo suado, transpirando como se estivesse numa sauna. Quando saio do banheiro, visto meu smoking o mais devagar que eu posso. Não tenho nenhuma pressa em ir ao hall do Regency Hotel onde ocorrerá o evento de inauguração da Fundação Hoffman. Não por causa da inauguração em si, mas pelo anúncio que tenho que fazer. Casamento. Eu farei o anúncio do meu noivado com a Ada. Em frente ao espelho, já vestido, olho para o meu próprio reflexo e sorrio tristemente pela minha situação. Não imaginei jamais que voltaria a dar à Ada o título de minha noiva, futura esposa. Na época em que ficamos noivos pela primeira vez, eu teria dado o mundo a ela se me pedisse. Agora, eu gostaria de poder voltar no tempo e desfazer a merda que eu fiz na minha casa em Miami. Eu estaria livre dessa p***a toda. Quando penso nisso, me repreendo mentalmente na mesma hora. Não posso dizer que isso é uma merda. Droga, eu não posso sentir ou mostrar que não quero ter esse bebê. Nenhuma criança merece descobrir que seu pai não o queria durante a gravidez. Essa criança não merece meu desprezo por causa das minhas burradas. Tudo o que eu tenho que fazer é me casar com a mãe. Dar amor e um bom lar para essa criança é a minha nova meta de vida. Eu já perdi a ambição de ser feliz, mas não quer dizer que eu não possa fazer esse bebê feliz. A Ada é a mãe e eu devo cuidar da honra dela, pois não quero que meu filho cresça achando que sua mãe é uma perdida vagabunda. Também não quero que ela vá embora com o meu filho para Londres. Não quero ser o tipo de pai que ver o filho uma ou dias vezes por ano. Mas ela está cometendo um erro se acha que eu irei honrar os votos do casamento. Não me permitirei amá-la de novo. Não sou burro o bastante para isso. Amar é um erro que só se comete uma vez. Eu cometi duas. E já estou cansado de errar nesse maldito aspecto. Desço da minha cobertura com a chave do meu próprio carro em minhas mãos, dispensando o tão bem pago motorista que meu pai contratou para me servir. Gosto de dirigir e não gosto nem um pouco de ser conduzido. Quando entrego a chave ao manobrista do hotel ao chegar, um pânico toma conta de mim de repente. Minha respiração acelera e meu coração martela contra o meu peito. Eu preciso de um trago para suportar a noite pela frente. Discretamente ponho a mão no bolso do meu smoking e tiro um pacotinho com alguns comprimidos de êxtase suficientes para me deixar bastante anestesiado. Ponho dois na mão e os engulo, jogando a cabeça para trás para facilitar a descida pela falta de líquido. Preciso manter em mente a lembrança de não beber hoje. Com uma longa respiração, ponho meu melhor sorriso e vou para dentro. Ada e o seu pai, assim como os meus, já estão lá dentro, cumprimentando as pessoas e sorrindo como se todos já fizessem parte de uma grande família feliz. Meu estômago embrulha mais um pouquinho, mas eu deixo pra lá. Daqui a pouco as pílulas irão começar a fazer efeito e tudo ficará bem. Observo o lugar, nem um pouco admirado com o fato de estar tudo impecável. É claro, meu pai não faria nada menos que perfeito para uma noite como essa, assim como o Harold. As mesas estão quase todas lotadas de gente interesseira e que realmente não liga a mínima para o propósito da Fundação, mas vieram aqui para fazer charme, reforçar contatos e ganhar mais dinheiro. Me aproximo da minha família, fazendo parte da farsa, e sorrio para todos, inclusive para o diretor executivo de uma das empresas com quem eu tenho trabalhado, que está aqui com a esposa. Então lhe dedico uma boa parte do meu tempo, conversando sobre a torre solar e outros projetos da minha empresa, assim como a Fundação Hoffman. Conto-lhe que o intuito da fundação é ajudar e incentivar as artes, a cultura, o lazer e os esportes. Distribuiremos bolsas de estudo e financiaremos atletas de várias modalidades a encontrarem um futuro, além de patrocinar artistas de vários lugares. Apesar de, em certa forma, ser uma conversa maçante, eu prefiro falar sobre qualquer coisa a subir no palco instalado na frente de todos e anunciar o meu terrível casamento com a Ada. Mas não posso evitar o anúncio por muito tempo. Perto das oito da noite, o mestre de cerimônia me chama ao palco para o meu discurso. Quase posso ver dois coraçõezinhos nos olhos da Ada e eu realmente tenho que fazer um esforço muito grande para não revirar os olhos. Porém, minha máscara quando subo é totalmente condescendente com a situação. Que tipo de noivo amoroso eu seria se anunciasse um noivado com uma cara de quem está indo para uma sessão de castração? Não seria uma boa imagem para mim ou para a empresa. Droga, nem mesmo para ela. Então com um sorriso no rosto e o coração sangrando, eu saúdo a todos. Faço rapidamente meu discurso sobre a Fundação e minhas expectativas, e no fim... anuncio meu casamento. Como é de praxe, as pessoas se colocam de pé e batem palmas, aparentemente alegres pela notícia. Elas soltam gritinhos e quando a Ada sobe ao meu lado, pedem um beijo do mais novo casal de Nova Iorque. Ainda com a minha máscara de felicidade, eu a seguro pela cintura e lhe dou um beijo casto, mas convincente. Ela agradece a todos pelos aplausos e sorri como se tivesse ganhado na loteria. Por um único e perfeito momento, eu me permito imaginá-la ganhando mesmo e indo embora da minha vida. Mas o momento logo se perde quando percebo que esta é mesmo a minha vida e não há escapatória para mim. Ada desafiou os médicos de forma audaciosa ao engravidar duas vezes, após perder um ovário no nosso acidente em Mônaco. Não posso dizer que ela não é surpreendente. Tudo o que eu posso fazer é respeitar isso e aceitar passar todos os dias da minha miserável vida ao seu lado, mesmo que isso me mate aos poucos. Tudo por um filho. Como eu poderia não fazer isso se já perdi dois? Um terceiro eu não suportaria. Ninguém nunca vai tirar essa criança de mim e o preço que eu pago é a alma para sempre ao lado de uma pessoa que eu não amo.
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