A batcaverna

1104 Words
Hanná estava de pé em minha frente, após me servir o café, eu a convidei para comer comigo, mas ela disse que as pessoas da espécie dela comem de um jeito nada bonito de ver e só comem carne que eles caçam, é como uma tradição. Era estranho pensar que alguém menor que eu era uma caçadora e de qualquer forma eu estava curiosa para saber como ela comia. —É bem esquisito ver você ai me olhando. Desculpe, majestade, é a primeira vez que sirvo uma rainha. — Tudo bem, é minha primeira vez como rainha também—Falei tapando minha boca cheia de bolo com a mão. —Majestade, como está se sentindo? —Perguntou Maha entrando no quarto com uma roupa de couro e um olho a menos. —O que houve com… —Eu posso escondê-lo às vezes, estou indo com Ananke para os jogos de comemoração da unificação das cúpulas e lá os Auset não são bem recebidos—Ela revira os olhos e dá de ombros. —Então, eu vou ficar aqui mofando enquanto vocês estão nos jogos? —Não, tu vens conosco!—Disse Ananke adentrando o quarto—Não confio em vocês duas sozinhas. —Ane, foi o meu único erro e tenho certeza que em pouco tempo se tornará o meu maior acerto— Reforçou Maha tocando em meu ombro. Estava com a boca cheia de uma espécie de pão sem fermento que eu havia acrescentado um purê rosa muito delicioso, tinha um aroma de flor e o gosto era docinho, sem ser repugnante, formando uma tortilha. Ananke olha curioso para aquela mistura que possivelmente eles não comiam. —Maha, já conversamos sobre isso, deixe essa garota irreconhecível, vocês tem pouco tempo a viagem até a cidade neutra pode ser difícil—Ele m*l acaba de falar e seus passos largos se direcionam a porta. —Vejamos o que podemos fazer, eu criei um software para encontrar pontos cruciais para que o seu disfarce seja irreconhecível, vamos à sala secreta? —Para a batcaverna! Assim que entramos na sala secreta o holograma liga todas as luzes, observar aquele paraíso atrás do vidro era fascinante, queria sentar em uma daquelas pedra e ler, tenho certeza que Margo amaria brincar com as outras meninas por aqui. —Maha, filha de Dayna e Males, bem-vinda novamente a sala de táticas! —Olá para você também R2-D2! —Voz reconhecida! Majestade Meraki, filha de Magnus e Lilian, semi deusa da religião Kundaliana, R2-D2, droide astromecânico da saga Star Wars, filmes muitos famosos no planeta que eles chamam de Terra na galáxia 0-V98, ou via-láctea, presumo que vossa majestade esteja usando sarcasmo. —Sarcasmo, sempre achei interessante! Acho admirável a maneira que os humanos utilizam para camuflar seus sentimentos e intenções— Responde Maha com um tom de voz quase ingênuo enquanto baixa o software para a mesa tecnológica—Funcionou! Temos que esconder suas tatuagens, modos de falar e caminhar, bom isso a natureza da situação já arrumou para nós— Ela fala rindo, obviamente eu não ando como uma rainha, nem saberia como o fazer— Cabelo, vestimentas, olhos. Acredito que seja o suficiente. Ela e Hanná começam a me produzir, me colocam lentes, peruca e muita maquiagem. —Prontinho, acho que o loiro combina com você, você parece uma típica refugiada. Vestido branco com mangas longas, o seu cumprimento ia até o joelho e uma alpargata. O cabelo loiro chegava na mandíbula, e os olhos estavam completamente pretos. —Essa é uma espécie da família Homo, eles tem olhos todo pretos, alguns tem membranas entre os dedos, mas uma pequena porcentagem não tem, são conhecidos por serem silenciosos e tranquilos, eles gostam muito de água e são vegetarianos, eles também tem brânquias, mas o que não são puros, não tem, então não se preocupe—Disse Maha. —Acha mesmo que vai dar certo? Eu posso ficar aqui, adoraria ficar lendo dentro da batcaverna. —Já está decidido humana —Responde Ananke. — Acho incrível você achar que pode mandar em mim. —Jura? Eu não queria que você estivesse aqui! Mas está então obedeça e poderá voltar para casa logo! Ananke estava praticamente em cima de mim, falando rispidamente. Aguentei firme a vontade de chorar, havia muito tempo desde que alguém havia falado comigo daquela forma. —Ane!—Grita Maha atrás de mim. —Eu vou, mas saiba que não quero estar aqui mil vezes mais do que você! Acredito cada vez mais que isso seja um delírio, porque não existe um átomo em mim em qualquer universo que casaria com alguém como você!— Tentava peitá-lo, irritá-lo, fazer com que ele se sentisse a dor que me fez sentir. O silêncio daquele homem com os olhos levemente marejados de maneira que me fez recuar e sentir vergonha da minha brutalidade. Seja um delírio, seja real, ele de fato amava aquela mulher. —Vamos—Foram as precisas palavras dele se virando para a porta, minhas desculpas decidiram não sair por orgulho que tem sido meu fiel escudeiro. Ele também não fez menção ao caso enquanto caminhávamos em silêncio para fora do quarto. Ao avistar o imenso corredor com o sol irradiando pelas grandes janelas iluminando tudo deixando a iluminação artificial como enfeite, os impetuosos quadros, estátuas davam o ar de riqueza ao corredor guardas imóveis em prontidão a cada vinte passos, analisavam me tentando descobrir da onde surgiu a criatura. Um longo caminho até o elevador onde um ser rosa de óculos nos aguardava. —Magnífico! Conselheira! —Disse o mesmo curvando-se —Para onde pretende ir? —Para a garagem— Ananke respondeu secamente. —Certamente! Estávamos todos em um completo silêncio até que sinto um formigamento no peito, seguido de uma pontada que praticamente me joga contra a parede. Todos olham para mim, estava me sentindo sem chão como se minha alma estivesse desligando do meu corpo. Anánke segura minha mão, seus olhos preocupados tentam entender o que acontecia comigo, mas eu mesma não poderia responder. Até escutar a voz de algumas pessoas, elas estavam agitadas e a voz não estava nítida, até que escuto alguém dizer—Afasta!—Seguido da dor dessa vez mais forte. Meus olhos veem de borrão o rostinho vermelho de Mag sendo agarrada pela mona, ela chorava e gritava para se aproximar de mim. As mãos Ramona tentava tapar seus olhos, mas ela estava tão apavorada com a cena que não fazia isso tão bem. Meu coração se partiu ao ver o sofrimento da minha pequena e que de alguma forma era minha culpa. —Meraki!
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