Aceitar ser A Alice

1306 Words
Começo a sentir fisgadas leves em meu rosto e uma sensação de despertar de um sonho, meus olhos começam a embaçar e já não sentem o calor de Ananke. Quando consigo focar meu olhar novamente vejo um homem de cabelos e pele brancas como a neve e olhos púrpura com fios dourados, enormes olhos, eu estava fascinada e assustada ao mesmo tempo o que me fez não ter nenhuma reação, já ele deu alguns passos para trás e me cutucou mais uma vez com uma varinha de metal. —Pode parar com isso! —Reclamei. Ele me cutucou mais duas vezes fazendo com que eu tomasse a varinha de sua mão. —Oh por todos os Lóng yīng! –Ele disse abraçando-me com força e estranhamente me senti confortável —Majestade é uma honra tê-la no mundo dos vivos novamente! E então me senti uma intrusa no ninho novamente. —Espera, eu não sou sua Meraki! —Não é? Hora, é idêntica a ela! como não seria? —Chega, chapeleiro maluco! Ela é a Alice? não é a Alice? Quem se importa! —Alice? Quem é Alice? —Perguntou ele. —A minha primeira amiga—Sussurrei. —Acho que não nos apresentamos adequadamente! —Ele fala tentando me animar —Sou Ravi. —Meraki da Terra. —Terra, via láctea? —Sim. —Que adorável, um planeta muito interessante, tenho todas as temporadas de friends e a grande família. —Sério? —Tanto quanto o lineuzinho. —Legal, poderíamos ser amigos, se não fosse a situação mais esquisita e terrível da minha vida. —Seríamos como irmãos se você fosse quem disse não ser—Ele fala e seus olhos se enchem de saudade. —Como cheguei aqui? —Bem… tudo que sei é que Ane deixou você aqui no meu sofá! Eu disse que era uma péssima ideia que não havia jeito, eu deixei um durb morrer uma vez e sabe como eles deveriam ser imortais? Ciclana e Fulana m*l sabem me ajudar, estão sempre precisando de reparos, é tão frustrante —Reclamou de forma dramática deitando a mão sobre a testa. —Tenho certeza que sim, mas quem é Fulana e Ciclana? —Minhas robôs ajudantes, Ciclana está desativada, tenho que ajustar algumas configurações nela… Eu estava me segurando pra não rir, estava percebendo que não tinha muitas opções como uma boa brasileira não iria desistir, ia enfrentar essa adversidade, talvez um pouco capenga, mas eu tenho conhecimento de causa quantas leitoras gostariam de viver o que estou vivendo? Essa mistura m*l roteirizada de Alice no país das maravilhas, percy jackson com uma pitada de star wars. Enquanto o homem de cabelos lambidos pela vaca com cachinhos na ponta falava sem nem respirar observei onde eu estava, era um apartamento totalmente moderno, mas o mais fascinante era a enorme janela que dava uma uma cidade modernista e ecológica, era possível ver os enormes prédios, tudo tão organizado e limpo. Ao me aproximar e olhar ao lado vejo um pedaço de uma enorme construção comparável ao coliseu. —Se prestar atenção consegue escutar o povo gritando—Falou Ravi. —É verdade… Um sentimento de conhecimento, de voltar ao lar tomou meu coração de uma forma que não acreditava. Era intenso e maravilhoso, a vontade de derramar lágrimas, era gigante, não entendia o que estava acontecendo, eu sou uma garota da Terra de 16 anos, não é mesmo? –Agora o povo grita por esses esportes sangrentos, mas antes era um local teatral de exposições, orquestras e danças, consegue imaginar… Com suas palavras suavemente pronunciadas fecho meus olhos e sou levada para dentro do estádio a música tocando aos meus ouvidos era o som de um tambor as pessoas com os olhos atentos aos movimentos precisos das pequenas criaturas telões holográficos no céu para que todos pudessem acompanhar cada detalhe, era vibrante e enriquecedor. —Eu posso sentir Ravi. —Sentir o que? —Diz a voz grave acompanhada com um cheiro horrendo. —Eca, Ane! Precisa de um banho urgente. —Credo! Essa inhaca nem limão com vinagre ajuda! —Não imaginam como estava no elevador com ele. —Esse cheiro h******l! Só pode pode ser de entranhas de Blé! —Disse Ravi. —Dos pequenos —Completou Maha. —Mesmo assim é sublime minha amiga de três olhos. —O que é um Blé? —Perguntei. —Eu vou tomar um banho! —Disse Ananke. —Fulana! Fulana! Por favor incêndei tudo o que ele tocar! —Sim, senhor! —Disse Fulana. —Conte-me, criança! —Disse Ravi se voltando a Maha. —Basicamente ele entrou por um lado e saiu pelo outro! —Isso me deu muito o que imaginar, mas o que é um blé? —É o ser mais repugnante de todas as galáxias… —Só perde para Utham! —Exclamou Maha. —Sim! Um Blé um monstro marinho, mas que durante o processo de acasalamento ele muda de pele e vai para o subsolo depois que ele coloca os ovos volta para seu habitat natural, um desses monstros quebrou o barco da minha família—Naquele momento ele parou e ficou com os olhos fixados nas lembranças dolorosas do passado, toco em seu ombro e ele volta ao presente com um sorriso envergonhado —Acho que vou pegar uma bebida, vocês querem? —Não, obrigada! —Dissemos quase ao mesmo tempo. —Maha! —Sim, Majestade… —Não me chame assim, por favor. —Como queira, eu sempre fui sua fã desde pequena, meus pais travaram batalhas épicas ao seu lado e sempre pensei que talvez um dia eu pudesse também. A sinceridade e doçura de Maha me constrangem principalmente, com o que direi agora. —Maha, preciso voltar para casa! Tenho uma irmã de 8 anos que precisa de mim, não posso ficar aqui. Vejo o brilho dela despencar e seus olhos se encherem de lágrimas. —Apesar de tudo quero que saiba que eu realmente gostaria de ajudar, mas não sei como, já estudei clones neurais antes, mas o seu caso é diferente, o seu outro corpo está a milhares de anos luz, eu poderia iniciar a viagem, mas é quase 99% de chance de seus dois corpos morrerem durante a viagem, isso se um deles já não estiver. —Como assim? —Relatividade, precisaria de dados específicos para saber exatamente quanto tempo e espaço sua consciência precisaria e conseguiria viajar, os saltadores são treinados por anos para conseguirem chegar em outras galáxias e mesmo assim poucos conseguem determinar exatamente a localização e o tempo, Meraki você poderia chegar na terra e supor que seu corpo ainda esteja conservado poderia ter passado centenas de anos. Senti uma faca atravessando meu estômago me deixando quase sem ar, havia me empurrado de um prédio e tudo que sabia é que teria de absorver a queda. —Eu… estou presa aqui? —Eu sinto muito—Ela sussurra. —Sente? Sente mesmo? Você que causou isso! Me prendeu no meio de uma guerra que não posso vencer! Com lembranças e sentimentos de uma vida que não é minha! Tudo porque você precisa conhecer a sua h*****a? —Senti uma ardência em meu braço e Maha estava em choque, ela não sabia o que falar, me fazendo perceber o quão maldosa estava sendo. —Tem razão —Ela disse limpando as lágrimas —Fui inconsequente, mas olha para os seus braços, você não faz ideia do quanto é poderosa, tanto quanto não sabe quanta dor, angústia e sofrimento o meu povo passa, por isso tentei trazê-la de volta, porque era nossa última chance. Ela dá as costas me deixando refletir sobre o que estava a minha frente, o quanto aquilo era doloroso, minha garotinha precisava de mim, mas muito mais eu preciso dela. Aceitar ser a Alice, me tornaria ela?
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