Cuca

2272 Words
O som potente do motor e turbinas ligando nos levando a mais uma aventura, eu sentia meu estômago dar um nó de nervosismo. Havia alguma possibilidade de tudo ser irreal? Eu estava disposta a sacrificar qualquer coisa para voltar para Margo e isso inclui toda essa fantasia, poderes, riqueza e coroa. Além disso, era perceptível que todas essas coisas traziam um peso gigante. Como já dizia o tio Ben com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. Mas, eu já sentia o fardo das responsabilidades em meus ombros desde que eles eram frágeis e pequenos mesmo sem poderes, muito antes de Margo. —Vamos entrar por um túnel subterrâneo ele é a conexão entre Surgit e a cidade Neutra, não se preocupe com os guardas —Disse ele. —Certo —Falei dando alguns beliscões no punho olhando fixamente para a paisagem em nossa frente havia uma torre de Õpla, Ananke estaciona próximo a janela dois guardas em motos redondas e voadoras se aproxima com o que chamam de leitor de retina, para minha sorte Maha havia me dado uma película que iria me dar uma nova identidade. —Magnífico! —Disse um dos soldados fazendo com que Ananke abaixe o vidro. —Olá, estamos indo para a cidade neutra, abram o túnel. —Certamente só precisamos ler a sua retina e a da sua acompanhante —Disse o homem aproximando o leitor dos olhos de Ane. Enquanto a soldado se aproxima de mim, abaixou o vidro e ela nem aproxima o leitor, não consigo deixar de pensar que poderia falhar, é como passar por detector de metal e mesmo sem portar uma arma você pensa será que eu estou armada? Nesse caso eu era arma, então não era igual. —Tudo certo! —Falou a mulher para o outro soldado. —Qual é o motivo da viagem? —Pergunta o homem para Ananke. Ele o olha sério, poderia jurar que ele arrancaria a jugular dele. —Desculpe a pergunta senhor, mas é o protocolo. —Anote que o Senhor da paz decidiu ir à cidade neutra! Mas, alguma pergunta? —Não senhor —Disse o soldado engolindo a seco. —Na verdade —Disse a mulher —Não podem entrar damas da noite na cidade neutra. —Mas, o que essa dona tá falando? —Sussurrei para Ananke. —Vou fingir que essa insubordinação não foi proferida, abram imediatamente o túnel! —Bradou Ananke com raiva, a ponto das veias de seu pescoço praticamente saltarem. O outro soldado olhou para a mulher com fúria, ele deu um sinal em seu painel da moto. As portas escondidas circundadas pela grama que tinha uma coloração azul escura se abriram mostrando o imenso túnel que deveríamos atravessar. O túnel era de um metal chamado Han que era denso o suficiente que fazia uma barreira entre nós e a radiação por onde passávamos as luzes iam se acendendo. —Seu cabelo —Disse Ananke com um sorriso de canto. —O que? —Essa coloração, ela é uma indicação de.. —Não acredito que Ravi fez isso! —Falei passando as mãos pelo cabelo agora ruivo avermelhado um pouco acima da altura dos ombros. —Na verdade foi bem inteligente, ninguém espera que a rainha esteja com o cabelo manchado pela fruta do pecado. —Como? —É uma história, para chegar nesse tom é necessário usar o ** de uma fruta que embaralha os sentidos e intensifica as emoções — Disse ele. —Eu nunca pensei em cortar ou pintar o meu cabelo na Terra, meu cabelo é um castanho e não estava tão comprido. Ele ficou em silêncio cerrando a mandíbula, seus olhos densos e a mão com os anéis em prata tocavam os lábios enquanto a outra segurava o volante e eu me perguntava o que havia dito de errado. Ele aterrisa e desce do carro arrastando o casaco azul com adereços em prata. —Está esperando um convite? —Ele grita. — O senhor da paz, é um verdadeiro b****a! —Falo enquanto desço do carro —Porque a gente pousou? —Não entram skycar na cidade neutra. —E vai rolar uma escada ou vamos subir com a força do pensamento? —Sua paciência caberia em um frasco de Tafh —Respondeu ele. —Quem diachos é Tafh? Uma cabine de vidro começa a descer e Ananke me puxa para trás para que eu não seja esmagada pela mesma. —Esse lugar é m*l sinalizado! —Falei cruzando os braços. As portas do que parecia um bonde se abrem, os bancos brancos ficam em quase toda a sua extensão, Ananke clica em alguns botões e senta no banco. Em quanto subimos os meus olhos avistam algo inimaginável uma enorme cidade desprendida do planeta, uma cidade voadora. —Caramba! Nem Michelangelo. Os bondes se ligavam a pequenas vilas que eram conectadas ao enorme castelo tecnológico, era como se um livro de ficção científica tivesse se aberto em minha frente. As vilas tinham casas redondas com janelas redondas e portas redondas , as ruas brancas e alguns arbustos, havia uma tranquilidade naquela paisagem. —Qualé mané, eu dou rim para você me dizer que isso é real —Disse batendo no ombro dele de alegria. —Mané? —Ele disse levantando a sobrancelha, ele dá duas leves batidas no compartimento abaixo do banco e pega uma garrafa de vidro de água. —A onde vamos? Qual dessas vilas? —Perguntei. —Vamos na vila dos resgatados, é uma enorme fazenda eles abastecem toda a cidade —Ele disse dando um gole na água —É a maior são três vilas dessas. Fico o mais próximo possível olhando cada detalhe do enorme prédio pontudo com janelas enormes, arbustos e aquela grama azul que parecia artificial. Ele se levanta assim que o bonde para as portas se abrem revelando uma praça com uma enorme árvore no meio e crianças de todas as cores e espécies brincando. As casas não eram uniformes como as das outras vilas, elas tinham tamanhos e cores diferentes, todas feitas de madeira, ela tinha cheiro de histórias fantásticas que os olhos incharam de tantas lágrimas. —Eu posso sentir o calor deles daqui —Sussurrei a Ananke. —Venha, eles vão gostar de você! Assim perceberam a nossa presença todos vieram até ele o abraçar, não o chamavam de magnífico ou Senhor da paz, apenas de Ananke. —Meu filho! —Disse uma senhora de um metro, ela tinha a pele verde, mas era cascuda, sem pelos algum —Eu achei que nunca mais o veria. —Dona Nimu! Fico muito feliz em revela! —Eu achei que seria mandada embora, mas ninguém faz o perfume de Tefh como eu! —Disse ela o abraçando. —Então é isso! —Falei mais alto do que o pretendido chamando sua atenção. —Quem é essa jovem? —Perguntou a senhora. —O nome dela é Darcy, ela foi encontrada em um comboio, mantida refém, a trouxe para falar o grande sábio. —Darcy? Que nome adorável. —Uma alegria conhecer a senhora!—Falei. —Me é familiar Darcy, será que a conheço de algum lugar? —Perguntou a senhora colocando as duas mãos sobre meu rosto. —Não, meu rosto é muito comum. —Não, nunca esqueço um rosto!—Ela falou tirando as mãos —Zhìzhě, está na sua torre aquele velho nem consegue se levantar mais! —Ela ri —Sabe o caminho? —Sei sim, dona Nimu —Disse Ananke. —Muito obrigada! Falei enquanto seguíamos o caminho, por um bom trecho algumas crianças nos seguiram, passamos a casa e chegamos nas plantações Ablisio uma espiga branca com flores azuis, rosas ou roxas com as pétalas unidas . —São lindas! —Falei enquanto buscava o ar. —Quando esfriar elas vão criar grãos que são colhidos e feito farinha, mas as flores dão chá maravilhoso principalmente as azuis. —Você sabe tudo sobre tudo? —É muita pretensão sua achar isso, o pouco que sei vem dos muitos anos de estudos, ser o senhor da paz requer muito conhecimento. —Não é um título fácil de carregar, ainda mais em um planeta em guerra. Ele parou e apenas contemplou tudo o que estava a sua volta. —Esse é o maravilhoso daqui, eu não sou títulos, sou apenas uma pessoa. Talvez pela primeira vez eu concordei 100% Ananke, era bom, muito bom ser apenas uma pessoa. —Chegamos à torre do sábio! —Disse Ananke olhando para a estrutura vermelha de portas azuis. —Não se parece com a moradia de um Grande Sábio —Falei me aproximando da porta. —Bogas, são acostumados a morar em cavernas gosmentas, isso é um paraíso para ele —Ele abre a porta. —E para você? —Isso é muito mais do que aquele velho merece. Uma voz ecoa do andar mais alto da torre: —Apenas a garota deve entrar. Eu olho para Ananke suplicando que viesse comigo, mas ele n**a. —Ouvi o que ele disse! É um velho doido, mas só ele pode te ajudar. —Não acredito nisso! Respirei fundo e andei passo a passo torcendo para que Ananke decidisse me seguir, mas ele não o faz. Mas, será que o sábio é assim tão r**m? Quer dizer, é normal gente inteligente ser meio pirada de cabeça. Pelo menos ele pode me levar até Margo. Já estou cansada desse sobe, sobe! Parece uma escada infinita, paro algumas vezes para juntar o ar. Fico feliz quando percebo ser o último lance de escada a enorme porta de duas folhas está ali. —Senhor Grande Sábio, posso entrar? —Perguntei batendo na porta. —Entre! Empurro as portas e me deparo com uma criatura com a pele com o aspecto de crocodilo e olhos enormes e amarelos, poderia ser a Cuca se colocasse uma peruca e vestido vermelho. Ele dá uma gargalhada segurando a barriga saliente. —Criança, é bom saber que voltou para o mundo dos vivos! —Nos conhecemos? —Eu conheço você, mas você não me conhece. —Como é possível me conhecer sem eu ter te conhecido? Ele gargalha. —Você nem imagina as voltas, curvas e distorções que o universo fez para que você estivesse aqui nesse exato segundo, olhando para mim e achando que um de nós é completamente pirado. —Eu tenho certeza que nós dois somos, mas tenho dúvidas de quem é mais —Falei ainda confusa com aquele encontro. —Sei que gosta de ler—Ele fala apontando para a enorme estante de livros atrás dele —Conhece Alice no País das Maravilhas? —Sim, é… Ele estende a mão e pega exemplar e o coloca nas minhas, não qualquer exemplar, o meu o cheiro, dobraduras, folhas amareladas, as manchas e até a dedicatória que fiz para Margo. —Como? Como isso é possível? —Perguntei deixar poucas lágrimas salgarem meu rosto. —Como você chegou aqui? —Não sei! Ele continua a caminhar, mas dessa vez em direção a cozinha, havia uma mesa estilo coreana tradicional com as almofadas no chão. Ele pega duas xícaras, dois saquinhos, uma chaleira e um pote. —Seja gentil e me ajude! Mas, não pegue a chaleira está muito quente. Eu pego as xícaras de tamanhos diferentes e coloco uma de frente para a outra e então deixo o pote no meio. Ele põe a chaleira sobre a mesa e dentro dos saquinho coloca algumas flores e ervas que estavam no pote, depois coloca água na minha xícara. —Termine seu chá! Me sento e coloco o saquinho dentro da água. —Vamos falar de como aquele livro chegou aqui? —Faz as perguntas erradas, criança. —Ok, mestre Miyagi, como eu vim parar aqui? Ele dá um enorme gole no chá. —Tenho as respostas, mas você ainda não está pronta para elas. —Tem algum teste? Tipo o Enem? Tá brincando comigo? —Falei estressada. Ele ri mais uma vez. —Essa é uma das coisas que pouco fez na vida, sabe que nossas crianças aqui tem muito tempo de criança para explorar toda a sua curiosidade e vocês tem tão pouco tempo e alguns não podem aproveitar. —Não quis ser m*l educada, só não consigo entender! Disse que o universo deu voltas para me trazer para cá, mas não faz sentido! Uma pessoa tão insignificante como eu! —Criança o destino de todos está na sua mão, como poderia ser insignificante? Sinto todo meu corpo congelar, era uma responsabilidade absurda coisa da qual eu já havia decidido fugir. —Não sou essa pessoa, não sou uma h*****a, sou uma pessoa desesperada para voltar para casa—Disse me levantando e caminhando em direção a porta. —Achei que estava sendo sincera na dedicatória —Ele abriu o livro e a leu em voz alta mesmo que eu já soubesse decor—Querida irmã, esse é o segundo melhor presente que nunca foi meu realmente, quero que saiba para mim você nunca será pequena demais ou grande demais, quando se sentir perdida e não tiver certeza de quem é, olhe nos meus olhos e vai saber que sempre será A Margo. A vida pode parecer confusa e ter vezes que sente que está caindo por horas e outras que está perseguindo o tempo, mas tudo bem enquanto acreditar que pode tornar o seu mundo o país das maravilhas, prometo que vou me esforçar para torná-lo o melhor para você. Da sua irmã do passado. —O que ela tem haver com isso? —O que não tem haver?
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD