Agora que eu tinha o perfil dela em mãos, tudo parecia mais próximo, mais real. Só precisava marcar um encontro… sem que ela soubesse que era eu.
Se não era pra ela estar ali, e sim outra no lugar dela, o que diabos ela fazia naquela casa? Naquela despedida?
Será que apareceu propositalmente? Que queria, de alguma forma, me castigar?
Minha cabeça estava pegando fogo, ainda mais perguntas, ainda mais confusão em minha mente.
Perguntas demais, respostas de menos. Mas eu ia conseguir todas elas.
Cada detalhe.
Cada verdade.
E, p***a… eu ia arrancar Cada verdade dela de volta, nem que fosse a última coisa que eu fizesse antes do casamento.
(...)
Cheguei em casa, subir direto pro quarto, Liana estava sentada, em frente a sua penteadeira, Desviou o olhar do espelho me vendo ali.
— Já chegou amor? Achei que iria demorar mais.
Ela agia naturalmente, largou os produtos que usava e veio até a mim, com aquele sorriso calmo e doce.
Selou meus lábios, como se nada tivesse acontecido, sem fazer ideia da confusão que minha cabeça estava, e disse:
— O Edu disse que vocês iriam virar a noite, o que aconteceu?
Tentei responder com naturalidade, mas não consegui. A tensão apertava meu peito.
— Tô cansado…
disse, firme.
— Vou tomar um banho.
Ela fez um gesto delicado, como se quisesse me acalmar.
— A sua mãe estava me esperando pra jantar… Não quer ir?
disse, quase sussurrando.
— Só precisamos dar um pouco de atenção, amor. Faz isso por mim.
— Eu ja comi.
respondi seco, tentando me manter controlado.
— Você sabe muito bem que há muito tempo, não tenho esse contato com ela. Estamos aqui por sua escolha Liana, porque por mim, isso nunca aconteceria.
Quando comecei a passar por ela, ela segurou meu braço com delicadeza.
—Eu só queria que vocês ficassem bem, faz tantos anos... Porque não supera isso?
perguntou, me olhando com olhos intensos. Pedintes.
— Já conversamos sobre isso, não force a barra. Eu aceitei vim aqui por você, é o máximo que posso fazer.
Ela sorriu pequeno, mas dava pra sentir sua insatisfação.
— Estamos bem? Não estamos?
Perguntou.
— Estamos.
menti, firme, tentando não deixar transparecer nada.
A verdade? É que tudo que vivi depois que voltei pra essa cidade, não passou de ilusão. Uma tentativa de fuga da frustração que sentia, que agora era esfregue em minha cara.
Ela continuou:
— Seu pai teve uma melhora hoje. Você não quer ir vê-lo antes de dormir?
Suspirei pesado, olhando pra frente.
— Você sabe que não sinto essa vontade.
disse, calmo, mas carregado de frieza.
— Não tente me forçar mais. Quanto antes voltarmos pra nossa rotina, melhor.
Ela me olhou por um instante, entendeu que não insistiria, e soltou meu braço.
Aquelas semanas antes do casamento seriam passadas na casa da minha família, por insistência dela, mas há muito tempo não gostava da presença dos meus pais.
Ela saiu do quarto.
Fechei a porta atrás de mim, e a primeira coisa que fiz foi abrir o perfil de Bianca de novo.
O corpo dela, aquela boca… o cheiro que agora parecia impregnado em mim… tudo voltou com força total.
— O que você fez, Clarisse…
sussurrei, com pesar, quase como se falasse pra mim mesmo.
Era ela. A única que eu queria, a única que conseguia despertar algo dentro de mim que ninguém mais conseguia.
Era um filho da p**a, mas tudo que eu conseguia lembrar era da sensação de tocar sua pele, do desejo que beijar sua boca.
Isso era o meu maior inferno.
...
Sentei na beira da cama, o laptop aberto, o celular ao lado.
Fiquei ali alguns minutos, encarando cada foto dela, cada vídeo, tentando decifrar cada gesto, cada olhar.
Queria entender. Queria saber o que aquela mulher fazia comigo.
Porque eu sentia em cada célula do meu corpo, aquele sentimento vivo, pinicado como fogo a me queimar.
Mas não podia ser direto.
Não podia me mostrar. Ela não podia saber que era eu.
Isso seria suicídio emocional… mas o jogo de cat-and-mouse que eu estava prestes a iniciar me excitava mais do que queria admitir.
Passei o perfil dela em revista, memorizando cada detalhe.
Cada rede social que pudesse usar, cada contato antigo, cada possível endereço.
Cada coisa que me levasse a ela. E então percebi: ela estava ativa. Não muito, mas o suficiente para eu conseguir rastrear alguma movimentação.
— p***a…
murmurei.
— Finalmente…
Abri uma aba separada, procurando por eventos, lugares que combinassem com o tipo de vida que ela levava. Hotéis de luxo, festas exclusivas, clubes privados. Tudo que pudesse ser “o mundo dela” sem que ela suspeitasse.
Cada perfil que eu passava, cada foto pública, cada comentário… tudo era uma pista. Tudo era um caminho que me levava até ela.
E então veio a primeira ideia: precisava falar com ela. Mas sem que ela soubesse que era eu. Sem nenhum traço que a ligasse ao passado.
Fechei os olhos e revivi o momento na casa de Cadu.
O olhar dela, o sorriso ácido, o veneno contido em cada palavra.
Porra… aquilo ainda queimava dentro de mim. Cada frase, cada gesto, cada passo dela tentando me deixar maluco…
O que ela pretendia? me testar… me punir…
Porque hoje? Porque em uma despedida i****a duas semanas antes do casamento quando eu já tinha aceitado a merda que era a minha vida.
Não havia respostas, ainda. Mas isso não vai demorar ou iria enlouquecer.
Peguei o celular e comecei a montar um perfil falso. Um nome, fotos, tudo que pudesse atrair a atenção dela.
Precisava parecer alguém comum, mas interessante. Alguém que pudesse se aproximar dela sem levantar suspeitas.
Enquanto digitava, a tensão me consumia. Cada detalhe precisava ser perfeito. Cada passo precisava ser calculado.
Comprei um perfil quase real, com tudo que um dos seus clientes, talvez tivesse.
A obsessão queimava em mim, mais intensa a cada segundo. Ela estava ali, ao alcance de alguns cliques, e eu sentia que podia tocar cada pedaço de lembrança, cada pedaço de desejo que ela deixou em mim.
E então pensei: a primeira mensagem seria só um teste.
Uma provocação sutil. Um jeito de sentir a reação dela, sem entregar nada.
Ela deve esta em alerta agora, fugiu de mim porque sabe que o que a gente teve não foi a p***a de um caso banal adolescente.
Foi forte! Foi... c*****o, foi a p***a da melhor relação que eu tive com alguém em toda minha vida.
E nada mais fazia sentido agora, tudo que minha mente pensava era que eu a tinha de volta.
Cruel e até sujo pensar assim, mas era a única verdade que queimava em meu ser.
Cravado nas minhas entranhas.
...