Parei o carro em frente a casa dela.
Ela suspirou olhando pra direção da porta.
— Posso te ver hoje ainda?
Ela me olhou e acenou que sim, suavemente, tão suave que até parecia está com medo.
— Não fica assim, eu vou dar um jeito nisso.
— Você promete?
Acenei que sim e puxei sua nuca, beijando seus lábios com suspiros pesados.
— Eu... Vou te esperar no balanço.
Abrir um sorriso pequeno, tentando mostrar normalidade que não havia.
— Te amo.
Declarou.
— Eu também amo você, agora... Vai ou seu pai vem te arrancar de dentro do carro.
Ela sorriu, com humor sincero e me deu outro selinho rápido, saindo do carro.
Esperei ela entrar, antes dando uma última olhada, e partir de volta ao inferno que minha mãe sempre me colocava.
...
Parei em frente da minha casa e fiquei em silêncio no carro, o motor desligado, sentindo a respiração ainda acelerada, o coração martelando.
Cada gesto dela na minha frente ainda queimava minha memória.
Ela entrou em casa devagar, hesitante, e eu não pude deixar de me sentir protetor, querendo garantir que nada nem ninguém a atingisse.
Caminhei pra perto da casa furioso. m*l atravessei a porta, minha mãe estava ali, com o olhar afiado, cruzando os braços.
— Edgar, precisamos conversar sobre essa garota.
— Eu já disse, mãe, ela não é qualquer uma.
Tentei controlar minha raiva, mas era impossível.
— Eu amo ela.
Ela me encarou, chocada, incrédula.
— Edgar… só fazem alguns meses que estamos aqui. Isso é tudo culpa do seu pai que insiste em ficar nessa cidade. A gente não precisa dessa cidadezinha!
Meu pai suspirou, tentando intervir.
— Olívia… calma…
— Culpa sua Jorge!
minha mãe o cortou, apontando o dedo para mim.
— E culpa é sua, Edgar! Se envolvendo com uma qualquer!
ela gritou.
— Nua! Na sua cama! Uma garota sem classe, sem visão de futuro… que vai engravidar de você só pra viver às nossas custas!
Senti meu sangue ferver. Olhei para meu pai, que permaneceu calmo, mas sério, questionando:
— Edgar, você está se prevenindo com ela? Essas garotas daqui… não têm perspectiva. Só pensam em casar e se acomodar nesta cidade… Eu não concordo com sua mãe, mas nesse ponto, ela está certa.
disse meu pai, olhando firme para mim.
— Pai, ela é diferente. Ela não pensa assim, e mesmo se pensasse, eu ajudaria ela a enxergar o mundo. Isso não é desculpa para rejeitá-la ou humilhá-la.
A raiva e a determinação queimavam em cada palavra que eu dizia.
Minha mãe me olhou, fria como gelo.
— Nunca vou aprovar. Nunca, você só tem 19 anos! Ainda tem muito pelo frente e ainda depende de nós. Eu não aceito isso!
saiu furiosa, batendo a porta atrás de si.
Meu pai apenas suspirou, olhando para mim.
— Nada vai mudar o que eu sinto. Pai.
Respondi com firmeza, o coração pesado, mas seguro da minha escolha.
— Não desafie sua mãe Edgar, A respeite! Mesmo que não concorde com ela.
Ele acenou, resignado, e se afastou.
...
Tentei sair naquela noite, mas meu pai me viu e foi firme quando disse:
— Edgar, aonde você vai?
Puxei o ar pesado e virei olhando pra ele..
— Eu preciso ver como ela está.
— Sua mãe foi bem firme, você está cutucando ela desta forma. Não queira ver até onde a determinação dela vai filho.
— Eu não posso ficar aqui depois de tudo que ela disse a Clarisse pai!
— Pode e vai! Quem está mandando agora sou eu Edgar!
Dei uma volta sem rumo, passando a mão nos cabelos. Olhei pra ele novamente contrariado.
— O que vão fazer? Me mandar de volta é isso?
— Não nos desafie!
Ele apontou pra mim.
— Essa garota é perigoso, te pôs contra nós! Isso eu não permito.
— Rsrs..por... Contra vocês?
Soltei uma risada irônica. Ele me olhou mais firme..
— Eu já avisei.
....
Não tinha escolha a não ser ficar naquela maldita casa, esperando pro dia seguinte chegar.
Meus pais... Eu os conhecia muito bem pra saber que do mesmo jeito que me trouxeram pra essa cidade, contra gosto, eles me tirariam dela.
....
No dia seguinte, o clima na escola estava pesado. Cada corredor parecia maior, mais silencioso. Quando entrei na sala e vi Clarisse, senti uma mistura de desejo de protegê-la e medo de perdê-la de novo.
Como vou explicar o porquê não fui, sem machucar ela?
Ela estava quieta, os ombros curvados, mas me encarou quando sentei ao lado dela.
— Não conseguir ir ontem, tive um problema... Está tudo bem?
perguntei baixinho, tentando parecer calmo.
— Eu te esperei...
— Desculpa, não vai mais acontecer. Eu juro.
Ela me deu um pequeno sorriso, mas os olhos revelavam insegurança.
Senti o olhar do Marlon sobre nós, como se já percebesse que algo tinha mudado, que algo estava errado, mas ele ainda não sabia o que. Mantive minha mão próxima à dela, discretamente, apenas tocando seus dedos.
— Confia em mim.
sussurrei.
— Nada vai mudar o que a gente sente.
Ela respirou fundo, encostando levemente a mão sobre a minha. Foi um gesto simples, mas suficiente para eu sentir que ela precisava de segurança, precisava sentir que ainda estava comigo, que podia confiar.
....
CLARISSE:
Eu não sabia como segurar tudo que estava sentindo. O silêncio dele no carro me matava também. Finalmente, ele quebrou:
— Clarisse… fala comigo. Esse silêncio está me destruindo.
Engoli em seco e comecei:
— Sua mãe… ela… ela me chamou de prostituta, Edy. Quase isso… porque eu estava com você.
Ele segurou minha mão e disse firme:
— Não liga pra nada que ela falou.
— Como não ligar? É sua mãe! Ela sempre vai estar ali…
minhas palavras saíam rápidas, desesperadas.
— Não vamos pensar nisso agora.
— Ela nunca vai me aceitar.
Ele apertou minha mão e olhou nos meus olhos:
— Ela não precisa te aceitar. Nada disso importa agora.
Respirei fundo, tentando organizar minhas ideias, mas a raiva e a confusão tomavam conta:
— Você não tá fazendo isso por rebeldia, está?
perguntei, quase em sussurro.
— Eu não acredito que estou ouvindo isso de você?
ele respondeu, incrédulo.
— É tudo tão rápido…
disse, minha voz tremendo.
— tão intenso, tão confuso…
— Confuso? Você diz que me ama!
— Eu amo!
minha afirmação saiu firme, mas meu peito doía.
— Então por que dúvida? Por que dúvida de mim?
ele perguntou, a raiva misturada com dor na voz.
— Talvez… porque você não me contou que terminou com outra garota um dia antes da primeira vez que ficamos juntos.
minha voz ficou dura.
— Que diferença faz!?
ele explodiu, raivoso.
— Faz diferença!
gritei
— Porque se sua mãe falou, é porque existe histórico!
Ele me olhou ofendido, os olhos faiscando:
— Se eu quisesse ela, Clarisse… seria com ela que eu estaria! Não aqui com você!
A indignação me tomou. Eu não podia acreditar no que ouvia. Saí do carro, batendo a porta com força.
— fica com ela então!
— Clarisse, espera!
ele gritou.
Mas eu entrei em casa correndo, sentindo o coração disparado. Ele bateu na porta, insistindo:
— Abre a porta, Clarisse!
Minha irmã abriu a porta do meu quarto, estava deitada sobre a cama, chateada. Nervosa.
— Ele precisa ir embora! O pai tá quase chegando e a mãe também… se eles te verem aqui, vai acabar com o namoro. E eu não quero pagar por coisas que eu nem fiz.
Suspirei pesado.
— Pede pra ele ir embora, eu não quero falar com ele. Não agora.
— E o que eu digo a ele?
— Que é melhor falar outra hora.
murmurei, tentando controlar a respiração.
Ela acenou descendo, tranquei a porta do meu quarto, se ele ousasse subir.
Mas ouvir quando ela mandou ele embora por causa do nosso pai.
— Ela disse que não quer falar com você agora, é melhor você ir, se não o pai vai acabar com esse namoro. Se ele ver isso, já era sabia?
— Eu só preciso de um minuto... Só isso.
Ouvir sua voz, meu coração angustiado.
— Vai ter esse minuto depois, agora vai ou não vai ter mais nenhum um segundo se o pai ver isso.
Não ouvir mais nada, só o silêncio e ela fechando a porta.
Eu o vi se afastar pela janela, escondida.
Ele passou a mão pelo rosto, desnorteado, e se afastou, se acomodando de longe, talvez esperando que eu saísse.
Quando as luzes da casa apagaram, ele se aproximou de novo, jogando pedrinhas na minha janela. Meu coração disparou.
— Edy?
murmurei.
— Vou subir.
— O quê!? Não!
Mas ele não deu ouvidos. Subiu pelo porta-flor e telhado, até chegar ao meu quarto pela janela.
— Edy… se meu pai te pega aqui… ele vai te matar. Vai embora, isso é loucura!
Ele segurou minha nuca, me olhando intensamente:
— Eu sou louco sim, por você.
Não resisti.
Ele me beijou com fervor, e eu cedi, o abraçando e enroscando minhas pernas em sua cintura. Ele me carregou para a cama, ainda beijando meus lábios com urgência.
— Fala que me ama, Clarisse.
ele murmurou contra meus lábios.
— Eu te amo… tanto, tanto, Edy.
— É só isso que preciso.
Nossos corpos se encontraram com intensidade, explorando cada toque, cada suspiro. Ele me cobriu com sua presença, e eu me deixei levar, esquecendo tudo. Cada beijo, cada toque era um grito silencioso do que sentíamos.
...