A decisão certa, A mais difícil.

1156 Words
... Na manhã seguinte, acordei com o sol entrando pela janela e encontrei Edgar olhando o celular. Seus dedos deslizavam sobre a tela, seus olhos atentos. — Muitas mensagens? perguntei, ainda deitada, com a voz rouca pelo sono e pelo calor da noite. Ele negou, soltando o aparelho, e me beijou com aquela calma e possessividade que me deixava sem ar. — Você dormiu pouco. disse, tentando mudar o assunto. Mas eu não queria, eu precisava de mais. Ir mais afundo entender o que estava passando na cabeça dele. Entender se ainda precisava me proteger. — Eu entendo você, Edgar… tem um bebê envolvido, e faltam poucos dias pro seu casamento, só toma cuidado com o que vai fazer, não quero ser o motivo pra destruir uma família... continuei, tentando colocar ordem no turbilhão de pensamentos. Ele respirou fundo e segurou meu rosto, os olhos queimando. — Eu não vou te perder de novo. — Você não vai. garanti, sentindo meu coração acelerar. — Podemos enfrentar isso juntos... Mas não me peça pra ser sua amante ou pra manter isso escondido. Eu não vou repetir os erros do passado. — Ja tomei minha decisão, ela não mudou... Ele me tomou novamente nos braços, e naquele instante, tudo parecia certo e errado ao mesmo tempo. Mais tarde, enquanto ele se arrumava para voltar, disse: — Você pode ficar o tempo que quiser aqui. Ninguém sabe desse lugar. Sorri pequeno, sentindo um conforto estranho por estar ali. Ele me beijou mais uma vez, e meu coração apertou, confuso. Não sabia se havia feito a melhor escolha, mas queria tentar. — Vou contar tudo pra Liana. Ela sabe de você, do meu passado… e vou resolver isso. Cancelar esse casamento, e sobre meu filho, eu não vou abandonar ele. — Não esperaria menos de você. Senti seus lábios pressionar os meus, com suspiros pesados. Contrariados a sair. — Descansa... Disse baixo, acenei que sim com um sorriso bobo. Quando ele saiu, puxei o lençol com o cheiro dele. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me convencer de que estava fazendo a escolha certa. Mas dentro de mim, sabia que queria mais… queria tentar estar com ele, mesmo que o mundo inteiro conspirasse contra nós. ... EDGAR: As horas haviam se passado, já amanhecia quando entrei em casa novamente. Os passos pesados, o peito apertado como se cada batida fosse um golpe. Assim que empurrei a porta, encontrei Liana na sala. O rosto dela estava inchado, os olhos vermelhos, a respiração trêmula. — Pra onde ele foi mãe? Consegui falar com ele? Eu.. eu não queria que ele saísse daquela forma. A mãe dela estava sentada ao lado, como se fizesse guarda. E então ela me viu. — Edgar… A voz dela quebrou. — Onde você estava? Eu fiquei tão preocupada. Disse vindo em minha direção. Respirei fundo, tentando conter a confusão que queimava dentro de mim. — Eu precisava de ar. De um tempo pra pensar. Ela correu até mim e segurou meu rosto com as mãos frias. Antes que eu recuasse, ela me beijou como se aquele contato fosse a última esperança dela. — Me desculpa… eu exagerei. Você tinha razão. Não era sobre as flores, nem sobre escolher nada… eu só queria você comigo. Meu corpo endureceu. A verdade me pesava demais para corresponder. Virei o rosto na direção da mãe dela. — Podemos ficar a sós? Ela hesitou, mas assentiu e saiu em silêncio. A sala ficou carregada, como se o ar tivesse engrossado. Liana me olhava com os olhos úmidos, implorando por uma resposta que eu não sabia dar. Suspirei, sentindo a garganta seca. — Eu não posso mais me casar com você, Liana. O impacto tomou conta dela. — O quê? sussurrou, como se não tivesse entendido. — O que você está dizendo? Desviei o olhar, buscando coragem. — Eu sei do filho. O choque dela foi imediato. — O quê?… Não, não pode ser… Era pra ser uma surpresa! As lágrimas escorreram de imediato, manchando o rosto já cansado. — Eu ouvi você e sua mãe conversando. Passei a mão pelo cabelo, nervoso. — Eu sabia, Liana. Mas… não esse não é o motivo, ele não tem nada haver com o que eu vou dizer agora. Ela respirava rápido, tentando se recompor. — Então por quê? Por que dizer isso agora? Falta poucos dias pro casamento, isso.. isso não pode está acontecendo!! Engoli em seco, o peso da verdade me esmagando. — Porque eu encontrei Clarisse. As palavras saíram como uma sentença. Liana recuou um passo, o rosto se transformando em pura incredulidade. — Clarisse?… Aquela… A voz dela se desfez em soluços. — você não pode estar falando sério. Fechei os olhos por um instante. — Eu não posso me casar com você amando outra mulher. Não seria justo. — Justo? ela gritou, a voz embargada. — Não! Não fala isso! Você não ama outra, Edgar! Ela! Sempre ela! Essa mulher só aparece pra te desestabilizar, pra me roubar o que é meu! — Liana… — Não! ela o interrompeu, desesperada, batendo no próprio peito com força. — Eu sei que nós não estamos bem, mas eu não posso continuar com esse casamento por causa da criança. — Não! a voz dela explodiu, embargada. — Não fala isso! Não é por causa da criança… é por amor! Você me ama! Engoli em seco. — Eu sempre fui sincero com você, Liana. Sempre. Nunca escondi o que sentia. O rosto dela mudou, os olhos se tornaram um poço de raiva e dor. — Não! Você não deixa aquela fantasma ir embora! Anos, Edgar! Anos já se passaram! Cada palavra dela me atingia como golpe. Eu não consegui responder. Foi quando ela cuspiu a pergunta que cortou meu silêncio ao meio: — Você a procurou? Meu coração parou. Não disse nada. Os olhos dela se encheram de lágrimas, tremendo. — Meu Deus… você ainda espera por ela! Você encontrou com ela Edgar! Ela não esperou resposta, negando, se afastando. — Nós seríamos uma família agora! Você, eu e nosso filho. Eu não vou aceitar! Não de novo! Não vou deixar aquela mulher arrancar você de mim mais uma vez! As lágrimas dela eram de dor e raiva misturadas, cada palavra me cortando por dentro. — Isso... Isso não pode está acontecendo, não pode! Seus passos antes firmes vacilaram, ela se apoiou na parede. Dei um passo à frente para segurá-la, mas antes que pudesse, vi os olhos dela perderem o foco. — Eu não... Vou deixar... Seu corpo declinou a cair. — Liana! corri quando o corpo dela vacilou, os joelhos cederam e ela caiu contra mim, completamente sem forças. — MERDA… A segurei nos braços, sentindo o peso dela como uma âncora puxando meu peito para o fundo. — Liana! Fala comigo! O desespero me tomou inteiro. Minha voz ecoou pela casa, carregada de pânico e culpa. — Alguém me ajuda! .....
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