JOHN

577 Words
Nunca pensei que o amor fosse tão destrutivo.  No começo tudo parece comum, até tomar proporções que não sabemos controlar. Não sabemos mais viver sem a pessoa, sem ouvir sua respiração ou ouvir a sua risada todas as manhãs.  Megan foi assim, um amor desses que arrancam a razão. Acho que era pelo fato de ser tão boa, uma pessoa tão ingênua e tudo aquilo que eu jamais seria. Eu era a razão (por um momento) e ela era o sentimento. Como duas cores lindas, ela era o vermelho (quente) e eu o preto (o vazio, a escuridão) mas, que juntas eram uma cor vazia (marrom). Não éramos cores primárias, de nós, outras cores lindas não surgiam.  Mas eu sabia disso, porém eu queria que de alguma forma, uma luz surgisse de nós. Eu queria ser aquele homem pelo qual ela esperaria todas as noites com um sorriso e uma música romântica. Eu quis ser o homem com o qual ela dormia e acordava e que nesse meio tempo ela sonhasse.  Tudo isso foi o que se passou pela minha cabeça quando ela me apunhalou.  Meu amor eu estive aqui por você, mas ela nunca esteve aqui por mim. Ela era o sonho inalcançável, e ela se uniu a uma pessoa que era ainda pior de aceitar, Nicolas era como ela, eu o olhava e via o brilho de uma cor viva da qual eu nunca faria parte nas palhetas.  Eles eram ótimos, pessoas das quais outras pessoas queriam a companhia, e que nunca tinha um motivo além da sua boa presença. Não era como eu, que havia tentado recomeçar diversas vezes, mas sempre era acompanhado por almas vazias e cheias de luxúria ou inveja.  Eu tinha um dom, era persuasivo, era charmoso e talentoso em diversas coisas, mas a minha personalidade forte sempre me fazia pisar em pessoas como eles. Pessoas as quais eu invejava, e até matava por esses sentimentos.  Lembro-me de ver minha vida passar diante os meus olhos. É o que dizem quando estamos morrendo e foi exatamente o que me ocorreu após sentir aquela lâmina me atravessar, partindo meu peito e meu coração de uma maneira figurada.  Então é isso, aqui é como o purgatório, e vocês vão descobrir o que aconteceu comigo durante toda a minha jornada, até a pequena Megan.  Não há nada de belo, não há nada com o qual eu possa me lembrar e sentir saudades. Tudo é sujo e perigoso, e até mesmo devastador.  Não me tornei quem sou da água pro vinho, não enriqueci sentado atrás de alguém. Eu fui atrás dos meus sonhos, se é que eu pudesse sonhar, fui atrás do meu sonho de consumo. As viagens, as loucuras, as histórias intrigantes, meu eu.  Eu era bom naquilo, tive muitas oportunidades, eu sabia viver. Acho que podia dizer que seria um ótimo guia para quem nunca saiu de uma bolha de regras. Ou talvez destruir uma boa alma, também era um hobby.  Acontece que não vou poupar detalhes, e muito menos mascarar a verdade. Encontrei pessoas boas, e pessoas muito ruins. Então não vai ser algo muito bonito de lembrar.  Aqui é o purgatório, então eu preciso buscar tudo dentro de mim, somar os pontos e ver pra onde irei. A questão é, quem vai concordar comigo, quem está disposto a acreditar no que digo depois de tudo? Quem vai pôr a mão no fogo por mim, mais uma vez?  Desabafo de um psicopata 
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