Capítulo 08

1919 Words
EU ESTOU IRRITADA e é perceptível para Isabel que me seguiu com passos longos após o meu terrível escândalo. Não sou acostumada em ir para a praia noturna, na verdade, não sou acostumada a ir para a praia. Em Costa Rica, meu tempo era dedicado somente ao estudos e quando terminei, saia para festas com Mia, e poucas vezes para as praias da cidade, mas nunca adentrava elas a noite. Não sou uma pessoa medrosa, sou prevenida, e após pesquisar sobre as praias brasileiras, o que li de relatos sobre os incidentes marítimos, não me agradou nem um pouco. Inclusive, quando Isabel sugeriu irmos a praia, se eu tivesse imaginado que seria a noite, teria negado sem pensar duas vezes. Marcos não veio com a gente, pois com a rapidez da minha opção de voltar para casa, ele preferiu ficar na praia curtindo. — Quem aquele ser humano pensa que é? Ai que ódio! — falo exasperada. Isabel pelo visto estava se segurando muito para não rir, pois no segundo seguinte a mesma coloca a mão na boca rindo disfarçadamente. — Sabia que corre um risco grande de eu desistir de ser sua amiga? Tô pensando seriamente. Dramatizo e puxo meu vestido da mão da morena. Havia esquecido que me encontro somente de biquíni. — Você não viveria sem mim. Quem iria lhe guiar por São Paulo? — Ok, mudo minha opinião. SE você me apresentar o açaí de vocês. Enfatizo erguendo minha sobrancelha em sua direção. Observo um sorriso se abrir em seus lábios e a mesma concorda. Ela veste novamente sua roupa e eu lhe acompanho, já havíamos chegado ao lado de seu carro, então após ambas estarem prontas, ela me manda entrar no lado passageiro e segue para o lado do motorista. Não demora pra ela dar partida, e enquanto isso pego meu celular para ver as mensagens. 6 mensagens de duas conversas. Uma era de Mia e a outra de meu pai. Leio primeiro as de Mia que pergunta como está indo o turismo pela cidade, respondo rapidamente que lhe contaria detalhes mais tarde, as de meu pai sequer visualizo. Deixaria para mais tarde. Isabel liga o som do carro e o ambiente é preenchido por uma melodia animada, que lhe faz batucar os dedos sobre o volante e se remexer sobre o banco. Sua animação é tanta que me contagia, tento seguir seu ritmo mas paro rindo segundos depois. — Eu sou péssima nisso — me ajeito sobre o banco e encosto minha cabeça sobre o vidro do carro. O trânsito noturno de São Paulo é lindo. Abaixo o vidro para observar melhor e o ar fresco bate sobre meu rosto fazendo meus cachos voarem em minha face. Fico observando o caminho até Isa parar e estacionar o carro. — Bom, chegamos. Desliga o motor e retira a chave, então eu sigo-a retirando o cinto e abrindo a porta com cuidado. Com o meu celular em mãos e minha bolsa sobre o ombro, fecho a porta e aguardo Isabel trancar seu carro. — Se prepare pra comer o melhor açaí do mundo. — Chega ao meu lado e enlaça meu braço ao seu. — Estou mais que preparada! [...] A noite foi finalizada por volta de meia-noite por exigências minha. Se eu tivesse feito a vontade de Isabel, amanheceriamos sobre as ruas de São Paulo, mas lhe lembrei que no dia seguinte, cedo, teríamos aula. Ela me deixa na frente do apartamento e me despeço rapidamente dela. Meus pés clamam por descanso. Subo para meu andar com minhas sandálias em mãos e solto um longo suspiro quando a porta do meu apartamento se abre. Nunca quis tanto estar em casa como agora. Solto as sandálias assim que entro e fecho a porta. Caio deitada sobre o sofá deixando a bolsa sobre o chão e puxo meu celular desbloqueando-o. Penso em ligar para meu pai e lhe contar como sua outra filha é, mas desisto por conta do horário. Não iria acordá-lo. Visualizo suas mensagens e mordo meu lábio enquanto leio-as. "Oi, filha. Como vão as coisas?" "Já conheceu Pilar?" "Quando puder, me responda :'(" Faço um biquinho de dó sozinha. Sinto tanta falta dele. E saber que viajei com raiva do mesmo, me machuca mais ainda. Mando uma rápida mensagem dizendo que estava bem e que ligaria pra ele no dia seguinte. Vou para as mensagens de Mia e ela não havia visto as que eu havia mandado mais cedo. Conto cada detalhe pra mesma sobre meu dia, inclusive do que aconteceu na praia. Aposto que quando ela lê, irá rir da minha cara. Conheço bem a melhor amiga que eu tenho. Bloqueio meu celular e fico olhando o teto, sinto meus olhos irem pesando, e antes que eu possa adormecer ali mesmo, levanto-me do sofá e sigo pra cima, para que eu possa tomar um bom banho e tirar todo suor grudado em meu corpo. Enquanto a água morna vai caindo sobre meu corpo, vou repassando tudo que aconteceu hoje durante o meu dia, desde o meu encontro "super amoroso" com minha meia-irmã, até o momento em que Isa me deixou em frente ao meu apartamento. Inclusive, o açaí em que ela me apresentou é uma delícia, porém as coisas que ela pediu pra eu colocar no meu, tornou-o enjoativo. Finalizo meu banho e escovo os dentes. Puxo uma toalha e enrolo em meu corpo, volto para o quarto e visto o pijama separado anteriormente por mim. Não molhei meu cabelo na água da praia e agradeço por isso, seria uma luta eterna lava-lo uma hora dessa e finalizá-lo. Desço até a cozinha e abro a geladeira puxando a garrafa d'água. Não sinto fome por causa das coisas que havia comido mais cedo. O hot dog estava uma delícia, por eu ser vegetariana, Isabel pediu que colocassem somente o molho, milho e o purê, e mesmo assim ficou uma delícia. Bebo um copo d'água e subo novamente para o quarto. Coloco o alarme pra tocar, para não haver atraso novamente e deito em minha cama, não tardando para o sono vim e fazer-me adormecer. [...] 06:00. Esse é o horário em que desperto. Bufo assim que encaro a tela do celular e logo bloqueio. O alarme ainda não havia tocado, estava previsto para daqui quinze minutos. Encaro o teto por alguns segundos e quando a coragem vem, levanto da cama. Aposto que a mesma deseja estar me puxando nesse exato momento para me aconchegar. Calço a pantufa que havia colocado perto da cama assim que deitei ontem e me levanto. Hoje meu cabelo não escaparia, iria dar uma rápida lavada no mesmo. Já havia organizado algumas coisas no guarda-roupa, então vou até o mesmo e procuro por algo confortável pra vestir, mas lembro-me das calças que Isabel obrigou-me a comprar ontem e puxo a sacola da loja, pegando uma delas. A deixo sobre a cama e procuro uma blusa, acabo por pegar uma camiseta com botões branca que iria combinar com a calça preta e coloco-a na cama juntamente a calça. Retiro meu pijama e vou até o banheiro. Deixo o shampoo com o condicionador e a máscara que irei usar próximo, logo faço minhas higienes e entro debaixo do chuveiro. Meu banho demora cerca de trinta minutos por conta do cabelo e agradeço por ter acordado antes do alarme tocar, ou novamente eu me atrasaria. Puxo uma toalha e enrolo no cabelo, enquanto a outra estar sobre meu corpo. Saio, visto a lingerie e coloco a toalha sobre a cama, fazendo uma nota mental para não esquecer de colocar no banheiro antes de sair. Passo um creme de pele sobre meu corpo, e logo retiro também a toalha da cabeça, sentindo meus cachos baterem em minhas costas. Eles não são volumosos, mas ainda sim precisa de uma boa finalização para os cachos ficarem bem ativados. Penteio e passo um creme para cachos e finalizo-os, logo vestindo minha roupa pois já sentia o atraso chegando. Em meu rosto não passo nada, somente nos olhos que passo um rímel e nos lábios um hidratante por causa da mudança de tempo. Calço um coturno e puxo minha bolsa com a pasta e o caderno, logo pego meu celular e os fones, cartão e dinheiro enfiando tudo na bolsa. Ainda precisava chamar um táxi pois se eu fosse a pé, me atrasaria. [...] O dia passou estranhamente rápido. Tive aula de linguística e pela glória não me atrasei, acabei encontrando Marcos assim que adentrei o campus e a primeira coisa que ele disse, foi que minhas olheiras estavam enormes. Lhe mostrei o dedo do meio e adentramos a sala juntos. — Seu mico de ontem a noite foi demais, garota — Marcos, que estava do meu lado enquanto seguiamos para a saída, diz. — Sinto em te dizer, mas se aquela for a sua forma de conquistar alguém, você morrerá solteira. Ele me zoa e empurra meu corpo para o lado. — Vai se ferrar, garoto! Foi somente um reflexo, e eu tenho plena convicção que não irei mais ver aquele homem, nem mesmo em meus sonhos — pisco, enquanto ajeito minhas coisas na bolsa. No caminho para a faculdade, dentro do táxi, me convenci a ir novamente a casa de Pilar. Vê-la novamente talvez me faça bem, e quem sabe eu não tento conquistar minha meia-irmã. Eu precisava disso. — Bom, eu vou indo. Caso veja a Isabel, avisa que eu mandei um beijo — despeço-me de Marcos com um beijo no rosto. — Pode deixar, até amanhã, gatinha. Aceno rapidamente em sua direção e vou me afastando. Quando chego do lado de fora da faculdade, aceno com a mão quando vejo um táxi vazio e assim que ele para, entro do mesmo. Lhe dou o endereço e ele parte para o destino. São quinze minutos da faculdade até a casa de Pilar, constato isso quando encaro a tela do meu celular. Meu pai não havia me mandado mais mensagens e sequer cobrou a ligação que eu havia prometido, acho isso bastante estranho mas não me importo, não naquele momento. Pago o táxi e desço dele. Em passos lentos vou seguindo até a casa de Pilar, bato uma, duas vezes em sua porta e não demora para uma cabeleira ruiva e cacheada abrir a porta. Quando me vê, Marjorie muda rapidamente sua feição de risonha para uma feição debochada. — Veio fazer o que aqui, garota? Não cansa de ser ignorada por mim, ainda vem atrás? — Sua voz soa e eu engulo em seco rapidamente. Tá difícil, viu destino. Mas, estou tentando. — Marjorie!! Não fala assim com a sua irmã — Pilar aparece na porta repreendendo a filha e me encara com os olhos brilhando. Ela parece estar bem melhor do que da última vez que a vi, mas as manchas abaixo dos seus olhos mostram o quão difíceis estão sendo suas noites. — Ela não é minha irmã! — Desculpa incomodar e aparecer assim de repente, mas eu precisava vim. — Não tem problemas, filha. Não ligue para o que a Marjorie diz, não sei o que ela tem ultimamente, mas não foi essa educação que eu dei a ela. Entre — me dá espaço e observo Marjorie me olhar com o seu olhar de sempre. Intercalo meu olhar entre as duas a minha frente e então decido entrar. Eu sinceramente estou xingando meu pai de todo nome nesse momento por me fazer conquistar uma garota que por ela, eu estaria morta.
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