BETINA
Eu tava exausta, sentada ao lado da cama do Ben no hospital, segurando a mãozinha dele enquanto ele dormia. O rostinho dele tava mais corado, a febre baixando, e o médico disse que a doação da medula tinha sido um sucesso. Meu menino tava voltando pra mim, aos poucos, com aqueles cachinhos bagunçados e o sorriso banguela que me fazia derreter. Mas, mesmo com a alegria de ver o Ben melhorar, meu coração tava apertado, partido. O Renan tava sumido há dias, baleado, sequestrado pelo Zé da Faca, e as fofocas no morro diziam que ele tava morto. Cada vez que pensava nisso, sentia um vazio que me engolia, e o bebê na minha barriga parecia sentir, porque o enjoo voltava, mesmo com os remédios. Eu acariciava a barriga, falando baixo pro nosso filho:
— Teu pai vai voltar, meu amor. Ele tem
