1 Como você pôde

1593 Words
PONTO DE VISTA DE SABRINA O alarme toca e eu viro para beijar meu marido para dar bom dia, mas ele não está lá. Eu me levanto e ele sai do banheiro usando seu uniforme. — Por que você está acordado tão cedo? Pensei que seu turno só começasse daqui a uma hora. — Sabrina, se estou de uniforme e acordado, significa que tenho que ir para o trabalho — Eu me levanto da cama e começo a passar por ele. Com certeza, não preciso da atitude dele tão cedo de manhã. Ele segura meu braço — Desculpe, querida, eu só odeio quando eles me chamam a qualquer momento. Eu rio. — Entendo, você sabe que o hospital pensa que eles me possuem. Greg é um policial em nossa cidade e eu sou enfermeira. Eu o abraço e ele me beija antes de sair do nosso quarto. Assim que tomo banho e visto minhas roupas de trabalho, subo correndo para acordar nossa filha de três anos, Gabrielle. — Gabby, é hora de acordar, mamãe precisa ir para o hospital. Ela sorri e eu a pego, levando-a para o banheiro para sua rotina normal. Ela quer usar um lindo vestido de verão azul e eu coloco laços combinando em seu cabelo. Ela come seus cereais habituais e eu a levo correndo para a creche antes do meu turno começar. Bato o ponto com cinco minutos de sobra e meu dia louco começa. É um paciente após o outro quando você é enfermeira, especialmente quando trabalha no único hospital da cidade. — Sabrina, você pode atender o paciente do quarto número quatro? — Por que, Tracey, qual é o problema dele que você não quer cuidar? — É meu ex, você pode me ajudar, afinal você é minha melhor amiga. — Vou cuidar dele, mas você me deve um favor, porque você sabe que eu o detesto. — Tudo bem, eu te devo um favor. Pego a ficha e vou para o quarto quatro lidar com o i****a. Entro e ele sorri para mim. — Olá, John, o que te trouxe à emergência hoje? — Sabrina, eu estava esperando ver a Tracey, mas você é ainda melhor. Coloco as mãos na cintura. — John, isto não é uma visita social, apenas me diga qual é o seu problema. — Sempre adorei o quanto você é valente, é uma pena que aquele policial i****a te engravidou. — É isso, John, espero que você não tenha um problema grave porque está azarado em receber minha ajuda — Me viro para sair e suas palavras me detém. — Você é uma v***a, não é de se admirar que seu marido goste tanto da companhia de outras mulheres. Respiro fundo antes de sair do quarto. Não lhe darei a satisfação de uma reação. Quando chego ao corredor, sinto calor no corpo inteiro. Nem sei por que estou dando atenção ao que esse i****a diz. Greg nunca faria isso comigo. Ele me pediu em casamento antes mesmo de descobrirmos que eu estava grávida. Não, não vou deixar esse pedaço de merda colocar dúvidas na minha mente sobre meu marido. Desço o corredor e encontro Willow. — Sabrina, você está bem, parece que viu um fantasma? — Não, estou bem, só não tomei café da manhã hoje. Willow é uma médica que está fazendo estágio aqui antes de começar seu verdadeiro trabalho em algum hospital privado chique. — Acho que você está mentindo para mim, mas não vou te pressionar se você não quiser me contar. — Agradeço, mas realmente não é nada. — Vamos sair para tomar algo mais tarde, estávamos esperando que você pudesse ir com a gente, Sabrina. — Eu adoraria, mas com Gabby é difícil sair. Eu também gosto de jantar com Greg depois que ele passa o dia todo trabalhando. — Ok, sem problemas, talvez da próxima vez. Ela se afasta e eu volto a atender paciente após paciente. Quando dá três e meia, bato o ponto e vou buscar Gabby na creche. Voltamos para casa e começo a fazer o jantar enquanto ela brinca com suas bonecas. Quando percebo que são cinco e Greg ainda não está em casa, pego meu celular para ligar para ele. Vai direto para a caixa postal. — Greg, estava ligando para ver por que você ainda não está em casa. Me ligue de volta assim que receber esta mensagem — Desligo e envio a mesma mensagem por texto. Levo Gabby para cima e começo a dar banho nela. São quase seis e ouço a porta abrir lá embaixo. Respiro fundo tentando não me deixar irritar pelas palavras que aquele i****a disse antes mesmo de começarmos nossa conversa. Poucos minutos depois, Greg aparece na porta. — Desculpe pelo atraso, querida, foi um dia realmente longo. Tive tanta papelada para terminar que me senti afogado — Fico em silêncio, não vou brigar na frente da nossa filha — Ei, princesa, senti sua falta hoje. Ele se ajoelha ao meu lado, passando a mão pelo cabelo molhado da nossa filha. Termino o banho dela em silêncio e a levo para seu quarto, colocando seu pijama de princesa. Greg foi tomar seu banho, e fico feliz por ele não ter se juntado a nós na rotina da hora de dormir dela. Quero me concentrar em passar esse tempo com a minha garotinha. A aconchego e leio seu livro favorito antes de beijar sua testa, ligo a luz noturna e dou uma última olhada nela antes de sair do quarto. Eu desço para o banheiro de hóspedes e tranco a porta. Eu sei que estou agindo como uma criança agora, mas preciso de espaço para não dizer algo que vou me arrepender. Depois de terminar o banho, vou para a cozinha para lavar a louça. O telefone de Greg está na mesa e, em nossos três anos de casamento, nunca quis checar o celular dele até agora. Vou e volto em minha própria mente, lutando comigo mesma, mas a minha necessidade de saber vence. Pego o telefone dele e coloco o código normal, que é o meu aniversário. A senha está incorreta, ele mudou a maldita senha. Por que ele precisaria mudar a senha? Passo por algumas possibilidades em minha mente e decido tentar o aniversário da nossa filha. A tela acende e meu coração afunda ao ler mensagem após mensagem de uma garota chamada Megan. Não são mensagens inocentes do tipo: "Como você está?", são mensagens do tipo: "Eu amo quando você me fode forte, como fez hoje à noite", "Quando você pode escapar da maldita chata e me encontrar de novo?". Sinto como se não conseguisse respirar. Aquele i****a do hospital estava certo. Me inclino para a frente, agarrando a mesa para tentar respirar. O homem que eu achava que conhecia é um traidor, e eu estava cega. Tiro meu telefone do bolso do shorts com as mãos trêmulas e mando uma mensagem para Tracy vir buscar a Gabby. Ela nem faz perguntas e eu a amo por isso. Subo correndo as escadas, jogando algumas coisas em uma bolsa e pego minha filha nos braços. Desço e saio rapidamente. Tracey chega, e coloco Gabby em seu carro. Fecho a porta, e Tracey abaixa o vidro. — Que diabos está acontecendo, Sabrina? — Só leve Gabby para a sua casa, eu estarei lá em breve. Ela parte, e eu viro para uma casa que amo, com memórias de uma família que era de mentira, uma família que eu construí com um homem que prometeu me amar diante de Deus e de nossas famílias, mas que me traiu da pior maneira, me sinto tão estúpida e magoada agora. Respiro fundo antes de entrar novamente. Assim que entro, Greg desce as escadas. — Por que você estava lá fora, querida, e onde está Gabby? — Gabby vai passar a noite com Tracey para que você e eu possamos discutir o divórcio — Parece que acabei de dar um tapa nele. — Divórcio? Do que diabos você está falando, Sabrina? — Ele diz enquanto dá um passo em minha direção — Nós não vamos nos divorciar. — Não chegue perto de mim ou me toque. Você é um mentiroso e um traidor — Vou para a cozinha enquanto ele me segue. — Sabrina, fale comigo, o que diabos há de errado com você, você está falando loucuras! — Pego o telefone da mesa e o viro em direção a ele e agora parece que ele viu um fantasma — Por que diabos você estava mexendo no meu telefone? Isso é o que eu ganho depois de te mostrar isso. — Você se atreve a ficar chateado por eu ter mexido no seu telefone? — Sabrina, me escute, eu posso explicar tudo isso. — Você pode explicar como você fodeu a Megan com força, porque estou toda ouvidos — Há silêncio, e eu quero bater nele, mas estou magoada demais para sequer olhar para ele agora — Isso é o que eu penso. Espero que você e a Megan sejam muito felizes juntos. Eu passo por ele e vou para o quarto que dividimos nos últimos três anos e, olhando para a cama e pensando em todas as vezes que ele me fodeu depois de estar fodendo outra pessoa me dá vontade de vomitar. Ele entra, fechando a porta atrás de si. — Sabrina, podemos resolver isso, não vá embora. — Não podemos consertar nada porque eu não quebrei, você quebrou. A menos que você possa voltar no tempo e nunca me trair, isso não tem conserto.
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