— Ethan por favor. Não. Eu disse chorando.
— Como você pode? Eu te amo po*rra. Ele gritou para mim com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Essa não sou eu. Eu juro. Eu gritei desesperada.
— Ah, não? Não é você? Ele gritou, me mostrando novamente as fotos que haviam chegado num envelope no seu escritório.
— Ethan, não sou eu. Eu não poderia te trair. Eu não posso fazer isso, porque eu te amo. Eu disse em completo desespero.
— Chega! Ele declarou. — Saia da minha vida. Fora da minha vista. Eu nunca mais quero ter que olhar para você. Você não passa de uma va*dia, nojenta.
— Você realmente pensa isso de mim? Você realmente acha que eu teria coragem de fazer uma coisa dessas com você? Eu questionei com o coração transbordando de tanta dor.
A resposta de Ethan nunca veio, o que deixou claro para mim, qual era a resposta.
Episódio 1
O longo corredor que leva à sala de conferências, onde, Ethan e o seu advogado estão esperando, parece mais longo do que realmente é. Na mensagem que me enviaram, dizia que eu deveria procurar um advogado, mas eu ignorei. Eu sabia perfeitamente no que estava me metendo e o que tinha que assinar.
— Entre, senhora. Disse a gentil mulher que parecia me olhar com pena.
Eu agradeci a gentileza com um sorriso e entrei na sala onde me esperavam. Ethan, o seu pai e uma mulher elegantemente vestida fixaram os olhos em mim assim que eu entrei no local.
— Você veio sozinha? A mulher questionou, sem nem mesmo dizer "olá".
— Bom dia. Eu cumprimentei. — Sim, vim sozinha.
— Achei que você tivesse entendido que precisava vir com o seu advogado. Disse a mulher, num tom um tanto rude.
— Sim, entendi, mas preferi não fazer isso. Eu respondi.
— As questões que vamos discutir aqui justificam a presença de um consultor jurídico. Insistiu a mulher com altivez.
— Eu sei o que vim fazer, só me diga o que e onde devo assinar. Eu insisti.
O sorriso zombeteiro no rosto do pai de Ethan não demorou a aparecer.
— Sente-se. Ele disse, olhando para mim de um jeito que fez os meus cabelos ficarem em pé. Eu odiava que, apesar de tudo, Ethan ainda tivesse aquele efeito sobre mim.
Eu fiz o que o meu marido pediu e sentei o mais longe possível daquelas pessoas.
— Sra. Davis… A mulher tentou dizer, mas eu a interrompi.
— Por favor, me chame de Marian, ou use o meu nome de solteira se preferir. Eu respondi.
O olhar pe*netrante de Ethan caiu sobre mim novamente, fazendo-me se mexer desconfortavelmente na cadeira.
— Neste documento, estão estipuladas as condições do divórcio, como você entenderá, por infidelidade, a lei estabelece que você perde o direito aos bens do meu cliente, porém, num ato de boa-fé e levando em consideração que você não está no seu país, ele decidiu lhe atribuir uma pensão, por um tempo razoável. Concluiu a mulher.
Eu queria discutir, me defender, gritar na cara dela e mais uma vez com Ethan, que eu era inocente, que eu nunca havia traído, que eu nunca havia sido infiel, mas eu já estava cansada, farta de tudo isso. Fisicamente e mentalmente exausta de tentar me defender, agora eu sabia que isso não me levaria a lugar nenhum. O meu marido não acreditava na minha inocência e eu não iria insistir que ele fizesse isso. O que eu tinha certeza era que o seu pai tinha algo a ver com isso, mas não tinha ideia de como uma mulher como eu, sem recursos e nem nome, poderia confrontar aquele homem e desmascará-lo.
— Não quero nada, obrigada. Eu respondi friamente.
Ethan tentou falar, mas, o seu pai o interrompeu.
— Você certamente já resolveu tudo com o seu amante. Disse o homem mais velho, zombeteiro.
Eu apenas abaixei o rosto, eu queria acabar com aquilo o mais rápido possível, eu não aguentava mais a humilhação e os maus-tratos daquele homem. Desde o primeiro dia em que pisei na casa dos Davis, ele demonstrou o seu descontentamento com a nossa união. O que eu nunca imaginei é que esse amor não resistiria aos ataques, muito menos às mentiras e intrigas, daquele homem m*aligno.
— Pai. Ethan avisou em tom sério. — Aceite a pensão, Marian. Ele acrescentou, fazendo-me olhar para ele.
— Não precisa, obrigada. Eu respondi. A minha recusa não teve nada a ver com orgulho, mas sim porque eu queria cortar todos os laços com aquela família pela raiz. — O que é que eu tenho que assinar? Eu acrescentei.
A advogada levantou-se, colocou uma série de documentos na minha frente e indicou onde eu deveria assinar cada um deles. Eu reservei um tempo para ler e, ao terminar cada página, carimbei a minha assinatura nelas.
— Isso é tudo? Eu perguntei, depois de terminar de assinar.
— Sim, é só isso. Com isso, farei o pedido e em alguns dias vocês estarão divorciados. Respondeu a mulher.
— Bem, então vou embora. Eu disse, com um nó na garganta que me deixou à beira das lágrimas. Eu me virei e sai apressadamente daquele lugar, com a alma quebrada e o coração sangrando.
O nosso casamento durou um ano, apenas um ano. Nos fomos felizes, tínhamos muitos sonhos e planos juntos, mas de uma hora para outra, tudo desmoronou.
MARIAN
Eu peguei um táxi e vinte minutos depois já estava em casa. Bem, na casa onde eu moraria até aquele dia. Eu havia deixado a minha mala pronta, com o pouco que havia decidido levar. Eu entrei naquele lugar e a realidade bateu na minha cabeça. Aquela casa não seria mais o lugar onde eu veria os meus filhos aprenderem a engatinhar e andar, como eu tanto sonhei. Eu também não ia ver, ele correndo, brincando e fazendo barulho, enquanto Ethan e eu sorriamos felizes ao vê-los. Não seria mais o lar da minha família, a família que eu e o meu marido formaríamos. Eu não conseguiu evitar que uma lágrima traiçoeira rolasse pelo meu rosto ao ver como tudo tinha ido por água abaixo.
Eu subi as escadas e entrei no quarto, olhei atentamente para aquele lugar, lembrando-me de quantas vezes naquela mesma cama, fizemos amor, como dois famintos e quantos “eu te amo” foram testemunhados por aquelas quatro paredes. Eu olhei ao redor, para cada centímetro do lugar, e de repente senti como se estivesse sufocando ao me lembrar da última vez que eu fui dele, apenas algumas semanas atrás, antes que esse caos acontecesse. Eu peguei a minha mala e sai correndo daquele lugar aterrorizada. Eu sabia que se ficasse ali mais um minuto, eu iria desmaiar. Desci as escadas correndo, quase, mas parei na porta quando vi a foto do casamento na pequena mesa do hall de entrada. Eu não resisti à tentação de colocá-la na bolsa e levá-la comigo. Parecia masoquismo, sim, mas eu não podia evitar. Eu sorri ao lembrar o quão feliz eu me sentia, acreditando que somente a morte poderia nos separar, quando tiramos aquela foto.
— Delirante! Eu disse para mim mesma, como uma forma de reprovação.
— Senhora! Eu ouvi uma voz familiar dizer atrás de mim. — Você realmente vai deixar esse seu marido teimoso? Perguntou a mulher, num tom triste.
— Ele não é mais meu marido, Olivia. Eu respondi. — Nós assinamos os papéis do divórcio hoje. Acrescentei.
— Pobre homem, ele é tão bonito quanto brutal. Acho que ele não terá tempo suficiente para se arrepender. Disse a mulher.
Um leve sorriso cruzou os meus lábios enquanto eu me aproximava para dar um abraço carinhoso na mulher mais velha.
— E para onde você irá? Olivia perguntou.
— Ainda não sei. Respondi, enquanto me deixava envolver pelos braços pequenos dela.
— A minha casa é sua casa, senhora, e se você não estará mais aqui, eu também vou embora. Ela disse. — Não, não, você precisa do emprego, não faça isso, só por mim. Eu respondi desesperada.
— Não insista, porque eu não vou ficar. Declarou Olivia.
Eu assenti, entendendo que não conseguiria convencê-la. Se havia uma coisa que caracterizava Olivia, era a teimosia.
— Bem, então concordo em ficar na sua casa enquanto procuro um lugar. Eu respondi com um leve sorriso.
— Vou pegar a minha mala. Disse Olivia.
Dez minutos depois, eu e Olivia deixaram a casa, levando a tristeza como companheira.