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Mel acordou em sua casa com uma baita dor de cabeça. Ela se levantou e foi até o banheiro. Seu rosto estava h******l, como se estivesse de ressaca, seus olhos quase saltavam das órbitas e seu cabelo parecia um ninho de ratos. Pôs pasta na escova e escovou seus dentes lentamente. Tirou o vestido preto e o jogou longe no chão do banheiro e entrou no boxe. A água caia em seu corpo nu muito gelada, fazendo todos os seus pelos se eriçarem. Passou shampoo nos cabelos e os lavou. Se embrulhou na toalha vermelha e caminhou até o quarto. Verificou o celular e viu uma ligação perdida de Brian. Decidiu retornar.
- Brian? Bom dia. – sua voz estava se arrastando.
- Mel! O que aconteceu ontem? Você desapareceu na festa! – por um segundo ela ficou assustada e tocou o ombro direito que estava dolorido, sem perceber.
- Eu... eu não me lembro. – confessou. - Eu apaguei de verdade.
- Quem te levou pra casa? – sua voz parecia urgente e ao mesmo tempo preocupada. Esmeralda correu até a porta da frente e percebeu que estava trancada por dentro, suspirou.
- Eu voltei sozinha. - concluiu.
- Tem certeza? - ele tinha um tom de quem não acreditava no que eu dizia.
- Sim! A minha porta está trancada por dentro!
- Já verificou se está sozinha em casa?
- Brian! – do outro lado da linha ele suspirou.
- Tá! Só que da próxima vez, você me espera!
Esmeralda desligou o celular, ainda incomodada com o ombro e o olhou. O que ela viu foram cinco dedinhos pequenos marcados em sua pele com um tom de vermelho arroxeado em volta. Seus olhos olhavam para aquilo com preocupação. Ela não se lembrava de nada da noite passada, muito menos de como havia chegado em casa. Apenas lembrava de estar sentada bebendo uma única taça de vinho com sua melhor amiga na festa de Dylan e de repente... Uma menina de vestido vermelho e cabelos dourados apareceu e tudo pareceu ficar perturbadoramente errado. Aquela pequena marca em seu ombro direito tinha sido a menina que o havia feito, mas... como? Mel colocou um short e uma blusa leves e foi para a sala, não estava com fome. Ficou encarando o próprio reflexo na televisão. Suas pernas finas e longas, seus cabelos castanhos molhados por sobre a blusa, os olhos escuros como o anoitecer... Mas o sorriso usual havia sumido e dado lugar a grandes olheiras escuras. Ao se levantar do sofá para ir à cozinha beber água, ela tropeçou em algo e xingou.
- Merda...
Uma caixa azul estava pesadamente colocada no caminho, novamente com seu nome escrito em cima. Uma ruga preencheu toda a sua testa e seus olhos se estreitaram, desconfiados. Outra caixa? Como isso veio parar aqui? – pensou. Ao abrir encontrou outro CD, mas nada a mais que pudesse fazer a caixa ser tão pesada... Nele estava uma fita escrita "Megan - 02/12/94". Óbvio que eu não vou esperar a fita sair tocando sozinha. Mel se levantou e colocou a fita para tocar no seu DVD. Pessoas normais, depois de tudo o que acontecera, teriam quebrado o CD e jogado no lixo, mas ela estava curiosa e confusa com tudo para deixar apenas passar. Demorou um pouco, mas alguns ruídos altos e baixos deram inicio ao áudio. Uma respiração ofegante estava muito clara e contínua, ela arregalou os olhos, parecendo reconhecer de algum lugar. Um homem suspirou e pigarreou antes de começar a falar.
- Esta é a gravação de Megan Smith. Número dois. Hoje é dia 2 de dezembro do ano de 1994 e são exatamente nove horas da manhã. Estamos no quarto de Megan, ela está em um sono profundo, mas devido à sons perturbadores eu fui chamado para auxiliar esta família... – um som de cadeira se fez e o homem parecia ter levantado, um chiado alto fez Mel xingar ao por a mão nos ouvidos. O homem prosseguiu. – Megan, há dois meses o Padre Michael esteve aqui com você e aparentemente você o deixou em um manicômio. Você consegue me ouvir?
Uma risada infantil percorreu todo o quarto, uma risada maligna.
- Megan, seus pais morreram no acidente que te deixou em coma, todos querem que você acorde e melhore...
- EU... NÃO... POSSO... A-COR-DAR! – gritou a menininha. – Se eu acordar a Dalila vai me m***r.
- Quem é Dalila? – o homem parecia confuso. Mas ela não respondeu.
– Pergunte ao Samuel!
Uma explosão forte fez com que o áudio ficasse inaudível. As vozes ficaram desfiguradas e Mel apertou forte o sofá, parecendo inconformada e aterrorizada. Por que isso me dá tanto medo?
- Daniel! – gritou uma voz, mas não dava pra saber de quem era. O som de vidro quebrando fez o final da gravação ser um pouco perturbadora.
É só uma gravação, não deveria me deixar tão apavorada. Ela soltou o sofá que estava entre seus dedos vermelhos e aos poucos o sangue foi voltando ao normal. Ela relaxou a cabeça pra trás, encostando no sofá e fechando seus olhos. Não passaram nem dez minutos quando a porta do seu quarto fechou com tudo. Ela levantou a cabeça rapidamente, o que a deixou muito tonta, já que não havia comido nada ainda. Se levantou um tanto cambaleante e foi até lá. Abriu a porta e não havia nada lá dentro. Todas as janelas estavam fechadas, como a porta iria bater sozinha? Talvez eu só esteja ficando louca.
- Esmeralda. – sussurrou uma voz fraca em seu ouvido e um vento suspeito fez seus cabelos voarem levemente. Ela se virou rapidamente, atordoada. – Esmeralda. – sussurrou uma voz e a porta da dispensa da cozinha bateu forte.
Ela não se incomodou em ir até lá. Aquilo a estava deixando apavorada.
- Quem está aí? - perguntou insegura.
- Esmeralda. – ao se virar para a cozinha novamente ela viu a menina de vestido vermelho. Sua voz era a mistura de um eco com... o além. –Você precisa me encontrar.
Seu corpo inteiro piscou, como se fosse um holograma e então, desapareceu. Mel pegou o casaco que estava pendurado perto da porta da frente e saiu de casa às pressas.
Eu estou ficando louca, eu estou ficando louca, isso só pode ser loucura!
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