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1877 Words
?Ellie: Meu nome é Ellie. Nasci em Otawa, Canadá. Estou tendo que ir passar alguns meses com meu tio em Oklahoma. Não é que eu estou indo contra a minha vontade. Mas por vontade própria também não é. Eu queria continuar no lugar que eu nasci, na pequena cidade do interior, onde todos se conhecem pelo apelido ou filiação. Mas meus pais querem que eu amplie meus horizontes. E eles decidiram que eu poderia fazer isso indo para os Estados Unidos. Eu até gosto dos meus tios. O problema é Mollie, a filha deles. Ela parece que me odeia, e eu nunca fiz nada pra ela. Aliás, eu nunca fiz nada pra ninguém. Eu sou a garota loirinha e baixinha, quase sem peito e sem b***a, que sofria bullying e tinha que ficar calada. Me chamaram de tábua, durante todo meu ensino fundamental e uma boa parte do ensino médio. A direção da escola nunca pareceu se importar com essa situação, então eu evitava contar e passar por constrangimentos. E assim eu cresci ser ter a proximidade de garotos da minha idade. Eles não viam atrativos em mim, e em partes eu gostava do jeito que eu parecia invisível pra eles. Devido a essas coisas, eu sou muito tímida, não gosto de sair e muito menos socializar. Prefiro me trancar no meu quarto, ler um bom livro e ouvir uma boa música. —Ellie?—Deixo de olhar pro nada e encaro meu pai.—Já estamos atrasados, o avião sai em menos de uma hora. —Só estava pensando pai.—Digo e me levanto, fechando o meu livro, usando meu dedo do meio como marcador.—Mas as minhas malas já estão prontas. Já podemos ir. —Então venha. Caminho junto com ele, até o carro da família. Minha mãe já estava nos esperando. Pela cara dela, não está tão contente assim, em me ver ir para um lugar longe. Ela quer que eu fique sempre no ninho. Eu queria isso também. —Estou achando que não é uma boa idéia.—Ela diz, com uma mão no peito.—Ela está indo pra tão longe Chester, como nós vamos protegê-la? Não quero que a minha menina sofra. —Não podemos manter a Ellie pra sempre debaixo das nossas asas. Por mais que seja difícil, ela já está virando uma mulher.—Meu pai diz, enquanto coloca as minhas malas no fundo do carro.—E filha, se você não gostar de lá, pode nos comunicar que providenciaremos a sua volta no mesmo instante, tudo bem? —Claro pai.—Eu sei que eu não vou gostar de lá, mas eu não quero parecer uma criança, que não tem um pingo de residência. —Que vocês façam uma boa viagem.—Ela diz e vem me abraçar. Beija meu rosto e afaga os meus cabelos que são idênticos aos dela.—Que Jesus te acompanhe e te guarde minha filha. Eu sou sentir muito a sua falta. —Amém mãe.—Fecho os olhos recebendo o carinho.—E eu também vou sentir sua falta. Serão dias difíceis longe da senhora, mas eu vou me acostumar, e voltarei logo logo. Não dará nem tempo de sentir a minha falta. —Isso eu acho impossível.—Ela diz sorrindo.—Vocês precisam ir agora, ou vão perder o vôo. Dirija com cuidado querido. —Sempre.—Papai diz. —Te amo mãe.—Mando beijo pra ela, quando já estou dentro do carro. —Te amo meu anjinho. Eu sou tão apegada a minha mãe, que será bem difícil pra mim ter que me acostumar a ficar longe dela. Quando o papai sai para trabalhar, ficamos só nós duas, o que foi aumentando ainda mais a minha dependência dela, digamos assim. Somos companheira uma da outra. Apesar de sermos tão próximas, eu não tinha coragem de contar as ofensas que eu sofria na escola, até ano passado praticamente. Sentia tanta vergonha. Vergonha do meu corpo. Vergonha por ser tão magra, e quase não ter músculo nenhum. Fico tão constrangida quando eu acho um vestido bonito, mas no meu corpo fica tão horrível. Meus s***s somem no decote, deixando uma aparência bem estranha. Comprar um biquíni nem se fala. Por isso eu evito ir a praia, clubes ou parques aquáticos. Eu só queria ser um pouco menos magra. Assim alguém até poderia reparar em mim. Quem sabe eu até teria um namorado, e futuramente um marido. Com 18 anos, eu beijei apenas duas vezes. E nem se por considerar um beijo. Sexo? Nunca bati na trave. Sou virgem com muito orgulho, e vou continuar sendo. No fundo do meu peito eu quero ter um namorado, mas também eu penso em não ter, porque eu não conseguiria fazer nada com ele, o que acarretaria num término. Eu amo a minha vida. —O que tanto pensa?—Meu pai chama a minha atenção. —Não é nada pai.—Sorrio e olho para o livro que está nas minhas mãos.—Somente pensando em como vai ser quando eu estiver fora do Canadá. Culturalmente eu sei que não vai mudar muita coisa, eu só tenho receio das pessoas. Aqui, todo mundo do bairro e da vizinhança me conhece e eu conheço. Mas lá, eu só conheço o tio Drake, a tia Morgan, o Martin e a Mollie. —Será uma oportunidade pra você conhecer novas pessoas também.—Ele parece está mais animado que eu.—Quando eu morava em Oklahoma City, eu me dava bem com todo mundo. No começo eu tinha os mesmos medos que você, fui vencendo batalha após batalha. Você também vai conseguir, eu sei que vai. —Você é bem diferente de mim pai.—Suspiro e encosto a minha cabeça no vidro.—O senhor é engraçado, extrovertido, consegue fazer amizade facilmente nos lugares. Já eu sou totalmente o oposto. Nem com as pessoas que eu vejo todos os dias, eu tenho coragem de socializar tanto. —Será um desafio, eu sei. Mas você é minha filha, vai saber tirar de letra. —Assim eu espero...—Murmuro baixinho. O caminho da minha casa até o pequeno aeroporto foi até rápido. Meu pai ficou esperando comigo até que eu fui para a sala de embarque. Ele que comprou a minha passagem. Será sem escala. Vou pousar diretamente em Oklahoma, onde meus tios estarão me esperando. Me despedir dele foi um pouco doloroso. Chorei durante uns 10 minutos de vôo, até cair no sono e não ver mais nada.  A viagem foi bem rápido. Quando eu saí do avião, peguei as minhas malas e fui para o lado de fora. Olhando a paisagem diferente, sinto um frio na barriga e uma vontade de dá meia volta e ir embora. Deixa de ser uma criança Ellie, você já é uma adulta! Para de ser tão medrosa. Respiro fundo e começo a arrastar a minha mala. Eles falaram que iriam estar me esperando, e até agora eu não vi nenhum rosto que eu conheça. Já começo a me sentir m*l, estou num lugar desconhecido, cheio de pessoas desconhecidas, e eu não nem pra onde ir. Que maravilha. Minha estadia aqui já começou muito bem. O sorriso no meu rosto é instantâneo, quando ao longe eu vejo meu tio e meu primo. Arrasto a mala cor vinho, até onde eles estão. —Ellie, como você está grande.—Meu tio é o primeiro a vim me abraçar.—Ainda mais bonita. Muito parecida com a sua mãe. —Obrigada tio.—Devido a minha pele ser extremamente branca, elas ficam vermelhas com muita facilidade. Eu tenho quase certeza que estão vermelhas agora. —E o meu abraço?—Martin abre os braços e eu o abraço também, só que sem demorar muito.—Devo concordar com o meu pai, você está linda. E fica uma gracinha com as bochechas vermelhas. —Pare de deixá-la desconfortável.—Adverte o filho.—Morgan e Mollie estão nos esperando em casa, ansiosas para poder te ver. Eu duvido muito que Mollie esteja ansiosa para me ver. Aposto que se fosse pela vontade dela, eu não tinha saído de Otawa. Martin leva a minha pequena mala até o carro e a acomoda no porta-malas. Eu entro no carro e me sento, começando a mexer a perna em claro sinal de nervosismo. —Está animada para passar suas férias aqui?—Martin pergunta, quebrando o silêncio. —Um pouco.—Minto.—Meu pai parecia bem mais animado que eu, quando me levou até o aeroporto. —Dexter sempre gosto de cidades grandes. Isso antes de conhecer sua mãe.—Ele sorri. Meu pai se mudou depois que se apaixonou pela minha mãe. Mas ele é americano.—Ele deveria vim passar alguns dias conosco, seria bom pra ele rever a terra natal. —Acredite, tudo que ele mais queria era vim até aqui quase todos os dias.—Digo. O problema é dinheiro para tal coisa, e também a minha mãe que não é muito aberta a ideia. —As portas estarão sempre abertas. Não respondo mais nada. Aproveito que estou no carro e mando uma mensagem para meus pais, avisando que já cheguei e que estou a caminho da casa onde passarei os próximos dias. Cerca de vinte minutos depois, o carro para, em um bairro bem bonito, repleto de casas enormes e bem estruturadas, cercadas por árvores e jardins bem cuidados. Dos irmãos do meu pai, sem dúvidas que o tio Drak foi o que mais obteve sucesso na vida. Diretor financeiro de uma instituição, pode morar num bairro assim e proporcionar uma vida de conforto a família. —Chegamos.—Martin diz. Espero um pouco e desço do carro, observando melhor tudo que nos cerca. As árvores são mais altas que eu imaginei, e as casas ainda mais bonitas. Eu gosto muito da natureza, da paz e tranquilidade que ela nos transmite. Sinto como se alguém estivesse me olhando, e me viro, fitando um homem que estava na casa da frente. Aparenta ser alto, exibe o tórax repleto de tatuagens. Ele me olha atentamente, me deixando até desconcertada. Sorrio suavemente e logo desvio o olhar dele, quando Martin começa a falar. —Depois eu vou te levar para dá uma volta no bairro.—Sorri. Acabo sorrindo também.—Agora nós vamos entrar. A minha mãe deve ter pronta uma fornada daqueles biscoitinhos de gengibre que sabemos que são os seus preferidos. —Vocês se lembram? —É claro que sim. Principalmente ela. Entramos na cama, e eu sou recebida por uma Morgan sorridente e uma Mollie neutra. —Seja bem vinda Ellie.—Me abraça calorosamente.—É um grande prazer estar te recebendo aqui hoje. Sinta-se a vontade, a casa é sua. —Muito obrigada tia Morgan. Mollie não faz questão de falar comigo, de me cumprimentar. Eu também não faço questão não. Ela não gosta de mim, não tem porque fingir que gosta. —Eu vou te mostrar o quarto que você vai ficar, e te ajudar a colocar suas costas no lugar.—Pega a minha mala. —Ok. Sigo ela, até o cômodo que será o meu refúgio durante esse tempo.
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