Os dias na Rocinha se tornavam uma noite eterna de terror. A escuridão que cobria o morro parecia impenetrável, não importava se o sol estava brilhando no céu. O medo constante, a opressão e a violência transformavam o tempo em um ciclo interminável de agonia e espera. Dentro das casas, as pessoas se escondiam, trocando informações em sussurros abafados. As mães mantinham as crianças ocupadas com jogos silenciosos, tentando evitar que ouvissem os sons de gritos distantes ou tiros ocasionais que rasgavam o ar. A paranoia crescia, cada som suspeito era motivo de alarme. Em um pequeno beco, um grupo de homens estava reunido. Seus rostos eram uma mistura de raiva e desespero, discutindo baixinho sobre os últimos rumores. "Dizem que viram o João entrando no Dendê ontem," um deles sussurrou,

