Capitulo 1 - Tara a escolhida

3141 Words
Direita. Esquerda. Direita. Abaixa. Esquerda. Mais uma vez. Esquerda. Abaixa. Direita. Abaixa. Esquerda. — Você foi ótima mais uma vez, Tara! — Minha mãe diz batendo palmas. Olho para meu pai. Ele tem um sorriso satisfeito. Não consigo evitar sorrir. — Eu me atrapalhei e por pouco não levei um soco... — Falo, mas minha mãe revira os olhos. — Você é ótima, querida. Subam os dois, eu vou buscar o almoço. — Minha mãe sai balançando seus longos cabelos loiros e brilhantes. Os treinos com meus pais são sempre ótimos. Eles se orgulham de mim e eu quero sempre agradá-los. É a única forma de agradecer por terem me tirado daquele orfanato h******l. Eles não são meus pais de verdade; me adotaram quando eu tinha 5 anos. Eles são ninjas incríveis, mas seu filho biológico não demonstrou o mínimo de habilidade ninja, então me encontraram e viram um potencial em mim que nem eu mesma vejo. Solto meu cabelo e coloco o prendedor no bolso. Limpo o suor da testa e observo meu pai juntar nossos equipamentos. Ele já é um homem velho; os cabelos que um dia foram negros como a escuridão estão cada dia mais grisalhos. Eu gosto, disse a ele que dá um tipo de charme. Não falei nada quando os pelos brancos começaram a aparecer na sua barba grossa; isso eu não achei que há charme. — Não me olhe assim, sei o que está pensando. Eu estou velho, mas estou em forma. — Ele diz. Sorrio pra ele. — Você não está velho, apenas desgastado. — Falo. Ele levanta uma das sobrancelhas. Sei que ele quer sorrir, mas não faz. Junta sua espada curta e joga para mim. — Papai, o senhor sabe que eu não sou boa com armas. — Falo e é verdade. Eu sou péssima com uma espada ou qualquer coisa que sirva como a**a. Facas e Kunais são minha única exceção. É divertido lançá-las nos alvos. Minha mira é excelente, até achei que eu poderia ser uma arqueira, como minha mãe, mas não há arco no mundo que eu consiga manusear. — Eu só queria que tentasse mais. Ninjas espadachins estão quase extintos hoje em dia. — Ele diz. — Ninjas estão quase extintos — O corrijo. Antigamente, nossa população era quase toda formada por ninjas, mas algo aconteceu e as pessoas começaram a nascer sem o dom. Hoje em dia, encontrar jovens ninjas completos está cada vez mais difícil. Completos do tipo sem variação. Ninjas puros dos cinco elementos. Eu mesma não conheço nenhum. Meu pai é um ninja da névoa e minha mãe uma ninja da luz. Já eu, nem sei se tenho algum elemento. Nunca consegui fazer a transformação. — Você tem razão. Ainda mais depois da aparição de Diana. — Ele diz. Diana, a ninja do inferno. A ninja mais poderosa já vista. Há algum tempo ela tem aterrorizado ninjas e humanos que sabem da existência de ninjas com a promessa de acabar com os humanos. Ela quer criar um mundo inteiro de ninjas e está recrutando os melhores. — Alguém devia fazer algo. — Falo. Meu pai pega minha mão, mas está fechada. Eu havia fechado os punhos e nem percebi. — Eu sei que você tem raiva, minha filha... — Isso é ridículo, pai! O ciclo está só aumentando e ninguém faz nada, estamos apenas sentados esperando Diana acabar com tudo. — Falo. Eu sei que sobraram poucos ninjas, mas a vida humana está em jogo e todos sabem do que Diana é capaz. — As pessoas têm medo. — Ele diz. — Eu não tenho. — Falo e meu pai se assusta. — O senhor tem? Ele fica calado. Está processando a pergunta. — Não. Mas tenho uma família e não posso fazer nada que ponha vocês em risco. — Dou um suspiro. — Ei, você vai realizar seu sonho, você é a ninja mais espirituosa que eu conheço. — Não é um sonho simples, é ser a melhor. A mais forte. — E você é a pessoa perfeita para isso. — Ele diz e me dá um beijo na testa. — Vamos almoçar. Com a menção do almoço, lembro do meu compromisso. — Na verdade, eu marquei de almoçar com a Jenny. — Digo. Jenny é minha única amiga. Talvez amiga seja um termo muito forte. Estudávamos juntas e um dia nos encontramos na rua, ela me convidou para almoçar e eu aceitei. — Não volte tarde. — Ele diz apenas e sobe. Meu pai deixa a escada baixa para mim. Subo, abro a porta e me deparo com nossa sala de jantar. Nossa sala de treinamento é uma sala secreta. Existe antes mesmo de eu chegar aqui. Vou ao meu quarto, tomo um banho rápido, visto qualquer coisa e vejo que já estou atrasada. Jenny vai ficar uma fera. Pego meu atalho de sempre. Pulo a janela, agarro na árvore e já estou na rua. Saio correndo depressa e já consigo avistar o restaurante que marcamos. Algo me incomoda. Olho pra baixo e vejo meu tênis desamarrado. Paro e me ajoelho. Após amarrar, a sensação continua. Tem alguém me observando. Levanto devagar, e ando no mesmo ritmo. Há alguém atrás de mim. Começo a correr e a sensação continua. Alguém está me seguindo. Olho pra trás e vejo apenas um vulto branco. Entro em um beco sem saída, então rapidamente escalo na primeira janela que vejo e fico fora de vista. Alguém se aproxima. É uma garota. Seus cabelos são brancos como a neve, sua pele é tão pura que dá v*****e de tocá-la. Seus olhos azuis como o mar brilham. Ela está me procurando. Vai até o canto e coloca a mão no cano de água que estou me segurando. O cano começa a tremer então ela olha pra cima de me vê. Mas é tarde demais para ela. Pulo em cima dela e a prendo com minhas pernas. — Quem é você? — Pergunto forçando meu braço no seu pescoço. Ela parece assustada, mas se acalma na hora. — Meu nome é Abigail Smith. Saia de cima de mim! — Ela grita esperneando sob meu corpo. Droga. Será que ela é só uma garota normal? Não. Esse cabelo é natural. Sua pele é branca demais. E até seus olhos exalam algo diferente. Ela definitivamente não é uma humana. — Por que está me seguindo, ninja? — Acuso a garota. Ela sorri. — Você é bem perceptiva. Esperta também. MAIS SAIA DE CIMA DE MIM, ESTÁ AMASSANDO MEU VESTIDO! — Consigo ver raiva nos seus olhos, então começa a chover. Não. O sol está intenso. Isso não é chuva. Olho pra trás e vejo que um cano de água estourou. Então sou empurrada e jogada longe. Eu me distraí. — Tara. — Ela diz. — Tara Baker. Ela parece feliz em me encontrar e ao mesmo tempo parece querer me m***r. —Como sabe o meu nome?—Pergunto. Ela continua sorrindo como se realmente estivesse feliz em me ver. Seu pé direito se mexe. Ela vai fugir. Sinto meu cabelo ficando mais espesso e molhado. d***a, eu tenho compromisso. Então a tal Abby se vira e tenta fugir. Tiro meus sapatos rapidamente e jogo nele. O primeiro acerta sua cabeça e ela cambaleia, mas o segundo acerta sua roupa. Ela para. Passa a mão nas costas e sente a lama dos meus sapatos. —Você me sujou.—A garota se vira me encarando como se fosse capaz de me atravessar. —Olhe pra mim, você que começou!—Falo apontando agora para minhas vestes encharcadas. Então percebo que ela está totalmente seca. Como pode? —Você sujou meu vestido.—Ela se começa a andar na minha direção. Ok, isso está começando a me assustar. Ela está fazendo cena por causa de um vestido. —Vem pra cima.—Falo e dou um sorriso. Então Abby, tomada de ódio, faz um selo com as mãos. Eu conheço esse selo. É o selo da transformação. Eu ainda não sei selos. Essa parte do treinamento só é possível depois que o ninja desperta seu elemento. Selos acionam nossos poderes. O selo que ela usou, foi um selo de liberação de poder. À medida que treinamos e usamos nossos poderes, a precisão de selos fica cada vez menor. Selos são para ninjas novatos que não têm controle sobre seus poderes. À medida que aprendemos a controlar, mais poderes nos são dados sem ser necessário usar selos de liberação. Então a garota se transforma, rapidamente seu vestido enlameado se transforma em vestido curto e branco muito parecido com escamas brilhantes. Tem um pequeno decote e um cinto azul claro. Seu cabelo branco está moldado em uma linda trança com vários detalhes. Quando a olho, só consigo pensar em uma palavra. Água. Está mais que claro que ela é uma ninja pura da água. Eu não sou párea para uma ninja transformada, que dirá para uma ninja elemental. Preciso fugir. Isso é um beco sem saída. Não tenho pra onde correr. —Ahn...Abby?—Falo. —Sim?—Ela diz. —Por que veio atrás de mim?—Pergunto.—Por que quer me m***r? Ela fica confusa. —Não quero te m***r. —Então por que se transformou? Ela olha pra si mesma. Então a transformação se desfaz. —Eu não percebi...—Ela diz um pouco distante e então olha pra mim. —Nos encontraremos de novo.—Ela diz e sai correndo. Fico parada totalmente desnorteada com o que acabou de acontecer. Só me resta ir pra casa. Jenny já deve ter ido embora do restaurante e eu estou com muita fome. Será que devo contar isso aos meus pais? Eu não lembro nem a última vez que escondi algo deles. Quem era aquela garota de personalidade explosiva? É irônico, já que ela é uma ninja da água. Assim que chego em casa, vejo o carro de Dylan. Suspiro. Não estou pronta pra isso. Preferiria mil vezes enfrentar delinquentes, do que ver meu irmão mais velho. Ele nunca me aceitou. Meus pais queriam uma família de ninjas e Dylan não mostrou ter nenhum dom. Então eles me adotaram para substituir o filho. E ele me odeia por isso. Entro em casa e corro pro meu quarto, mas esbarro em Dylan. Ele me olha repulsivamente. —Você tá fedendo.—Ele diz com voz de nojo. —Não começa, Dylan.—Falo e ando até meu quarto, mas ele segura meu pulso. Por reflexo eu o giro e o derrubo no chão. Ele dá um grito de dor. —O que foi?—Meu pai grita do quarto. Olho pra Dylan e corro pro meu quarto. Tranco a porta, tomo um banho e antes de sair do quarto, confiro se Dylan não está no lado de fora. Tudo limpo. Chego na cozinha e vejo nosso almoço em embalagens do restaurante da esquina. Minha mãe não cozinha. Geralmente ninja são muito bons em tarefas de casa por causa das habilidades, mas minha mãe sempre foi péssima em luta corpo a corpo ou agilidade, seu forte são seus poderes. E meu pai é um péssimo cozinheiro, ele prefere lavar roupa e cuidar da casa enquanto minha mãe fica responsável por procurar bons restaurantes para nos alimentar e às vezes, raramente, se arriscar na cozinha. Me sirvo rapidamente e como. Enquanto isso, penso na Abby. Aquela garota não me viu na rua e resolveu me seguir, ela tinha um objetivo e eu queria muito saber qual. Mas agora que encontrei Abby, uma ninja que parecia ter minha idade muito mais forte que eu, posso ver o quanto sou fraca. A transformação é basicamente o que difere os ninjas dos humanos. Mas ela só pode acontecer depois que o ninja descobre sua habilidade. Geralmente isso acontece aos 16 anos. A habilidade fala com você. Eu já passei da idade e outra pessoa já teria desistido, mas eu sei que sou uma ninja. Eu posso ver dentro de mim. Meu pai me disse uma vez que geralmente quando a transformação demora para acontecer, é porque o ninja possui uma habilidade fraca. Eu devo ser algum ninja psíquico com habilidades nada interessantes. Só isso pode justificar essa demora. Eu sempre quis ter a habilidade da névoa, como meu pai. É ótimo para um combate corpo a corpo. Ser um ninja não é nada fácil. Geralmente somos treinados desde os 5 anos ou até menos. Não tem uma academia ou escola para ninjas, somos treinados por nossos pais ou avós. Existem pessoas que nascem ninjas, mas os pais são humanos normais então nunca descobriram que eram ninjas. Às vezes a linhagem ninja pula uma ou duas gerações. Enfim, quando um ninja completa 18 anos, ele já pode fazer missões secretas. Cada país tem uma organização que nos direciona as missões. Dependendo do nível do ninja, ele pode fazer missões para governadores, o presidente, combater espiões, impedir ninjas do m*l entre outros. Nunca havia acontecido de termos ninjas do m*l recorrentes, apenas um ou outro, mas agora com esse ciclo da Diana, nossos melhores ninjas estão sendo mortos. Ao todo são 6 países criados por ninjas e nomeados em homenagem aos ninjas elementares. Bem antes dos ninjas serem quase extintos e nos escondermos dos humanos. País do fogo. Fica mais ao norte. É de lá que vêm os ninjas mais talentosos do mundo. Esse país é o maior construtor de armas do mundo. País do Vento. Fica mais ao sul. Lá é bem frio, é o país com a maior concentração de humanos. É um país meio p***e. As plantações não resistem ao frio na maior parte do ano então tem que importar de outros países, apesar disso, é o país mais avançado em termos de tecnologia e exporta para todo o mundo. País da água. É o país pacífico. Lá, ao contrário dos outros países, não sofrem com problemas de economia, mas não são muitos os ninjas conhecidos de lá. Lá estão localizadas as maiores hidrelétricas. O país da luz! País da terra. O país da agricultura. Dizem que se você plantar qualquer coisa lá, cresce. Eles exportam comida para todo os outros países. País do relâmpago. É o maior país em extensão territorial. Lá é lindo. Chamamos de país do turismo. E tem o País central. Como o nome diz, é o centro de tudo. Cada país tem um presidente, mas o País central tem o Soberano. Ele está acima de todos os presidentes. Seu nome é Owen Washington. Ele é o ninja de personalidade liderança, porém apenas ninjas sabem que ele é um de nós. Ele é um homem bom que sabe o que faz. Temos um sistema que funciona graças a ele. Eu sempre morei no País central. Sempre gostei daqui. O Soberano colocou os melhores ninjas atrás de Diana. Meu sonho é ser um desses ninjas. Bom, eu tenho que treinar e ficar cada vez mais forte. Desço até a sala de treinamento e treino com bonecos por tanto tempo que nem percebo quando anoitece. Minhas mãos já estão dormentes. Lembro que no começo eu tinha calos por todo canto e às vezes até sangrava, mas hoje em dia minhas mãos são ásperas e aguentam dar vários murros. Após jantar, cogito contar aos meus pais sobre Abby. Mas não. Não conto. Vou direto pra cama e durmo a noite toda. Não quero que meus pais saibam que fui praticamente derrotada por uma garota da minha idade. Acordo com batidas na porta. Levanto rapidamente e abro a porta. É minha mãe. —Temos visita pra você. —Minha mãe diz me olhando como se soubesse que estou escondendo algo. Ainda processando, digo que já vou e vou escovar meus dentes. Deve ser Jenny. Ela deve estar furiosa por eu ter faltado ao nosso almoço. Desço me preparando para bronca. A primeira pessoa que vejo é minha mãe. Ela tem um olhar gélido. Parece que vai se transformar a qualquer momento. Na sua frente, um homem de cabelos platinados que nunca vi na vida. Sem perceber fico em posição de ataque. Então vejo Abby. —Abby?—Indago. Ela sorri. —Tara. Essa é sua mãe? Prazer em conhecê-la, senhora Baker.—Ela diz estendendo a mão para minha mãe. Minha mãe a examina, ignora a mão de Abby e se vira para mim. —Tara, querida, conhece essas pessoas?—Seu tom é gélido assim como seu olhar. Ela também deve ter percebido que eles são ninjas. —Abby e eu lutamos ontem.—Digo. Abby vê que minha mãe não vai a cumprimentar e abaixa o braço. O homem que tem cabelos iguais aos de Abby se vira para ela. —Abby, você disse que só tinha dado uma olhada nela, não falou nada sobre lutar com ela.—Ele diz e Abby se encolhe. —Desculpa, pai.—Abby diz. —Por que está aqui?—Pergunto.—E por que está com ela? Meu pai entra na sala. —Tudo bem aqui?—Ele pergunta e minha mãe faz um sinal negativo com a cabeça. O homem olha de um para o outro. —Não acha que está na hora de contarmos a ela?—Ele pergunta a minha mãe. —Nós não sabemos se ela é uma—Minha mãe começa, mas o interrompo. —Uma o quê?—Pergunto.—E quem são vocês? —Não estamos aqui pra brigar, Tara. Meu nome é Michael, essa é minha esposa, Sheryl, e essa é minha filha, Abigail. —Ele diz. Então minha mãe finalmente o cumprimenta. Ele sorri e senta no sofá. Abby se senta ao lado dele. —Nós viemos aqui pra conversar.—Michael diz. Então Abby vira pra mim. —Eu quero te ensinar a lutar.—Ela diz. —Nós descobrimos que você é uma ninja. Ou uma ninja incompleta. Você é filha do lendário ninja da névoa, Jace Baker, e da famosa ninja da luz, Íris Baker. Você é a mais nova ninja da luz e nós precisamos da sua ajuda.—Ela diz e sorri pra mim. Olho pra meus pais. Eles estão tensos. —É verdade?—Pergunto.—Eles são mesmo meus pais? —Sim.—Abby responde. Minha mãe está chorando. Nunca a vi chorar. —Mãe?—Digo e me aproximo dela. —O que está acontecendo? —Você é uma ninja, Tara.—Ela diz. Meu pai sorri pra mim. —Eu sou ninja?—Pergunto. —Sim.—Ele responde. Meu pai se levanta e pega a espada que tinha jogado para mim ontem. —Venha com a gente.—Abby diz. —Eu tenho que treinar, Abby.—Digo. Ela sorri. —Você vai treinar comigo.—Ela diz e se levanta. —Tudo bem.—Falo e sorrio.
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