Quem vê cara não vê posição

Amigos ou um casal não assumido

Não importava o lugar onde Min Yoongi estivesse, Jeon Jungkook sempre conseguia localizar o rapaz de longe. Era quase como se ele fosse um cachorro sempre atento à essência de seu dono e era o que os seus amigos costumavam dizer, enquanto riam toda vez em que os olhos do garoto disparavam para um ponto e perseguiam o veterano, que parecia sempre deslumbrante em suas usuais vestes escuras e seu olhar distraído.

E quando estava ao seu lado, Jungkook não controlava o seu tato, por isso as suas mãos sempre estavam pelo corpo do mais velho. Fosse em seus ombros finos; nos cabelos escuros; no seu rosto redondo e delicado; nas mãos grandes e magras ou até mesmo o agarrando pela cintura e ousando lhe dar palmadas na b***a. Coisa que fazia Yoongi corar e reclamar com um biquinho, algo que o mais novo considerava muito fofo e atraente.

Jungkook não escondia de ninguém as intenções que tinha por seu veterano e esse agia como se não percebesse, fazendo o mais novo se questionar se aquilo era um fora discreto ou se Yoongi, de fato, não percebia como ele estava interessado em si. Por esse motivo, ninguém se surpreendeu quando, de repente, Jungkook levantou-se da mesa em que estavam comendo com os seus amigos na cantina do campus e gritou um eufórico:

— MIN YOONIE! — erguendo a sua mão bem alto, como se ele já não chamasse atenção o suficiente só por ser quem era.

E quem era Jeon Jungkook? Simplesmente um dos caras mais populares de toda a universidade e isso se dava por dois motivos. O primeiro era por ele ser incrivelmente lindo e o segundo era pelo rapaz adorar dar festas extravagantes com frequência. Sempre que Jungkook dava uma das suas festas, muitos alunos se arriscavam a ser aquele que iria acordar em sua cama sem roupa.

Fora que Jungkook era o único no campus que conseguia se aproximar do Yoongi, sem julgá-lo por sua seriedade. Alguns achavam engraçado como a personalidade dos dois era um contraste. Jungkook estava sempre animado, parecia que nada era capaz de abalar o bom humor do garoto e Yoongi raramente era visto com um sorriso nos lábios. Era bem provável que fosse exatamente por isso que Jungkook era a pessoa mais próxima do rapaz na universidade, porque ele estava sempre ocupando muito espaço na vida do outro.

Se Yoongi estivesse triste, Jungkook era o único que percebia isso e se apressava em tomar providências. Se ele estivesse com algum bloqueio criativo, Jungkook lhe ajudava nisso também. E se o veterano estivesse feliz, era Jungkook aquele que estaria ao seu lado, compartilhando aquele sentimento com ele. Jungkook, Jungkook, Jungkook... Onde quer que Min Yoongi estivesse, a presença do mais novo era certa e estava tudo bem para o mais velho, porque ele gostava de escutar o garoto sempre enérgico falando sobre diversos assuntos consigo e ele adorava mais do que tudo o som da sua risada.

A companhia de Jungkook nunca lhe fora um incômodo, mas ele tinha que admitir que certas atitudes do mais novo às vezes lhe irritavam um pouco e se alguém achou que eram os seus toques exagerados, enganou-se. Yoongi apenas detestava quando Jungkook gritava o seu nome na frente de tantas pessoas, fazendo com que todos os olhares corressem para si. Só gostava de chamar atenção quando estava em seu piano, de resto, odiava se imaginar se tornando um rumor na boca daqueles estranhos.

Então o grito por seu nome resultou em um Yoongi extremamente corado, que encarou o mais novo um pouco chateado, enquanto revirava os seus olhos miúdos e felinos. E mesmo assim, mesmo com essa pequena birra, ele fez o que sempre fazia; foi até ele.

— Jungkook, você pode parar de ficar gritando por mim em todo canto em que me vê? — reclamou, assim que chegou bem perto do moreno e nem foi a primeira vez, sempre repetia essa frase. Só que com o Jungkook repetir as coisas não adiantava muito.

— Mas como você ia me ver? — perguntou com um jeito ingenuo. — Eu queria falar com você, sobre uma festa… — mudou de assunto rápido e começou com mais uma das suas investidas. Ao menos tentou, até o seu veterano lhe cortar no meio.

— Eu já disse que eu não curto ir a festas. — mais uma repetição.

— Mas é o meu aniversário, hyung. — forçou uma expressão triste a fim de convencer o outro a ceder dessa vez.

— Eu sei, Jungkookie, e eu vou te dar um presente e te parabenizar logo cedo. — apoiou a mão no ombro do garoto. — Mas vai ser só isso.

Pronto, foi a deixa para Jungkook agarrar a cintura do mais velho, possessivamente, e dar uma ênfase maior a sua expressão muito bem atuada de frustração. Faria qualquer coisa para ter o Min em um de suas festas, mesmo que tivesse que apelar para a piedade do outro.

— Eu queria comemorar com todos os meus amigos e você é importante para mim, Yoonie, você sabe disso. — agora ele tocava o rosto do mais velho.

Quem visse de longe ou na mesa de amigos que Jeon deixara para trás, acharia que aqueles dois eram um casal e esse rumor só não existia, porque ninguém achava que alguém como Jungkook ficaria com alguém como Yoongi. No entanto, equívocos eram bem comuns entre os estudantes, embora houvesse muitos questionamentos sobre como Yoongi, sendo como era, permitia tão facilmente Jungkook no seu caminho.

O Min tinha aquela aura que parecia sempre manter as pessoas distantes pela sua falta de interesse e os olhares frios. Também havia o mesmo questionamento sobre o porquê do Jungkook insistir tanto em estar próximo de alguém como Yoongi e como ele conseguia tocá-lo tão facilmente sem ser repreendido. A resposta final era simples para eles; Yoongi e Jungkook eram do mesmo curso, então nada mais natural do que o mais velho ser amigável com ele e Jungkook não passava de um s*******o que não tinha nenhuma consciência sobre espaço pessoal.

— Barulhos me irritam... — tentou se explicar com a mesma desculpa de sempre.

— Mas você é músico, Yoongi. — acusou, sem hesitar.

— Exatamente. Eu aprecio sons agradáveis, não universitários bêbados gritando e dançando músicas de baixa qualidade.

— Você pode ficar bêbado também, aí nada disso vai importar. — e sem disfarçar bem, o mais novo passou as língua sobre os lábios.

Jungkook sentia um calor forte abaixo do seu umbigo só de imaginar Yoongi bêbado. Podia apostar que Yoongi se tornaria manhoso e o abraçaria a noite toda, então ele podia passar horas conversando com ele e até mesmo fazendo carinho nos seus cabelos, enquanto o seu hyung tinha uma expressão mais dócil. É claro que se imaginava fodendo o mais velho também, mas não em uma situação como essa. Afinal de contas, quando tivesse Yoongi em seus braços, o queria sóbrio para poder se lembrar no dia seguinte de cada quicada que o homem dera em seu p*u.

— E-eu não bebo... — Yoongi disse enfatizando os seus olhos e o seu rosto ficou tão vermelho que Jungkook estranhou, já que nunca tinha visto o outro perder a seriedade como estava perdendo no momento.

Parecia até que tinha coisa ali. Algo sobre Yoongi que ele desconhecia e isso só atiçou ainda mais a sua vontade de fazê-lo ir para sua festinha de aniversário. Será que Yoongi ficava língua solta quando bebia e tinha medo de revelar alguns dos seus segredos? Algumas ideias se passaram pela cabeça de Jungkook e talvez a ideia certa não tenha nem ousado se aproximar, até porque alguém apareceu para interromper o momento dos dois.

— Jungkook-ah! — uma voz suave os alcançou e o corpo de Yoongi tremeu sob os dedos do mais novo, que o olhou intrigado e logo após olhou para a pessoa que lhe chamava.

Park Jimin estava andando em direção aos dois, curioso para saber mais sobre a festa que o rapaz alto e popular havia dito mais cedo para Taehyung que daria no dia do seu aniversário.

— Jimin, estou ocupado agora. Eu preciso convencer o hyung a ir para a minha festa.

Jimin olhou para os dois rapazes de cima abaixo e ao perceber que o homem tão próximo de Jungkook era o pianista, Min Yoongi, constatou que não era nada. Ou melhor, que não estava rolando nada entre os dois. Ele sabia muito bem que o seu amigo de farra era louco para arrancar uma casquinha do Min e não o culpava por isso. Afinal, o pianista era incrivelmente lindo e Jimin com certeza toparia uma boa f**a com o rapaz, apesar de todos os rumores sobre a sua personalidade insociável, ele sabia muito bem como as aparências podiam enganar e quando notou o olhar desconcertado do mais velho para si, sorriu e lambeu os próprios lábios, passando as mãos por seus cabelos de forma estrategica.

— Olá, você é o Min, não é? Nós participamos do festival juntos, mas nem tivemos oportunidade de nos apresentarmos. — estendeu a sua mão. — A sua música ficou incrível.

— Hm, obrigado. — falou sem jeito, tocando a mão macia do Park. — Vocês dançaram muito bem. Eu fiquei bem admirado. — confessou.

Jimin não tirava o seu sorriso fácil do rosto e aquilo estava aborrecendo um pouco Jungkook, que — enciumado — apertou mais a cintura de Yoongi e o puxou para si. O menor não dava a mínima para a ação, pois já estava acostumado demais com o jeito do outro e sabia que quando se tratava do seu dongsaeng falar não adiantava de nada e não era exatamente por isso que ele estava ali agora tentando lhe convencer que não ia a nenhuma maldita festa?

— Jungkook, eu vim falar sobre a sua festa mesmo. Fiquei sabendo pelo Tae, mas sabe como ele é meio enrolado… — mudou o foco rapidamente.

— Bem, quando eu convencer o Yoongi a ir, eu te mando uma mensagem. Prioridades. — riu largo.

E naquele momento, Yoongi estava quase sem ar na presença do Park e ainda intrigado, já que ninguém tirava a sua calma há tempos e agora ele não parava de pensar naquele belo dançarino. Agora ele estava prestes a fazer uma coisa que costumava detestar, tudo pelo tal Park Jimin e pelo t***o que estava nutrindo pelo rapaz. O mais velho até tentou parar de pensar no dançarino e, embora ele continuasse sendo o Yoongi distraído de sempre, por não ter interesse em ninguém à sua volta ou ao menos demonstrar isso, ele sempre enxergava o estudante de dança pelo campus.

Aquele não era o primeiro reencontro que tinha com o Park, desde que percebera a sua existência. Agora costumava se perguntar como nunca tinha lhe notado antes. Jimin não era alguém que se deixava passar despercebido. Porém essa era a primeira vez que estava tão perto e envolvido em uma conversa com ele. Logo percebeu que isso fodia muito mais o seu controle do que apenas ter os seus pensamentos sendo dominados por sua beleza estonteante. O seu coração estava até acelerado e as mãos começaram a suar. Quando se deu conta — dentro daquele descontrole emocional — ele simplesmente disse:

— Okay, Jungkook. Se for me deixar em paz depois disso, eu apareço na sua maldita festa, okay?

Jungkook abriu o sorriso mais largo de todos e o abraçou animado e completamente convencido, enquanto ao menos duas pessoas presentes naquela conversa percebiam o que, de fato, tinha acontecido naquele instante.