Narrado por Dakota Warney
Sinceramente, não sei o que dizer.
Não sei se devo aceitar me casar com o Jack ou não.
Até já tinha concordado com a ideia, mas sei lá... Casamento para mim é uma coisa tão séria, tão importante. Principalmente porque nunca tive uma família de comercial de margarina, mas no fundo do meu coração sempre quis ter. E sinceramente, não acho que com o Jack uma coisa dessas poderia acontecer. O problema é que já dei minha palavra e acho que não dá mais tempo de voltar atrás.
— Sim, eu aceito — respondi, cabisbaixa.
Um fio de lágrima teimou em escorrer pelo meu rosto. Olhei para Jack, que parecia aliviado com o meu "sim". Acho que me mataria se eu tivesse dito "não". Jack assinou os documentos e depois passou a caneta para mim, que também assinei o bendito contrato.
— Ei! — Carl nos chamou a atenção. — Vocês têm que dar o beijo.
Agora eu vou matar Carl Thompson! Minha vontade é de enforcá-lo agora mesmo! Que palhaçada de beijo é essa agora? Isso não está no contrato!
— É verdade, Dakota — Jack concordou, se aproximando de mim e então me deu um selinho rápido. — Vai ser bom para a divulgação do nosso casamento.
Todos os presentes ali bateram palmas e tiraram muitas fotos nossas, inclusive no momento do beijo, para continuarmos fingindo que somos um casal feliz. Após as fotos, fomos para a casa de Kristen, onde tiramos mais algumas fotos, como se fosse de uma pequena recepção para os amigos e mais chegados.
— Entrelacem as taças, Dak — o diretor ordenou, e Jack e eu ajeitamos nossas taças de champanhe como se estivéssemos vivendo o momento mais feliz das nossas vidas. — Isso, está lindo. Agora se beijem outra vez.
— De novo? Não aguento mais ficar beijando a Dakota. Nem é beijo de verdade, para ao menos ficar um pouco mais gostoso — o moreno revirou os olhos — Maldito beijo técnico!
— Me respeita, Parker! — Dei um empurrão nele. — Chega de beijo por hoje, acho que já fizemos o suficiente, diretor. Eu tenho meus limites — Jamie revirou os olhos com minha negativa.
— É, pode ser. Podem seguir com a segunda parte do plano então. E é claro, divirtam-se!
(...)
— Lua de mel... Isso é uma palhaçada sem tamanho! — falei, fechando a cara e virando o rosto para o lado, vendo as nuvens através da janela do avião.
— Dakota, um casal que se preze sempre passa por uma lua de mel logo depois de casar, você sabe — Jack argumentou, bocejando. Acho que ele está com sono agora.
Ele e eu já estamos no avião indo para Acapulco, sozinhos. Ele estava sentado ao meu lado e, vez ou outra, fazia uma gracinha, como encostar a cabeça no meu ombro, mas eu logo o afastava e xingava até a tataravó dele.
Após algumas horas, chegamos ao México. Acordei Jack dando uns tapas em sua cabeça, e descemos do avião. No aeroporto, havia alguns paparazzi que certamente nos fotografaram. Depois, pegamos um táxi e fomos para o hotel reservado e, assim que chegamos, falamos com a recepcionista de lá.
— Um quarto para o casal?
— Dois! Um para cada — respondi, dando um sorriso amarelo. — Nós temos uma reserva no nome do Jack. Jack Parker — expliquei, apontando para meu... marido, que também deu um sorriso amarelo.
— Temos uma reserva, sim, mas para um quarto apenas — ela avisou, olhando no computador.
— Tem certeza, senhorita? — Jack perguntou, tão espantado quanto eu.
— Sim, senhor — ela olhou novamente para o computador.
— Tudo bem, então — Parker disse, dando um sorriso malicioso para mim, que o fuzilei com o olhar. — Não tem problema dormirmos no mesmo quarto.
— Ei! Vocês não são daquela série? Amizade ou Amor? — a recepcionista perguntou, arqueando a sobrancelha.
— Sim, nós somos os protagonistas! — confirmei, sorrindo.
A recepcionista, que era gordinha e muito alegre, quase surtou com nossa confirmação e começou a nos tietar, tirando várias fotos conosco.
Não vimos m*l algum nisso, afinal, seria mais uma prova para a imprensa de que estamos realmente juntos, e isso vai ser bom para a nossa carreira e, por consequência, para a nossa série.
Às vezes, acho que tomei a decisão errada em aceitar esse casamento. Mas, ao mesmo tempo, sinto que não tenho escolha. Ou me casava, ou iria perder o papel da minha vida, e pela minha carreira, estou disposta a aturar qualquer coisa.
Até mesmo o insuportável do Jack.
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Jack Parker
(...)
Anoiteceu.
A suíte era muito ampla e confortável.
— É o cúmulo termos que dividir o mesmo quarto! — Dak reclamou, totalmente indignada e se sentando na enorme cama de casal, enquanto dava uma cruzada de pernas digna de Sharon Stone. Maravilhosa.
— Calma, Dakotinha — zombei, ainda olhando para as pernas dela, que corou.
— Jack, seu tarado! — me xingou, jogando uma almofada em mim. Ou melhor, tentando jogar, já que a mesma caiu há um metro de distância de mim.
Péssima mira.
— Desculpa, Dakota! — pedi, pondo as mãos sobre os olhos, tapando-os. — Não tenho culpa se você usa roupas tão curtas... — provoquei.
— Eu uso a roupa que eu quiser! — retrucou, se levantando da cama. — Que foi? Vai dar uma de marido ciumento agora?! Ou pior, de machista? Pois comigo você não terá esse esse tipo de liberdade. Ok?
— Não, claro que não. Até porque não estou nem aí para você! — respondi, dando de ombros. Dei alguns passos até chegar na cama, tirei meus sapatos, joguei-os para o alto e me deitei.
— O que você pensa que está fazendo? — ela perguntou, colocando a mão na cintura.
— Vou descansar, oras! — respondi, ajeitando minha cabeça no travesseiro. — A viagem foi muito cansativa, querida esposa — completei, fechando os olhos.
Ela ficou calada por alguns segundos, até que, de repente, me empurrou para fora da cama, fazendo com que eu caísse no chão.
— Que droga, Dakota! Machucou meu traseiro, aí! — resmunguei, me levantando e ficando de pé.
— Nessa cama você não vai dormir! Não vou dividir a minha cama com você, eu me recuso, Jack! — exclamou, totalmente surtada.
Só me faltava essa agora.
— Ah é? E aonde eu vou dormir? — perguntei, olhando para os lados.
— No chão! — Dakota respondeu, jogando um travesseiro no chão.
— Você me paga, Dakota Warney! Não tem ideia do que te espera! — ameacei entre os dentes.
Ela deu de ombros, abriu sua mala, pegou algumas coisas e foi para o banheiro.
Deitei no chão frio e fechei os olhos, tentando cochilar, mas não consegui. Não sei por quê, mas toda vez que fechava os olhos, a imagem de Dakota vinha na minha mente. Dela e daquele belo par de pernas!
Droga!
Por que ela tinha que ser tão bonita?!
Fui tirado dos meus pensamentos idiotas ao ouvir os passos dela voltando para o quarto. Por curiosidade, abri um dos olhos e reparei nela. Estava com as pontas dos cabelos levemente molhadas e uma camisola curta, que desenhava todo o contorno de seu corpo.
Ela deitou na cama e se cobriu. Então, levantei e fui até o banheiro. Fiz minhas higienes, tomei um belo banho e depois vesti uma camiseta e uma bermuda. Voltei para o quarto e vi que Dakota já estava no décimo sono, toda esparramada naquela cama quentinha e confortável. Infelizmente, deitei no chão, que estava frio como uma pedra, e tentei dormir.
(...)
Não estava conseguindo dormir, acho que por causa do frio. Mas estava com uma preguiça enorme de levantar para procurar um cobertor. Então, fechei os olhos e deitei de lado mesmo.
(...)
De repente, ouvi alguns passos. Obviamente, eram da Dakota, mas fingi que estava dormindo. Sou ator, então não foi nem um pouco difícil fingir. Depois, ouvi alguns barulhos, acho que ela estava mexendo no guarda-roupa. Em seguida, senti uma coisa quente sobre meu corpo. Era um cobertor. Dakota está me cobrindo com um cobertor?
Continuei fingindo que estava dormindo, mas a dúvida continua... Por que ela fez isso?