O dia amanhece com o barulho do hospital se movendo aos poucos. Enfermeiros trocando plantão, carrinho de medicação deslizando pelo corredor, cheiro de café velho vindo da copa. Tô deitada na poltrona dura ao lado da cama do meu pai, enrolada num lençol. O corpo dói inteiro, mas o coração fica mais leve quando ouço a voz da minha mãe.
— Dani...
Levanto num pulo. Ela tá na porta do quarto, com os olhos inchados de cansaço, mas mais forte do que antes. A expressão dela mistura alívio e preocupação. Me aproximo e dou um abraço apertado, daqueles que dizem tudo sem palavra nenhuma.
— Dormiu em cima da gente aqui, menina? Vai pra casa descansar.
— Agora que a senhora chegou, eu vou. — falo baixinho, sorrindo, e beijo a testa do meu pai antes de pegar minha bolsa.
No caminho de volta, o sol
