Acordo com a luz fria da enfermaria batendo na cara. Não é sonho. O alvará chegou. Assino três vezes, escuto meia dúzia de instrução que eu já sabia de cor (recolhimento noturno, monitoramento, proibição de botar o pé onde a lei não quer me ver) e duas horas depois o cara da empresa terceirizada tá ajoelhado no meu tornozelo, medindo com fita e mandando o bip inicial que parece risada de máquina.
— Se descarregar, apita. Se tentar tirar, dá r**m. — ele manda o manual como quem vende liquidificador.
— Já é. — respondo, e o "já é" sai do lugar de sempre: onde eu guardo a calma.
A Dra. Renata me espera no pátio interno, pasta debaixo do braço, olho que diz "não vacila". A porta abre. O ferro faz o último canto da minha temporada. Dou dois passos e o cheiro da rua entra inteiro: diesel, so
