O travesseiro tá molhado. Chorei tudo que tinha pra chorar e, ainda assim, parece que o peito segue apertado, igual camisa colada em dia de chuva. A discussão com a minha mãe ainda ecoa pelos cantos do quarto, como se cada parede tivesse ouvido tudo e agora repetisse só pra me machucar mais. "Eu só queria uma chance." Fico deitada de lado, abraçada nas próprias pernas, quando o celular vibra perto da cabeça. Me assusto. A tela brilha no escuro. Flávio ligando. Respiro fundo. Penso em não atender. Mas meus dedos já deslizam na tela antes mesmo de eu decidir. — Oi... — falo, baixinho, tentando disfarçar o choro. — Tá deitada, estrelinha? — a voz dele vem rouca, baixa, íntima. — Tava pensando em tu. A feira foi puxada hoje? — Foi. — respondo, tentando soar normal. Mas a voz falha um pou

