O celular vibra na mesa da cozinha e o nome da minha mãe pisca na tela. Fico alguns segundos encarando a chamada antes de atender. O coração aperta, porque eu sei que a saudade tá machucando ela. — Oi, mãe. — falo, puxando o celular pro ouvido e me afastando da cozinha, onde Flávio tá mexendo no café da tarde. — "Ô minha filha! Pelo amor de Deus, tu tá viva?" — a voz dela vem desesperada, ansiosa, misturada com aquele carinho bruto de mãe que ama, mas não sabe demonstrar com delicadeza. — Tô viva, mãe. Tô bem. Melhor do que a senhora imagina. — "E tu nem pra dar notícia! Tu saiu daqui como um raio, viu só teu pai na rodoviária, e desde então tu m*l fala com a gente! Eu tô com o coração na mão, Daniela!" — Eu sei, mãe. Desculpa. É que tudo tá muito novo aqui, e eu ainda tô me adaptando

