O ferro do corredor ainda grita de manhã cedo quando eu decido cumprir o que prometi: dar um jeito. Promessa é ferramenta, se usa direito, abre porta, se usa torto, fere a própria mão. Eu prometi foto. Foto aqui dentro não é simples. E foto minha agora, menos ainda. Então eu volto no tempo. Tiro o aparelho limpo do esconderijo, o que não conversa com ninguém a não ser quando eu mando. Bateria pouca, sinal de migalha, mas dá. Respiro, penso, escolho o caminho com cuidado. Eu sei onde tem foto minha de antes de eu cair: Jussara tem. Quando era "minha mulher", ela amava guardar lembrança como quem cria passarinho: foto de laje, churrasco de domingo, camisa do Fla, óculos espelhado, corrente batendo no peito e sorriso que o mundo confundia com paz. Abro conversa. Número dela eu não salvo,

