17. Daniela

1298 Words

Lavo a louça da manhã com as mãos cheirando a sabão de coco. A janela da cozinha enquadra um pedaço de céu azul que parece pano estendido. Minha mãe seca os pratos com o pano mais gasto da gaveta, preferido, porque "o que é velho sabe o serviço". — Cê tá rindo pro nada desde cedo — ela fala, sem me olhar, como quem comenta o tempo. — O que foi? Eu abaixo o rosto, mas meu sorriso teima em ficar. Penso na palavra estrelinha piscando no meu celular, penso na foto de dele que guardei como quem dobra um bilhete. Não quero dizer tudo. Também não quero mentir. — Tô... conversando com uma pessoa — solto, enxaguando uma caneca até ela ranger de limpa. Minha mãe vira só o olho por cima dos óculos, aquele olho que atravessa. — Pessoa de onde? — Da cidade. — respondo rápido demais. — Acho. — Ach

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