A luz da tarde entra pela janela da sala, batendo direto no tapete onde os pés dela estão descalços. Daniela se recosta no sofá, com um copo de suco na mão, e um sorriso bobo no rosto. A blusa dela desce de um ombro, o cabelo tá preso de qualquer jeito, e mesmo assim, parece que é a coisa mais bonita que já respirou dentro desse apartamento. Mas o peito aperta. A verdade tá entalada faz tempo, e agora, com ela aqui, do meu lado, rindo dos nomes engraçados de biscoito que viu no mercado... não dá mais pra empurrar. Não quero que ela saiba por boca de ninguém. Quero que ouça de mim. Com calma. Com sinceridade. — Dani... posso falar contigo? — minha voz sai mais grave do que eu esperava. Ela vira o rosto na hora, o sorriso ainda no canto da boca. Mas franze a testa. — Que foi? — Nada de

