Depois da ligação com os meninos, a sala fica tomada pelo barulho deles mexendo nos tablets, rindo e disputando quem descobre primeiro os jogos. A amiga da minha mãe os ajuda a conectar no wi-fi da vizinha, e a casa parece em festa. Mas eu sinto que preciso de um instante só pra mim e pra ele. Seguro o celular contra o peito e vou pro meu quarto, o mesmo em que cresci, ainda com as paredes pintadas de azul claro e alguns pôsteres antigos colados torto.
Fecho a porta devagar e me sento na beira da cama, respirando fundo. Penso na diferença absurda entre aqui e o apartamento do Flávio: o cheiro da terra e do sabão em barra, contra o perfume amadeirado e o mármore brilhando. Mas quando a tela acende de novo e o rosto dele aparece, tudo fica igual. O mundo se equilibra.
— Já se trancou no qu
