- Capítulo Um "Os Primeiros Avisos"

3157 Words
Quinze meses. Esse era o tempo que Luiz Felipe estava morando em Palmares, no estado de Pernambuco. Ele era um homem nervoso, e não estava gostando de sua nova rotina desde que se mudou. Residiu na cidade de Recife/PE, até que passou em um concurso público para ser servidor do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e teve que se mudar para Palmares/PE. Todos ao seu redor o parabenizavam pelos seus esforços, mas ele não estava feliz, mesmo recebendo um salário ótimo e tendo um trabalho tranquilo e relativamente bom. Luiz nasceu em Recife, foi um rapaz de família classe média e sempre estudou em escolas particulares, por causa dos esforços de seus pais para pagarem um bom colégio. Sempre estudioso, formou-se e conseguiu uma vaga na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizando seu sonho de cursar Direito. Com o tempo, Luiz garantiu seu diploma e logo ao sair da universidade passou em um concurso ao qual muitas pessoas sonhavam em conquistar uma vaga. Mudou-se para Palmares e começou uma vida solitária, sem conhecer ninguém nesta cidade, mas aos poucos foi aprendendo a se virar. Ele tem 25 anos, mas não consegue curtir a vida como um adulto comum, pois carrega traumas que o impedem de ser feliz e de ter uma boa pessoa ao seu lado. Luiz teve alguns relacionamentos que deram errado, pois ou ele se envolvia com mulheres complicadas, ou ele que complicava as coisas. Seu hobbie favorito era malhar, praticar esportes, assistir jogos de futebol e correr na orla de Palmares, algo comum entre os homens da sua idade e principalmente dessa região. Não tinha ninguém a quem amasse de verdade, e muito menos pessoas que o amassem. Ele não deixava aparentar isso, mas era um homem sofrido, que se apegava fácil às pessoas ao seu lado, e que geralmente se prejudicava muito ao fazer isso, e sobre seu trauma... bem, ele tinha perdido os pais e as irmãs que tanto amava num acidente de carro aos 16 anos. Isso acabou com a autoestima dele e o prejudicou tanto a ponto de não se sentir mais feliz com nada nessa vida. O trauma por qual passou, fez com que ele se sentisse culpado de tudo o que aconteceu, porque decidiu não viajar naquele dia, talvez por algo predestinado, ou talvez por simplesmente ter "sorte". Mas tudo estava para mudar. ... — Bom dia, senhor! Já fez o seu pedido? — perguntou o garçom do restaurante. Luiz costumava frequentar o restaurante Carne e Brasa fazia tempo. Ele gostava do ambiente, pois tinha música ao vivo algumas vezes (o que não era naquela ocasião) e tinham boas comidas aliadas ao ótimo atendimento. Esse restaurante se encontrava bem no centro da cidade, sempre com uma boa movimentação de clientes. — Não... ainda estou escolhendo, mas... me vê um prato executivo dessa parmegiana aqui... pode ser? Pra beber prefiro um suco bem gelado de laranja sem açúcar! — falou Luiz, apontando para o prato referido no cardápio. — Sim senhor! — o garçom retirou-se para outra mesa, atendendo a família de um senhor e sua esposa. O dia estava com um clima agradável, pouco sol e muito vento, o que era raro naquela região, a qual geralmente era de um calor escaldante. Luiz olhou ao seu redor e percebeu que o restaurante estava com quase metade de todas as suas cadeiras ocupadas, com algumas famílias reservadas e alguns casais apaixonados. Aquilo mexeu com ele, pois era o único que estava sentado sozinho. O ambiente era bem tranquilo, o recinto era coberto por um telhado rústico, mas com as paredes somente até a metade, dando para ver o movimento da rua e os carros passando. Já era quase dezembro de 2023, e ele sabia que as festividades de final de ano o deixavam mais para baixo do que o habitual. Enquanto Luiz se perdia nos pensamentos, seu celular começou a tocar. — Alô? Paulo? Qual a bronca? — perguntou, ao atender a ligação de seu amigo do trabalho. Paulo era um homem festeiro, que amava sair e beber. Para ele não tinha tempo r**m. Gostava de academia tanto quanto Luiz, porém amava em dobro a farra. Não se preocupava muito com a família e não era casado, adorava a vida que tinha e, além disso, era alguém bom pra conversar, e aparentemente se preocupava com Luiz, quem ele considerava como um dos melhores amigos. Paulo tinha 29 anos, era solteiro e tinha boa aparência, cabelos na altura do ombro ao estilo Kurt Cobain (além de ser fã da banda deste), 1,90 m de altura, bom porte físico, também servidor público e adorava torrar seu salário com coisas fúteis. O único patrimônio de Paulo era seu carro: um Golf do ano 2021, cinza e completo (sempre bem conservado). — Bronca? Nenhuma bronca! Só que hoje é quinta-feira e amanhã é dia de beber! E aí? Vamos sair? Tomar uma gelada e "caçar" algumas novinhas? — antes de atender o telefonema Luiz já imaginava que se tratava disso. — Não estou muito no clima... talvez eu vá ou talvez não. Mas se der vontade te dou um toque! — Um toque? Não, muito obrigado! — disse Paulo sarcasticamente. — Ah... você entendeu! — Tudo bem, mas eu vou te encher o saco até você dizer sim, ou senão acabo com sua reputação com todas as mulheres que eu puder... Afinal, o que tem de melhor pra fazer nesse interior? — brincou ele, zombando do amigo. — Então nesse caso vou pensar melhor! Amanhã te respondo, até mais! — Beleza, qualquer coisa avisa! — e desligou. Paulo era uma boa companhia, às vezes era bom pra Luiz esquecer de seus problemas saindo com ele, porém somente às vezes, porque toda vez que eles saíam juntos gastavam muito dinheiro. Esse era um dos dias que Luiz estava mais pensativo, talvez por ser solitário demais ou talvez por simplesmente não ter o que fazer no momento. Exatamente por isso ele decidiu prestar atenção na televisão. O noticiário não parava de bombardear a população com más notícias. Não era mentira o que falavam, porém sempre existia sensacionalismo na mídia brasileira, e isso fazia Luiz desconfiar das informações. A cada minuto tinham telejornais falando do novo surto de epidemia: uma doença gerada por uma mutação do vírus da raiva com um fungo desconhecido, ao qual os cientistas deram o nome de Lyssadyceps. Tal doença foi considerada um "defeito" da natureza, pois o vírus da raiva ao entrar em contato com um fungo não conhecido gerou algo inacreditável e antes impossível de ocorrer. As pessoas infectadas começavam a sentir os sintomas dentro de 24 horas, e no máximo em 48 horas acabavam surtando e tinham derrame cerebral, o que as matava instantaneamente, e para piorar, os cientistas ainda acreditavam que a doença estava em constante mutação, ficando a dúvida do que aconteceria a seguir. O surgimento da doença até hoje não tem explicação. Ninguém sabe como isso foi gerado e existem várias teorias sobre o início de tudo. Algumas dessas teorias diziam que isso foi realizado pelo governo russo em seus testes virais, e que esses testes em algum momento deram errado e acabaram vazando. Outras teorias dizem que isso simplesmente aconteceu porque é uma evolução da natureza para se "corrigir" em alguns aspectos, e que o homem tem culpa disso por causa da poluição, do aquecimento global etc. Mas o que realmente interessava não eram as teorias, e sim o que estava acontecendo ao redor do mundo: Mais ou menos cinquenta mil pessoas se infectaram em diversos países e nenhuma conseguiu sobreviver mais de 48 horas (Sendo no Brasil três casos confirmados até o momento). Zonas de quarentenas surgiram para se colocar essas pessoas e estudar os efeitos da mutação, mas até agora o medo pairava no ar e nada se resolvia. Todo o planeta começou a temer pelo pior e várias medidas de segurança foram sendo aplicadas, e enquanto isso a OMS (Organização Mundial de Saúde) continuava tentando acalmar a população dizendo que estava tudo sob controle e que a doença seria contida em semanas ou, no mais tardar, meses. Nos EUA, país que teve 43 casos confirmados dessa doença, o Presidente Donald Trump começou a construção de zonas de segurança muradas e investiu pesadamente em pesquisas para tratamento e contenção da Lyssadyceps, prevendo a pior das hipóteses. No Brasil, a população começou a temer quando o primeiro caso surgiu no mês de outubro de 2023, e que a pessoa infectada morreu exatamente 32 horas depois de contrair o vírus (além dos outros dois casos em que os cidadãos também morreram precocemente). Agora as potências do mundo inteiro estudavam medidas a serem tomadas para a segurança nacional. Na França, por exemplo, o Presidente criou barreiras ao redor do país e fechou os aeroportos: quem estava dentro não saía mais e quem estava fora não entraria de maneira alguma. Isso gerou uma comoção mundial por causa dos refugiados e até mesmo de pessoas que estavam viajando e acabaram presos lá sozinhos. Na Argentina, o turismo entrou em colapso e o Presidente teve que tomar medidas absurdas para conter a crise que assolava o país. Ele se sentiu obrigado a expulsar os visitantes, queimar locais supostamente infectados (casas e prédios antigos com cadáveres de pessoas doentes) e, seguindo o exemplo de Trump, trancou as fronteiras. No Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro, prevendo o que aconteceria com a segurança pública nacional, fechou as fronteiras, pôs o exército nas ruas das grandes metrópoles, expulsou os turistas e mandou os doentes para zonas de quarentena. Quando ele ordenou a criação de zonas seguras, o Congresso Nacional, sendo seguido pelo Supremo Tribunal Federal decidiu abrir um processo de impeachment contra ele, ao qual tal processo obteve sucesso e quem assumiu foi o vice. A insegurança política que o país estava passando no momento só piorou o cenário de contenção à doença, que gerou revolta nos dois lados da moeda (esquerda e direita) pelo acontecido. A direita dizia que o que o Presidente estava fazendo era o correto: os doentes tinham que estar em quarentena, os turistas que poderiam trazer riscos de contaminação deveriam ser expulsos e o exército tinha que estar nas ruas. Já a esquerda proferia totalmente o contrário: afirmavam que o que o Congresso Nacional e o STF fez foi o correto por tirar Bolsonaro do cargo e reabrir as fronteiras brasileiras, além de o Supremo pedir desculpas formalmente aos turistas expulsos (contudo dizem que a esquerda só apoiou isso pelo ódio que sentia do Presidente reeleito). A problemática toda era a seguinte: o país inteiro não ligava para o real perigo da Lyssadyceps e só focavam em brigas políticas e partidárias. O que o Presidente brasileiro vinha fazendo era o correto, mas não era tão eficaz assim, pois fechar as fronteiras significava maior segurança nacional, entretanto não foram criadas zonas de segurança como nos Estados Unidos da América e outras potências mundiais. Os Ministros do STF, que, em sua maioria, odiava o Presidente pelas suas atitudes "radicais", aproveitou a situação para incriminá-lo e tirá-lo do cargo, o que no momento foi uma atitude errônea e precoce, pois criou um cenário complicadíssimo e que fez as pessoas esquecerem do maior problema de todos. Agora, sem construir zonas de segurança e com as atuais zonas de quarentena sem manutenção, além das fronteiras abertas, o Brasil corria sérios riscos de contaminação em massa. A qualquer momento essa "bomba-relógio" explodiria. ... O almoço de Luiz chegou e o suco também. Ele logo começou a comer e ao mesmo tempo assistir ao noticiário, que não parava de falar sobre a Lyssadyceps desde o suposto primeiro caso da doença, que surgiu na África em 23 de julho de 2021. "...o problema é que não temos infraestrutura para, caso essa doença se alastre no nosso país, nos tratarmos. O Brasil NÃO ESTÁ PREPARADO para suportar uma epidemia de nível mundial e agora com essas novas informações de que as mutações virais não param de ocorrer, temos que temer pelo pior! Evitem sair de suas casas desnecessariamente, lavem as mãos com álcool em gel a todo instante, cuidem de suas higienes pessoais... isso NÃO É um vírus comum, NÃO É algo como H1N1, Ebola, Zika Virus, Dengue etc. Isso É MAIOR que todas essas doenças juntas, temos que temer pelo pior e nos preparar, pois esse novo "vírus" é uma evolução da natureza, que nunca antes juntou um vírus com um fungo, e agora parece que temos um problema a nível mundial, podemos citar a França, os EUA e a Argentina como exemplo, o que esses países tiveram que fazer foi absurdo, porém necessário, e o nosso Presidente, mesmo eu não o apoiando integralmente e não votando nele em nenhum turno, creio que estava fazendo o certo, é uma pena ele ter sofrido impeachment antes da votação da derrubada do estatuto do desarmamento, pra mim isso foi um golpe que o Supremo deu nele! É um absurdo essa atitude do STF e do Congresso Nacional, a qualquer momento essa bomba vai explodir e quem vai sofrer? Os próprios brasileiros como sempre! Muito obrigado por me ceder a palavra! Tenham uma boa tarde!" falou o médico infectologista que estava sendo entrevistado pelo telejornal nacional da Rede Globo. "Grande merda, toda vez é isso: surge uma nova doença, todos acham que vão morrer, nada acontece, isso passa e vamos esperar pela próxima... o Supremo só usou isso como uma desculpa para tirar o cara do cargo... triste, mas é o Brasil, o que esperar de um lugar assim? Será que pode piorar?" pensou Luiz, sem se preocupar tanto assim com a notícia em si. Só que ele estava errado... poderia piorar sim. E iria. ... Ao terminar seu almoço, Luiz passou em torno de uma hora mexendo no celular e pensando em seus problemas, quando de repente a programação normal da televisão foi interrompida por um Plantão de Urgência (que só acontecia quando algo de grave ocorria, como acidentes aéreos, tragédias etc.). "Agora a pouco tivemos notícias de que em São Paulo um homem enlouqueceu e atacou várias pessoas na rua 25 de Março. João Macedo da Silva, de 47 anos, agrediu alguns cidadãos que transitavam naquele local e fugiu para dentro de uma loja de roupas, onde assassinou Maria Roberta Lima, de 35 anos, que trabalhava no local e tentou ajudá-lo. João Macedo matou Maria Roberta com mordidas na região de sua nuca e se escondeu no estoque da loja. Os policiais foram atrás do suspeito e dispararam contra ele, que morreu na hora. Mas o mais curioso do caso é que nos exames feitos no corpo de João Macedo, demonstraram que ele estava acometido pela doença Lyssadyceps a mais de 48 horas, e isso prova que ele foi um dos primeiros no Brasil a sobreviver aos sintomas da doença. O corpo de João Macedo foi cremado para evitar contágio e constatou-se que as pessoas atacadas por ele acabaram sendo infectadas também. A família do suspeito não quis se pronunciar, pois estão abalados demais. O Ministério da Saúde se pronunciou sobre o caso dizendo que as pessoas infectadas foram conduzidas até uma das zonas de quarentena improvisadas em São Paulo, e afirmou também que está tudo sob controle." Ao término do pronunciamento, várias pessoas do restaurante começaram a se agitar e a ir embora chocadas com o acontecimento, demonstrando visivelmente que ficaram amedrontadas. Aquilo deixou Luiz Felipe preocupado. Que merda de doença era aquela? Antes todas as pessoas doentes morriam em menos de 48 horas, e além disso no Brasil só tinha tido alguns poucos casos, mas agora os doentes estavam enlouquecendo? Quem foi atacado se infectava? De repente assim? A mídia provou como é poderosa naquele exato momento. Ao término da veiculação da notícia, praticamente todas as pessoas que estavam no restaurante se levantaram e começaram a se dispersar. Alguns entraram em seus carros e foram para suas casas, outros saíram apressados a pé. Ninguém mais falava em nada a não ser sobre aquela doença, o medo estava assolando o povo, até mesmo uma das crianças de um casal presente no restaurante perguntava: "Pai, nós estamos doentes também?" e a expressão facial do pai queria transmitir segurança, porém só conseguia transmitir medo e dúvida. Se numa cidade pequena feito Palmares a situação estava daquele jeito, em cidades maiores a preocupação deveria estar ainda pior. Luiz pigarreou, levantou-se e entregou o dinheiro do almoço ao garçom. — Aqui está, até a próxima! — Volte sempre, senhor! — agradeceu o garçom, entregando o troco e um panfleto do restaurante, ao qual Luiz já tinha pegado diversas vezes. Depois, ele foi em direção ao seu carro, um Siena do ano 2025, cor cinza, com ar-condicionado e quatro portas, e disparou para sua casa, a qual se encontrava em um condomínio murado em um bairro que ficava na parte alta da cidade. Ao ligar o rádio, todas as estações só falavam de uma coisa: alguns debatiam sobre a doença, outros citavam novos casos acontecendo no mundo inteiro e o pânico tinha sido instalado. Por incrível que pareça, as ruas de Palmares estavam mais desertas que o normal. Culpa desse "terrorismo" que a mídia vinha fazendo e que Luiz discordava por achar que era besteira. Até mesmo as redes sociais estavam infestadas de notícias e "memes" sobre a Lyssadyceps. Mas de uma coisa Luiz tinha certeza: que não queria mais ouvir uma única notícia sobre essa doença. Ele já tem problemas demais para lidar em sua vida. Ao chegar em sua casa, estacionou seu carro na garagem e foi direto para o chuveiro. Jogou as suas coisas em cima da mesa e trancou as portas. A casa de Luiz Felipe era grande demais para ele, e pequena para uma família de pelo menos um filho. Encontrava-se dentro de um condomínio com mais de quarenta casas, todas muradas e em sua maioria seguras, e que contava com boas pessoas, em grande parte casais de idosos e recém-casados. A casa dele era branca com detalhes modernos, de primeiro andar, com um muro alto e cercado eletricamente. Continha duas suítes pequenas, uma sala de estar com uma televisão, um PS5 e um sofá não tão confortável. A cozinha tinha pouca comida, uma mesa solitária de vidro para refeições raras, um fogão simples, uma geladeira pequena e um armário. A dispensa estava cheia, porém a maioria das coisas eram de biscoitos, enlatados, comidas light e entre outros itens do tipo. Luiz odiava morar sozinho, porém não tinha escolha. Sua casa era confortável, mas solitária. Ele tinha um jogo de futsal com os amigos marcado nessa quinta-feira, mas já imaginava que tal jogo não aconteceria mais depois dessas notícias e do pânico geral. "Que merda!" pensou ele, irritado com tudo. Decidiu ir para o seu quarto e descansar um pouco, pois para ele a vida seguia normalmente e essa doença não atrapalharia em nada no seu dia a dia. Contudo, ele estava errado. Muito errado.
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