📕 NARRADO POR NILO TAVARES O rádio do bolso vibrou. Uma vez. Duas. A terceira veio com o código que só o Ney usa quando o patrão chama sem tempo, sem espera, sem rodeio. Terk. Respirei fundo. Olhei pro teto como quem tenta adiar o inevitável. Mas a p***a da realidade sempre vem bater. Apaguei o cigarro na parede — não tinha cinzeiro, tinha pressa — e voltei pra sala. A garota ainda tava ali. Sentada. O rosto marcado pelo que eu deixei e pelo que ela trouxe. Um misto de ontem, hoje e ameaça do que ainda vem. O Ragnar deitado do lado, mas com o olho aberto. Sempre aberto. Sempre alerta. Me aproximei. Sem fala mansa. Sem preâmbulo. Só ação. Segurei o braço dela com força. Sem cuidado. Sem compaixão. Só função. Ela tentou puxar de volta. Instinto. Mas instinto fraco. De q

