Narrado por Amara Ficamos um tempo só mastigando o silêncio. Eu olhando pro pão na mão, ela bebendo o café como quem saboreia mais a pausa do que o gosto. Mas o silêncio não durava. Não quando o peito fervia por dentro. E o meu… tava borbulhando. Natália me olhou de canto, depois de mais um gole. — “Tem mais coisa aí dentro, né?” Eu respirei fundo. Baixei os olhos. Falei quase como quem confessa um pecado doce. — “Beijei ele.” Ela ergueu a sobrancelha, mas não disse nada. Deu só aquele sorrisinho de canto… que é pior que grito. Eu continuei. — “Não foi beijo de ‘obrigada’, nem de ‘boa noite’... foi beijo mesmo. Daqueles que a gente sente até o osso.” Ela apoiou o cotovelo na mesa, o queixo na mão, os olhos brilhando. — “E?” — “E ele me beijou de volta.” Fechei os olhos p

