📕 NARRADO POR NILO TAVARES ⏱ Poucos minutos depois. No quarto. Sozinho. Com a alma ruidosa. Fechei a porta devagar. Sem estalo. Sem pressa. Como quem tenta trancar um incêndio pra dentro — mas sabe que o fogo já passou pelas frestas. A mochila que carreguei até ela ainda pesava no ombro. Mesmo vazia. Mesmo longe. Porque o que pesava não era o tecido. Era o gesto. Era o “obrigada” que ela jogou antes de eu sumir da vista dela. Curto. Cru. E, p***a… honesto. Me virei devagar. Olhei o quarto. O lençol bagunçado. A arma sobre a cômoda. As paredes com marcas de bala que ninguém se deu o trabalho de tapar. Ali era meu reino. Meu ninho. Minha cela dourada. Encostei a cabeça na parede de novo, mas não fechei os olhos. Não podia. Porque quando eu fechava… via os dela. Firmes.

