CECÍLIA STEIN. Eu e dona Dalva ficamos horas conversando, e aquilo, de certa forma, me acalmou. Depois a Jéssica chegou e se uniu a nós. A conversa foi tão boa que nem vi o tempo passar. Dona Dalva abriu a vida dela para mim. Contou sobre a adolescência problemática que teve, sobre o pai que a expulsou de casa grávida do Farinha e das dificuldades que enfrentou ao lado do falecido esposo — o pai do Farinha, que era alcoólatra. Choramos igual crianças e, pela primeira vez, consegui desabafar de verdade. Contei tudo sobre minha mãe e também sobre meu pai. E juro, parece que aquele choro me limpou por dentro, tirou todo o aperto que eu sentia. Deu até um pequeno respiro. Quando deu mais ou menos meia-noite, nós entramos. Mas nem sinal do Farinha e, para ser bem sincera, não estou fazendo

