II

2511 Words
A minha vez chegou e eu não estou nem um pouco ansiosa. Para causar uma má impressão apenas abri a porta do escritório sem bater, entrei e fechei a porta atrás de mim, sem muita cerimónia, mas ao invés de me repreender com o olhar como sempre faz, a diretora Velázquez segurou o riso com a minha atitude. Ela está mesmo de bom humor hoje. A senhora Vanklein e a moça que aparenta ser da minha idade, ainda estavam com o curto e gracioso sorriso delas no rosto, já o homem surreal de lindo, esta totalmente indiferente, me encarando de forma intimidante. - Sente-se querida! - disse a diretora Velázquez sorrindo, e apontando para a cadeira que ficava de frente para eles, e assim o fiz. - Olá Ashley! - diz a senhora ainda sem olhar para a minha cara e sim para um papel para se certificar que esse era o meu nome. Mas assim que o fala faz uma careta e olha-me rapidamente, juro ter visto ela perder-se no meu rosto por alguns uns instantes, de um jeito até estranho. Deve ser a cor do meu cabelo, eu suspeito que os outros interessados não me adotavam mesmo sendo uma bebé, que era o que a maioria procurava, por conta da cor deles. Ela então virou o seu olhar para a diretora por uns instantes, e a mesma assentiu positivamente com a cabeça para ela, como quem diz, prossiga. O meu olhar passeia por eles e acredito ter visto por uns instantes a mesma feição no rosto do filho dela. O que é isso? A mesma fecha os olhos e volta a encarar-me e pigarrea parecendo se recompor logo em seguida. - Então, Ashley. - ela pigarrea me encarando. - Eu sou a Katherine Vanklein e esses são os meus filhos, o meu esposo, não pôde estar presente infelizmente, mas saiba que amaríamos muito, adotar uma moça tal como você. - ela diz e eu só penso blá blá blá. Ela disse o mesmo para as outras meninas. Para quê iludir as pessoas, eles se divertem, não?! - Bem, vamos começar? - ela questiona agora sem retirar os seus olhos que me observam com uma certa intensidade. - O que você acha em ter uma família?- começando por uma questão i****a. Típico. - Se está a falar na família que somos aqui no orfanato, eu estou alegre por sermos unidos, gostarmos e apoiarmo-nos reciprocamente, porque deve saber que eu e a maioria das meninas aqui nunca tive outra família para além dessa aqui, para saber como é ter uma família normal. - a respondo querendo que isso acabe, o olhar da diretora se tornou emotivo por alguma razão e posso ver a mesma expressão no dela e no da filha. - O que foi? Algum problema? - pergunto vendo-a num tipo de transe facial. Vamos acabar com isso, por favor. - Ah, vamos continuar... - diz meio-pensativa e dessa vez olhando para mim como se as perguntas agora estivessem no meu rosto e não mais no papel. - Aqui deixam as alunas pintarem os cabelos?- que questionário chato hein! - Não. - digo cirúrgica. - Então você pintou o cabelo? - que questionário estranho é esse?! - Não, eu nasci assim, na verdade, nem sei como possuo esses fios azuis, mas a Velázquez disse-me que é uma questão genética. - digo para ela não me fazer mais perguntas em relação ao meu cabelo. Mas ao invés de ficar incrédula como qualquer outra pessoa, apenas sorri aparentemente animada. - Interessante. - ela diz. - Você fala alguma outra língua? - ela pergunta. - Eu falo fluentemente inglês, nós temos aulas e grego. - digo e ela está com umas expressões estranhas, todas elas. Parece que estão animadas ou algo assim, mas tentando omitir ou algo assim. - Eles ensinam grego aqui? - ela pergunta. - Não, apenas sei que sei. - respondo e ela e a Velázquez sorriem se encarando. - É ela Velázquez?! - diz a senhora Vanklein num subtom de questionamento a encarando esperançosa, parecendo desacreditada e sorrindo emocionada com a Velázquez, que assente e eu aqui boiando. Eu fiz o quê? - Eu o quê? - questiono confusa, e ela me olha com os olhos cintilando e não é brincadeira. - Você... você e a Ashley Vandunne minha querida! - exclama baralhando a minha cabeça, eu não estou a entender absolutamente nada, e desde quando eu tenho um apelido? E ainda por cima tão estranho quanto esse. O que está a acontecer? Eu retiro os meus olhos dela para a Velázquez atordoada. - Desculpa a minha lerdice, mas, o que é isso de Ashley Vandunne? - eu questiono. - O que está acontecendo afinal de contas? - questiono confusa. - Querida, você... esta sendo adotada pela Katherine. - diz a diretora Velázquez segurando as minhas mãos que estavam por cima da mesa. Enquanto eu tento encontrar a resposta no olhar dela. Vandunne, por acaso significa adotada na língua de ricos? E espera, por que mesmo eu estou a ser adotada? - Como assim, acabei de ser adotada e sou Ashley "Vandunne", ou melhor, o que é que se passa aqui? - digo alterada. - Querida, está tudo bem. - a Velázquez diz, acariciando o meu cabelo. As suas mãos são sempre frias, o que e bom porque a minha mente está a aquecer agora, tudo o que está na minha cabeça é confusão, o que está se passando? Qual é o critério para ser adotada por uma família assim, apenas falar línguas? Responder m*l? Por que o meu coração está falhando? - Senhor Vanklein. - o segurança chama o filho Vanklein, o seu tom de voz é grosso que chega a ser arrepiante. - O seu pai informou-nos que está tudo resolvido. - o mesmo assente e ele se retira logo em seguida. - Temos de ir, querida. - diz a senhora Vanklein se levantando. - Espera, eu não estou entendendo absolutamente nada, como assim precisamos ir? Eu nem sequer arrumei as minhas coisas. - eu digo. - Têm certos procedimentos seguintes para a adoção de alguém, sabiam? - eu questiono ridicularizada. - O que está a acontecer afinal? - questiono confusa, me levantando também. - Não se preocupe com isso, querida. - a senhora Vanklein diz e eu olho para a diretora Velázquez que assente positivamente com a cabeça. - Eu irei assim que possível para lá, e esclarecerei tudo para você. - ela diz e eu apenas assinto calmamente, tentando processar o que esta acontecendo. O segurança abriu a porta, a diretora Velázquez saiu com a senhora Vanklein e foram à frente e eu atrás de ambas, tentando descodificar o que acabou de acontecer. Vandunne, o que é isso? - Olá! - a moça da minha idade saúda, me tirando do meu transe. - Eu me chamo Amie, prazer.- diz a moça linda, sorrindo simpática para mim. - O meu nome é Ashley, e o prazer é meu. - digo tentando não ser rude com a moça, mas estou num momento de confusão e não necessariamente queria saber o nome de ninguém agora. - Meninas, a decisão já foi tomada, e a Ashley, foi adotada. - diz a diretora Velázquez sem o seu típico discurso, é como se ela estivesse com pressa e entusiasmada ao mesmo tempo, as meninas arregalam os olhos e depois sorriem para mim instantes depois, e parece que foi aí que a minha ficha começa a cair. - Ela tem de ir embora agora para sua nova família, por isso despeçam-se da irmã de vocês. - ela diz e todas elas vieram até mim, me abraçando e dizendo coisas fofas como: "Vamos sentir saudades. " "Se lembre de nós. " "Não nos esqueça. " "Seja feliz, nós te amamos." "O seu novo irmão mais velho é lindo demais, depois vem e me adota como cunhada!" E outras maluquices fofas e outras assanhadas, e a minha ficha está dizendo como vou sentir saudades e não serão poucas. Após despedir-me delas, ainda sem entender o porquê e como fui adotada, se eu fiz de tudo para despachar esse processo, e no final fui adotada da maneira mais estranha possível. Está tudo estranho, que não sei se estou confusa ou feliz! Chegamos lá fora e o guarda do orfanato abriu o portão, e deparo-me com um carrão enorme, que nos filmes diz-se ser uma limusina, ele é de cor preta e esbanja luxo, um dos seguranças, abriu a porta do carro para nós e eu apenas observo tudo em choque, e muito luxo para os meus olhos consumirem de uma só vez. Despedi-me relutante com um abraço da diretora Velázquez, eu estou com medo de ir, eu nunca cheguei até essa fase das coisas e nunca foi desse jeito, inusitado. Mas não pude fazer muito, então, após a despedir, me juntei a família Vanklein dentro do carro onde permaneci calada, durante um belo tempo, tentando encaixar o que aconteceu nos meus miolos. - Senhora Vanklein? - eu a chamo ao sair do meu transe. - Poderia... me esclarecer uma dúvida? - faço a questão e ela me olha com ternura. Apenas uma porque eu não posso assustar a minha... mãe adotiva. Que surreal! Eu fui realmente adotada. Eu estou confusa, mas a Velázquez não me entregaria a mim e nenhuma das meninas para qualquer família. - Querida, chama-me apenas de Katherine. - ela diz, me encarando e a sua voz é tão suave. - Ok, mas poderia me esclarecer a dúvida? - pergunto querendo saber logo a resposta da minha questão, curiosa. - Claro! - responde, me encarando aparentemente interessada pelo que eu tenho a questionar. - Porque eu? - questiono. - Por que me adotou? Qual é o seu interesse nas moças com a minha idade? O que é isso de Vandunne? - questiono de uma vez, com a minha mente perdida, clamando por respostas. - Eu prometo que esclarecerei todas as suas dúvidas, meu bem, assim que chegarmos eu a contarei tudo. - ela diz dócil, tanto quanto a Velázquez, porém, argh, não estou gostando disso. - Ashley do que você gosta? - a Amie me pergunta, alguns minutos depois quebrando o silêncio. - Não de muitas coisas. - eu a respondo. Ela quer puxar assunto comigo e eu estou enterrada na minha cabeça? - Sobre o que exatamente? - a questiono querendo que aja conversa, ela e simpática e assim eu me distraio das minhas questões. - Que tipo de roupas você gosta? - ela questiona obviamente aleatoriamente. - Eu acho que não tenho muita preferência, posso dizer que gosto tudo. Talvez prefira calças. - a respondo. - Não gosta de saias? - ela questiona. - Gosto, mas acho que acabo preferindo calças. - digo e ela assenti vagarosamente. - Ela é parecida comigo. - a Katherine diz divertida, me fazendo rir e a Amie revira os olhos sorrindo, elas estão tentando me incluir e isso deixa-me feliz. Inconscientemente, o meu olhar foi para o príncipe das fantasias! Que estava encerrando uma ligação aparentemente muito importante, pois desde que entramos no carro, até agora ele estava falando ao celular. E, meu Deus, eu nunca vi um homem é tão atraente em toda a minha vida, nem os fictícios, a maneira dele se sentar, a voz máscula dele, a maneira de falar, o olhar esverdeado dele, me faz sentir borboletas no estômago, como nunca senti. - Ashley, este é o Tyler, meu irmão. - A Amie diz, aparentemente eu o olhando demais. Foi quando o olhar esverdeado dele penetrou no meu, e simplesmente senti como se ele estivesse a ler até os meus pensamentos. Eu sinto que o meu coração vai saltar peito à fora. Eu já vi homens, sim, em caso estejam a perguntar-se só pelo orfanato ser feminino, mas nunca em toda a minha vida, tinha visto alguém assim, tão atraente como ele, ou como as pessoas dessa família, dá até vontade de me esconder e questionar do porquê eu não sou assim. - Olá! - o saúdo e a minha voz arrasta sem a minha autorização, e ele apenas dá um pequeno sorriso e assente discretamente com a cabeça, voltando ao que fazia. Ou seja, é totalmente indiferente a mim. - Bem, vocês terão muito tempo para se conhecer. - ela diz e eu assinto tirando o meu olhar dele. E viro-me para a janela, observando a rua, e noto que estamos a passar por uma rua cheia de mansões e carros luxuosos estacionados ao longo da estrada. . O que está a acontecer? Eu estou a sonhar? - Então eu vou estudar com você Amie? - a questiono, me virando bruscamente, antes que a minha mente fique confusa outra vez. Estou começando a ficar paranoica. - Sim, mas não presencialmente na faculdade. - ela diz e eu arqueio a sobrancelha me questionando, e aonde é que eu estudarei? - Vocês terão aulas particulares. Ao domicílio. - a Katherine diz e eu assinto, nem um tanto feliz, eu queria mesmo é ter aulas presenciais e conhecer novas pessoas, eu ficava apenas no orfanato. - Humn. - a respondo assentindo, e volto a brincar com a barra da saia do meu vestido impaciente para chegar e me liberarem os reais motivos dessa adoção, eu não ficarei tranquila até isso acontecer. - Nós já decoramos o seu quarto. - a Amie corta o silêncio animada. - Fizemos pessoal e especificamente para ti, esperamos que você goste! - e tudo fica mais estranho. Especificamente. - Obrigada, mas como vocês decoraram sem ao menos saber quem vocês haveriam adotar e se haveriam de fazê-lo? - a questiono, e pelo semblante neutro da Katherine, talvez eu devesse apenas pensar e não verbalizar o que eu estou pensando. - Nós levamos em conta o gosto da... - a Amie falava e a Katherine interrompeu-a lançando-lhe um olhar de advertência. Aniquilador, diria eu. - Imaginamos o que agradaria a uma moça da sua idade. - ela diz. - Você vai gostar, tem a sua cara. - conclui sorrindo com ternura para mim. - Claramente, tem tudo a ver com você.- a Amie conclui toda animada e eu me limito em assentir. Calma, Ashley... Fomos a conversar animadamente, e o senhor indiferente, m*l trocou palavras com ninguém, até a limusina parar. Chegamos! O motorista sai e abre a porta para nós. Chique. Saímos, e assim que os meus pés tocaram o chão, o meu olhar foi para frente sendo agraciado por uma mansão enorme, confundiria facilmente com um castelo, nunca vi nada igual. Tudo muito bonito, com detalhes específicos em todo o lado desde o jardim, até a arquitetura da mansão, com um estilo clássico-gótico e estranhamente moderno, fiquei sinceramente deslumbrada nunca tinha visto nada assim. E nem um sítio tão imenso, acho que o local é maior que todo o orfanato e mais uns três quarteirões. Sem exagero algum. A Velázquez informou que era uma família nobre e rica, mas eu não achei que fosse tudo nessa dimensão. Meu Deus, o que é tudo isso?
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