O Início

1628 Words
Eu nunca pensei que a minha vida chegaria a esse ponto. Que eu me casaria com um homem que me odeia, ou que eu me submeteria a um contrato que me aprisiona. Mentiras, segredos, impulsos... Eu me arrependo de quase tudo o que fiz, tudo o que não fiz, de tudo o que deixei acontecer… Ou não estaria aqui, agora, deitada nessa cama sendo acusada, mais uma vez, de algo que eu não fiz. Descobrindo da pior maneira como é o homem com quem me casei. — É dinheiro que você quer? — Ele me agarra com força pelos braços e me joga na cama, pressionando o seu corpo contra o meu. Ele me encara com seus olhos sombrios enquanto segura os meus pulsos. — Ou não consegue manter sua roupa no lugar por muito tempo? Sexo ou dinheiro, duas coisas que mulheres como você sempre estão atrás. — Me solta, Noah, você está me machucando. — Você ainda não viu nada, Ava! Eu te avisei para não brincar comigo e o que você faz? Fica cheia de segredos, agindo como uma vagabunda, sem me dar uma satisfação. Típico de uma p**a! — Ele grita e se aproxima, ficando a poucos centímetros da minha boca. — Me solta! Você sabe que não pode me tocar, nós temos uma claus… — f**a-se a cláusula, Ava,não é isso que você quer? Um homem que te f**a? Já que não consegue ficar sem se comportar como uma p**a, vou te dar o que você quer, exatamente como deve ser. Vamos consumar esse casamento de uma vez, e quem sabe assim você para de tentar me fazer passar vergonha. — Noah, por favor… — Digo com a voz embargada enquanto sinto as lágrimas escorrerem pelo canto dos meus olhos — Me solta, não faz isso, por favor! "Algumas semanas antes…" Termino o meu terceiro drink e entrego o copo para que o barman me sirva outro, enquanto tento me manter concentrada numa conversa com a minha amiga. Por mais que eu tente, os problemas que vem me afligindo tomam conta dos meus pensamentos, fracassando a minha tentativa de ter vindo até aqui para me esquecer de tudo. O barman me entrega a minha bebida e eu resisto a vontade de virá-la toda de uma vez, desde a minha última ressaca que tive, aprendi que o álcool não irá entorpecer o desespero e a preocupação que sinto constantemente. Se isso acontecesse, eu certamente teria virado uma alcoólatra irresponsável nesses últimos três meses. Sorrio calorosamente para o barman que retribui o sorriso e se afasta, enquanto tento voltar a minha atenção para Emma. — Ava! — Emma me chama ao estalar os dedos na frente do meu rosto, me chamando a atenção — Viemos para curtir a nossa noite, mas estou ficando entediada ao vê-la tão dispersa. — Me desculpe, amiga, mas está tão difícil me esquecer de tudo. O problema com a minha mãe, a traição do Liam… — Você sabe como resolver isso, a solução está sob o seu nariz, mas você insiste em querer fugir. — Se a solução for o meu pai, esqueça! Não vou me humilhar novamente para o meu pai, Emma, você sabe que desde que optei por ficar do lado da minha mãe, ele deixou claro que não me dará nenhum centavo além do meu salário. — E é justo deixar a sua mãe correr risco de vida por isso? — Emma passa uma das mãos nas minhas costas ao ver os meus olhos marejados — Como você irá resolver isso? — Eu não sei, pensarei em alguma solução ao decorrer da semana. Enfim, vamos nos esquecer… — Interrompo a minha fala quando vejo um dos meus principais problemas, dançando alegremente na pista de dança com a mulher que ele me traiu — É sério isso? — Eu não acredito que ele tenha essa coragem, Ava! Meu Deus, não faz nem uma semana que você descobriu a traição dos dois. — Enquanto eu estou aqui, sofrendo, ele sequer se lembra que eu existo — Solto um longo suspiro enquanto me viro de costas para eles e termino a bebida do meu copo — Mas isso vai mudar hoje, vou mostrar a ele que não estou afetada com o que ele fez. — Ou fingir, até acabar perdoando-o novamente, não é? Ava, você precisa entender que não existe somente o Liam no mundo — Ela revira os olhos — 20 anos e só dormiu um homem na vida, que tédio! Anda, vamos dançar e tentar mudar isso! Emma termina a sua bebida e me puxa para o outro lado da pista de dança, onde deixamos nossos corpos se mexerem de forma sexy ao acompanhar o ritmo da música. A quantidade de álcool que bebi faz com que eu ignore completamente a presença do Liam, e me sinto tão confiante que noto os olhares dos homens ao redor. — Boa noite, senhorita, me pediram para entregar isso — Um dos garçons interrompe a minha dança e cochicha ao me entregar um pedaço de papel — Com licença. — O que está escrito aí? — Bem — Leio mentalmente o que está escrito antes de falar para a Emma — Linda dama de vermelho, se continuar a dançar dessa forma irá despertar a inveja das outras mulheres. Que tal dar a chance delas brilharem também? Tenho certeza que a senhorita precisa de uma bebida, então venha ao meu encontro, no bar. — Eu te disse que esse vestido chamaria a atenção de qualquer pessoa! — Emma fala num tom animado enquanto olho para o bar e logo encontro um homem alto, aparentando ter por volta dos 24 anos, cabelos curtos e escuros e um lindo sorriso, levantando o copo para mim — O que está esperando? — Eu não vou lá, não quero termin… — Ah, mas você vai, Ava! — Ela me interrompe e me vira para onde o Liam está sentado, trocando beijos ardentes — Esqueça da sua vida certinha por algumas horas e vá se divertir, amanhã é um novo dia e você nem se lembrará do que aconteceu aqui hoje! — Emma sorri e me empurra para que eu vá até o bar. Dou alguns passos tímidos quando noto o homem me olhando fixamente ao ver que estou me aproximando. Sinto as minhas mãos suando pelo nervosismo, mas decido seguir o conselho da Emma e me sento, de forma sexy, ao lado do homem. — Boa escolha! — Ele sorri enquanto chama o bartender — Outro whisky e a senhorita vai beber um… — Dry Martini, por favor. — Prefere bebidas amargas, senhorita…? — Que tal sem nomes? Você me ofereceu uma bebida, mas isso não quer dizer que seremos íntimos. — Gostei disso, mas como devo chamá-la então? — Ele se aproxima e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Tive uma ideia, senhorita misteriosa. Que tal a primeira letra do seu nome? — Que tal o sobrenome? — Você é bem exigente, mas te darei a chance de escolher novamente. — Pode me chamar de senhorita M., Senhor…? — Tento sorrir de forma sedutora quando o bartender entrega a minha bebida. — Pode me chamar de Senhor E. Dou um gole no Dry Martini e conversamos aleatoriamente durante algum tempo. Quando me sinto tonta, provavelmente pelos três drinks que consumi em sua companhia, decido que está na hora de encerrar esse jogo de sedução. — Obrigada pela bebida, Sr E., mas preciso ir, a minha amiga está me esperando. — Acho que a senhorita está errada — Ele dá um gole em seu whisky e aponta para uma das mesas onde Emma está aos beijos com um homem — Por que não tornar a nossa noite interessante? Não nos conhecemos, sequer sabemos os nossos verdadeiros nomes… — Ele se aproxima e me dá um beijo nos meus lábios — Tenho certeza que não irá se arrepender, senhorita M. Senhor E. abre um sorriso malicioso ao percorrer o olhar em mim, e em segundos decido deixar de lado toda a minha timidez, indo ao contrário do que geralmente faria. Após pagar a conta ele me oferece a mão, me conduzindo para a saída da boate até chegarmos em frente a uma Lamborghini Aventador. Assim que ele entra no hotel mais luxuoso da cidade, sinto uma pontinha de curiosidade para saber quem é esse homem, e começo a me arrepender sobre a ideia de estar na companhia de um completo desconhecido. — Eu preciso de um banho. Falo quando entramos na suíte e nem espero a resposta dele. Encaro o meu reflexo no espelho por alguns minutos, ouvindo metade de mim gritar para aproveitar a noite nos braços desse homem lindo e irresistível, enquanto a outra metade me aconselha a pedir um táxi e ir embora. Quase conseguindo enxergar o anjo e o d***o, um em cada lado dos meus ombros. Retiro a minha roupa e entro para o banho, deixando a água levar o pouco de nervosismo que ainda sinto. Mesmo de costas ouço a porta do banheiro se abrir, e alguns breves minutos a porta de vidro se abre, me dando uma visão do corpo perfeitamente esculpido do homem. — Ainda melhor sem roupa, senhorita M. — Ele diz com a voz rouca e me envolve em seus braços. — Posso dizer o mesmo, senhor E. Uma onda de eletricidade percorre por todo o meu corpo e se concentra entre as minhas pernas, assim que sinto os lábios dele tocarem nos meus, seguido de sua língua pedindo passagem. Quando desejo toma conta de nós dois, ele rapidamente me pega no colo sem se importar com nossos corpos molhados e me deita na cama, me proporcionando a melhor noite da minha vida.
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